por Robert Steuckers
(2016)
O que os cientistas políticos querem dizer quando falam sobre “piropolítica”? Há duas fontes a serem exploradas para entender o que querem dizer; primeiro, é necessário investigar todo o mundo da teologia política, incluindo o pensamento de Juan Donoso Cortés sobre o liberalismo, o socialismo e o catolicismo (o último sendo visto como a própria Tradição) e, é claro, deve-se estudar minuciosamente a tese central de Carl Schmitt, que prova que todas as ideias políticas possuem um fundo teológico; segundo, é necessário levar em consideração a percepção de Schmitt da política mundial como uma batalha entre os elementos básicos, como a Terra e a Água. A política real, chamada em alemão genuíno como "das Politische", é necessariamente atrelada à Terra, continental, e o homem político que é realmente eficiente é um tipo de geômetra romano que organiza o território sob sua jurisdição simplesmente medindo-o.
Após as duas derrotas alemãs, em 1918 e 1945, a Terra não é mais o elemento central da política mundial, sendo substituída pela Água. Assim, nasce a nova dialética subversiva e destruidora de Land und Meer, ou Terra e Mar, em que a Água alcança a vitória no final. O diário de Schmitt, Glossarium, editado postumamente, insiste com veemência nos efeitos destruidores da “hidropolítica” norte-americana, vitoriosa e conquistadora do mundo. “Pyros” significa “fogo” em grego e representa, de acordo com Michael Marder (citado abaixo), mais um elemento básico, combinando não só a ideia de uma chama voraz e ardente, mas também os correspondentes “luz” e “calor”. Embora Schmitt reduza as possibilidades da política a dois elementos (Terra e Água), isso não significa que o Fogo ou o Ar não existam e não tenham um papel, mesmo que menos perceptível.