por Alain de Benoist
(1994)
Ao examinar a história política europeia, constata-se imediatamente que a Europa foi o palco da elaboração, desenvolvimento e confronto de dois grandes modelos de unidade política: a nação, precedida e, de certa forma, preparada pelo Estado real, e o Império. Compreender o que os distingue, e particularmente identificar os traços específicos da ideia de Império, pode contribuir para lançar luz sobre o seu presente.
Recordemos, antes de tudo, alguns dados. Rômulo Augústulo, o último imperador do Ocidente latino, foi deposto em 475. Subsistiu, então, apenas o Império do Oriente. No entanto, parece que, após o desmembramento do Império do Ocidente, nasceu uma nova consciência unitária. A partir do ano 795, o papa Leão III data suas bulas não de acordo com o reinado do imperador de Constantinopla, mas sim com o de Carlos, rei dos francos e patrício dos romanos. Cinco anos depois, no dia de Natal do ano 800, Leão III impõe em Roma a coroa imperial sobre as têmporas de Carlos Magno. É a primeira renovatio do Império, que obedece à teoria da translatio imperii, segundo a qual o Império que ressuscitou em Carlos Magno é a continuação do Império Romano, pondo fim às especulações teológicas inspiradas na profecia de Daniel, que previa o fim do mundo após o fim do quarto império, ou seja, após o fim do Império Romano, que havia sucedido os impérios da Babilônia, da Pérsia e de Alexandre.