27/10/2017

Aleksandr Dugin - As Raízes da Identidade

por Aleksandr Dugin



Para que analisemos mais corretamente uma série de novas tendências políticas relacionadas ao crescimento do fator identitário, sugiro a seguinte abordagem metodológica, que explica os três níveis da identidade coletiva nas sociedades:

1. Identidade difusa:

A maioria esmagadora dos membros de uma sociedade possui este tipo de identidade como uma percepção vaga, geralmente subconsciente, da unidade de pertencimento a um povo, uma história, um Estado, uma linguagem e religião. A identidade difusa quase nunca domina a vida cotidiana, sendo secundária, ou mesmo terciária, em relação à identidade individual. É comum que aqueles que possuem uma identidade difusa deem prioridade ao próprio "eu", ao conforto, aos sentimentos e à segurança seguido pelos de familiares e amigos – e somente depois vem um vago entendimento a respeito de sua pertença a uma determinada sociedade ou povo (ao invés de a outro). Em circunstâncias normais, a identidade difusa não requer ações específicas e é percebida de maneira fraca: seus portadores podem até não ter noção de seus conteúdos e estruturas. 

Ela só emerge em casos excepcionais: guerras, conflitos, cataclismos políticos ou, às vezes, sob a forma de uma vitória da pátria em eventos desportivos ou em alguma outra conquista significativa. A identidade difusa não impulsiona a pessoa a pertencer a um determinado partido e pode se exprimir através de cosmovisões e de ideologias muito distintas.

25/10/2017

Aleksandr Dugin - Qual é o Sentido da Vida?

por Aleksandr Dugin



O sentido da vida está em superar os seus limites.

Eu penso que vida é dinâmica. A vida exige de todos que estão em sua esfera de influência a superação dos seus limites. Realidade como presença é uma realidade morta, ou como imobilidade, é o domínio da morte. Realidade enquanto tarefa é o domínio da vida. É por isso que eu penso que o significado da vida está em superar todas as barreiras, em todas as direções. Há apenas uma coisa, e isso é um truísmo, toda criatura minúscula, até mesmo uma molécula, pode superar algo. A questão é, a superação em todas as direções, no modelo de uma esfera (a verdadeira superação), e há a superação unidimensional, uma trajetória mais geral, mais popular, mas a superação está em todo lugar. Eu penso que só a superação esférica e ininterrupta é a verdadeira.

11/10/2017

Alessio Mulas - Política, Liberalismo e Violência: Walter Benjamin e Carl Schmitt

por Alessio Mulas



Tornou-se célebre a carta que, em 1930, Walter Benjamin escreveu a Carl Schmitt. Omitida por Adorno na primeira edição dos Gesammelte Schriften, mas publicada mais tarde por Jacob Taubes, a carta tinha como objetivo informar ao advogado de que seus estudos, em particular Die Diktatur, lhe haviam sido de grande ajuda. [1] Mais além das relações pessoais, é interessante ver como dois pensadores nas antípodas haviam encontrado involuntariamente pontos de convergência de valor notável, e sobre estes pontos se centrará nossa breve análise. Ainda que a teoria política que se conhece com o nome de comunitarismo seja uma via pouco comentada, o certo é que as diversas formas que ela encarna tem como alvo polêmico comum o liberalismo. Para formular uma crítica comunitária é necessário, portanto, examinar a relação do direito e da política com a violência, tema dissimulado pelo liberalismo, mas que afeta à política em sua essência. É o terreno sobre o qual les extrême se touchent.