por Marco Maculotti
(2019)
Jacques Bergier (1912-1978) - jornalista, escritor e engenheiro francês, nascido numa família de judeus russos - é mais conhecido pela sua escrita a quatro mãos com Louis Pauwels “O Amanhecer dos Magos: Introdução ao Realismo Fantástico” (1960), um compêndio a meio caminho entre uma obra de ficção científica distópica e um tratado esotérico capaz de unir, de forma mais ou menos coerente (e, sobretudo, bastante fascinante), temas limítrofes tão distantes uns dos outros, como a alquimia, as civilizações desaparecidas, o nazismo esotérico, o socialismo mágico, a horrível mitopoiese de H.P. Lovecraft e Arthur Machen, a Terra Oca e as teorias teosóficas de Madame Blavatsky.
A "via" que Bergier, "divulgador científico, perito em narrativas do Imaginário, cientista ‘de esquerda’ que havia participado na Resistência e tinha estado nos campos de concentração alemães", propôs seguir foi precisamente o do chamado "Realismo Fantástico" (ou "Mágico"): um novo método de investigação em que o conhecimento científico mais avançado (incluindo a física quântica) estava destinado a se fundir com antigos corpora sapienciais, muitas vezes de natureza secreta e iniciática (pense nas vertentes alquímica, hermética e teosófica), bem como com os estudos fortiani sobre o paranormal e a ficção científica de escopo cósmico do novo século. Do ponto de vista de Pauwels e Bergier, como escreve Gianfranco de Turris:
"Não havia diferença substancial entre teorias e hipóteses sustentadas na ensaística científica e nas histórias da imaginação: tudo podia ser colocado no mesmo nível... Além disso, mais ou menos abertamente, eles sustentavam a tese de uma espécie de ‘complô mundial’ que, desde tempos imemoriais, buscava impedir tais ligações e, portanto, a descoberta de novas verdades, a fim de manter a humanidade em níveis cognitivos inferiores.”
Este último é um tema que Bergier tratou sobretudo em sua obra “Os Livros Malditos”, onde ele chega a postular a existência de uma seita de "Homens de Preto" tão antiga quanto a própria civilização, que por milhares de anos tem sido usada para ocultar, queimar e retirar de circulação certos textos considerados particularmente prejudiciais pelas implicações que poderiam fazer surgir na mente dos leitores mais exigentes. Estes enigmáticos "Homens de Negro", que conceitualmente são muito pouco distintos dos famosos Men in Black trazidos à atenção do público norte-americano por ufólogos e também por Hollywood, teriam planejado entre outras coisas a destruição da Biblioteca de Alexandria, inspirado a Santa Inquisição em sua tristemente famosa "caça às bruxas", persuadido os chefes de Estado a ilegalizar as sociedades secretas, promovido a censura, ordenado a prisão de gênios e inovadores e finalmente formulado o chamado "segredo iniciático", que se violado pode até levar à imolação nas mãos dos confrades e superiores.