01/06/2011

Nacionalismo em Marcha

Por Ernst Jünger

Nós auto-denominamo-nos nacionalistas – uma palavra que nos foi consagrada através do ódio à populaça inculta, aos pedantes e a um exército de oportunistas e farsantes. O que é odiado, o que é rechaçado pelas superficiais correntes do progresso, do liberalismo e da democracia, tem pelo menos a vantagem de não ser comum. Nós não exigimos o comum. Nós rechaçamos o culto das verdades comuns, dos direitos humanos comuns, das obrigações comuns, do direito ao voto comum, da baixeza comum – consequência última de tudo o que é comum. As características e as exigências comuns, são as características e as exigências das massas. Quanto mais comum é algo, menor é o valor que contém. Rever-se e apoiar-se nas massas, equivale a acreditar que a força do próprio peso é um mérito em si e não das leis da gravidade. A ideia de valorizar a Humanidade como o bem mais alto e puro, equivale a considerar que a essência do indivíduo é unicamente a sua pertença a uma determinada espécie de mamíferos. O comum é contado e pesado, o particular é valorizado e apreciado. A vontade comum significa ser incapaz de encontrar um valor específico em si mesmo, por si mesmo. Significa, na melhor das hipóteses, ter razão objectivamente, intelectualmente, cientificamente, comummente… A vontade particular, significa ser a medida de si mesmo, sentir a própria responsabilidade, reconhecer a própria força espiritual. O nacionalismo moderno, o sentimento básico de um novo género de homem cansado até ao vómito da oca fraseologia da Ilustração, quer o particular. Ele não quer massa e extensão, mas sim o que permanece mais profundamente próprio interior: vigor espiritual. Ele não quer demonstrar os seus direitos mediante estudos científicos como faz o marxismo, mas antes demonstrá-los com a sua própria existência, queira ou não a ciência. Ele não quer uma meticulosa medição de peso e medida dos seus direitos, mas somente o Direito que possui a vida para viver, e que forma uma unidade inquebrantável, de destino, com a sua própria existência. Ele não quer o domínio das massas, quer, isso sim, o da Personalidade, cuja ordem se define no conteúdo dos valores interiores e da energia viva. Ele não quer nenhuma igualdade, vazia de justiça e liberdade, que só fundamenta exigências, sem sentir a sorte de se ser o que se é. O nacionalismo moderno tão pouco se rege por alguma ideia de independência que vagueie pelos espaços vazios, nem um qualquer “espírito livre” prefere, pelo contrário, o firme compromisso. Ele não quer o socialismo das exigências, mas o do dever: o socialismo de um mundo duro e estóico, em que cada um esteja disposto a sacrificar-se pelos demais. A mãe deste novo nacionalismo é a Grande Guerra. O que literatos ou intelectuais escrevam sobre ela não tem para nós qualquer interesse. A guerra é o resultado do sangue: aqui pouco importa o que os homens tenham para dizer sobre ela. O tristemente famoso manifesto pacifista dos literatos, não conseguirá eliminar a Guerra nem o que esta criou. É quanto muito uma bandeira ao vento, dependente da brisa que sopre em cada ocasião. Aquele que procure mesurar a guerra com uma maior ou menor superficialidade, tem um interesse unicamente psicológico. O núcleo da juventude alemã não viveu a guerra nos cafés nem em cómodos escritórios. Ele pode ter estado no Inferno, porém, é próprio da alma fáustica não sair com as mãos vazias nem sequer do Inferno. Barbuse, o intelectual pacifista francês, pode ter visto ali o que quiser, mas nós vimos aquele fogo dantesco com uma intensidade infinitamente maior.

Nós não voltamos dali com um mero niilismo. Acima do poder da matéria, manifestou-se-nos o poder da Ideia. Para além do horror das vítimas, reconhecemos o verdadeiro valor do homem e da força do seu posto. Mais claramente que as vermelhas chamas do fogo da guerra, vimos brilhar a luz da Vontade. Granadas, nuvens de gás, veículos blindados, tudo isto pode ser essencialmente brutal e cobarde, para nós é unicamente a aparência externa, o tétrico pano de fundo de que um novo homem, uma nova visão, havia nascido. Mais, assistimos a este nascimento em todos os povos da Europa, pois a guerra não só afectou os alemães. Este novo nacionalismo não é um fenómeno que se limite apenas à Alemanha. Em todas as partes vemos, diferenciada pelas características de cada povo, aquela força, força nascida do sangue, que exige novas formas. Alegremo-nos todos, gritemos uns aos outros “Sede fiéis ao que sois!”, pois nós preferimos viver num mundo cheio de sentido a viver numa papinha movediça, sem carácter, sem forma e sem personalidade. Porém, acima de tudo devemos recordar: que a guerra nos tocou da forma mais dura. É necessário um tempo para tomar consciência, após termos sido ofuscados daquela maneira pelo mais horrendo, no entanto, devemos esperar, que, passando o tempo, cresça a semente, e a nossa colheita será a mais rica. A guerra é a nossa mãe, ela gerou-nos no ardente regaço das trincheiras como uma nova raça, e nós reconhecemos com orgulho a nossa origem. Daí que os nossos valores sejam heróicos, os valores do guerreiro e não os do tendeiro que pretende medir o mundo com o seu diminuto padrão. Nós não queremos o útil, nem o prático, nem o cómodo, senão o necessário: aquilo que o Destino exija. O soldado alemão chegou da frente, está desfilando. Direita, esquerda, e ao centro. Concedamos tempo às colunas para definir a direcção da marcha, cada um para si mesmo. Acabará por acontecer que todos iremos em direcção ao mesmo ponto. A nossa bandeira não é vermelha, tampouco negra, vermelha e dourada, nem negra, vermelha e branca, a nossa bandeira é a bandeira de um novo grande Reich, que nasceu dos nossos corações e que somente desde eles pode ser cosida. Chegará o dia, em que poderá ondear livremente. A nossa tradição comum é a guerra, o grande sacrifício. Permaneçamos conscientes sobre o sentido desta tradição.

Neste escrito, no qual te saúdo como irmão, companheiro de luta e amigo, e ao qual se seguirão muitos mais escritos, ficam abarcados os quatro pilares do nacionalismo moderno. Eles correspondem à atitude de uma juventude que não é doutrinária, tão pouco liberal nem reaccionária, e que também recusou a mentalidade dessa revolução de demagogos e charlatães. Esta juventude conquistou a consciência, nas paragens mais horrendas do mundo, mundo esse em que os velhos caminhos já acabaram, sendo hora de abrir novos. Nós saudamos aquele sangue que não se queimou na luta, mas que se transformou em brasas e fogo. O que aí não foi destruído, está à altura de qualquer luta. Nós saudamos os que vêm, aqueles que serão unidos pela profundidade dos velhos rigores. A marcha está a caminho, em breve as linhas convergirão numa só e imparável coluna. Nós saudamos os mortos, cujos espíritos permanecem nas nossas consciências. Não, não podem ter morrido em vão. Alemanha, saudamos-te!