por RTSG
(2022)
"O ápice da existência"
Quando a Primeira Guerra Mundial eclodiu, nasceu na Europa um novo sentimento de euforia. Para muitos intelectuais, parecia ser a morte do marxismo e do materialismo histórico; foi o triunfo do espiritual sobre o econômico, um evento de uma escala nunca antes vista no mundo. Descrevendo a atmosfera em Viena com a notícia do início da guerra, o escritor austríaco Stefan Zweig observou que “Como nunca antes, milhares — centenas de milhares — sentiram o que deveriam ter sentido em tempos de paz: que pertenciam a uma grande nação... Cada um foi chamado a lançar seu eu infinitesimal na massa incandescente e ali ser purificado de todo egoísmo. Todas as diferenças de classe, religião e idioma foram apagadas pelo grande sentimento de fraternidade... Cada indivíduo experimentou uma exaltação do seu ego;... ele era parte do povo, e sua pessoa, até então insignificante, foi investida de significado.” Nenhum povo sentiu isso mais intensamente do que os alemães; como Max Weber, que dificilmente era um espiritualista, observou famosamente que, embora a guerra pudesse ser uma questão de contabilidade para os franceses, “qualquer um de nós com tal objetivo para a guerra não seria alemão; a existência alemã, e não o lucro, é o nosso objetivo na guerra.” Para os alemães, essa guerra não poderia ser reduzida à esfera econômica, como fazia a análise marxista; ao contrário, tratava-se de uma guerra espiritual, não de interesses econômicos, mas da própria alma da nação alemã. Esse sentimento profundamente místico entre o povo alemão seria posteriormente cunhado por Thomas Mann como Kriegsideologie, ou a ideologia da guerra.