21/06/2024

Daria Dugina - O Platonismo Político do Imperador Juliano

 por Daria Dugina

(2018)



Resumo


Este artigo aborda a realização da filosofia política do neoplatonismo do imperador Flávio Cláudio Juliano. Seu reinado não foi uma tentativa de restaurar ou restabelecer o paganismo, mas sim uma metafísica e temas religiosos completamente novos, que não se encaixavam nem com o Cristianismo, que ainda não tinha adquirido uma plataforma política sólida, nem com o paganismo, que estava rapidamente perdendo seu antigo poder. A categoria central da filosofia política de Juliano é a ideia de um "mediador", o "Rei Sol", que encarna uma forma e uma função metafisicamente necessárias para o mundo, como o "filósofo-governante" de Platão, que conecta os mundos inteligível e material.

Seguindo o princípio platônico de homologia entre o metafísico e o político, Juliano vê o Sol como um elemento da hierarquia universal, que fornece um vínculo entre o mundo inteligível e o material, assim como a figura política do governante, o rei, que na filosofia política de Juliano se torna o tradutor das ideias. Juliano se torna o tradutor das ideias no mundo não iluminado, que está distante do Uno.

O objetivo principal deste trabalho é reconstruir a filosofia política do imperador Juliano e encontrar seu lugar no panorama do ensino neoplatônico. O breve, mas ilustre, reinado de Juliano foi uma tentativa de construir uma Platônia universal baseada nos princípios do Estado de Platão. Muitos dos princípios desenvolvidos na filosofia política de Juliano acabariam sendo absorvidos pelo Cristianismo, substituindo o antigo edifício da Antiguidade.

20/06/2024

Alberto Buela - Nova Ordem Mundial ou Hispanidade

por Alberto Buela

(2020)




Há um velho adágio na filosofia que diz: Distinguir para unir. E neste caso queremos previamente distinguir entre nova ordem mundial e hispanidade, para depois ver em que se vinculam e em que não. É por isso que substituímos a conjunção copulativa "e" pela disjuntiva "ou" no título deste artigo.

Nova ordem mundial


É sabido que historicamente podemos falar do início da nova ordem mundial a partir da denominada "Revolução Mundial" - que abrangeria a Reforma tanto quanto a Revolução Francesa, a Revolução Bolchevique e a Revolução tecnocrática. Assim o fizeram, entre outros, Christopher Dawson, Julio Meinvielle, Vintila Horia, Gustave Thibon, e, aqui em Córdoba, os Albertos Caturelli e Boixiados.

Mas a nova ordem mundial contemporânea nasce no final dos anos 80 com o fato emblemático da queda do Muro de Berlim e, no início dos anos 90, com a implosão da União Soviética e a mensagem de George Bush (pai) ao parlamento norte-americano sobre a necessidade da construção de um mundo único. Como consequência desse projeto, surgem a teoria do derrame na economia, a "guerra preventiva" na ordem militar, a democracia neoliberal na política, o multiculturalismo nos terrenos da educação e cultura, a new age como alternativa à religião e o homem light nos campos da antropologia e filosofia.

19/06/2024

Alain de Benoist - O Que é o Racismo?

 por Alain de Benoist

(1999)


Para combater o racismo é preciso saber o que ele é, o que não é uma tarefa fácil. Atualmente, a palavra "racismo" tem tantos significados contraditórios que assume a aura de um mito e, portanto, é difícil de definir. A seguir, tentaremos definir a ideologia racista, independentemente de quaisquer considerações sociológicas. A primeira dificuldade decorre do fato de o racismo ser um Schimpfwort: um termo com conotações pejorativas, cujo uso inevitavelmente tende a ser mais instrumental do que descritivo. O emprego do adjetivo "racista" envolve o uso de um epíteto poderoso. Pode ser uma difamação destinada a desqualificar aqueles a quem o termo é dirigido. Chamar alguém de racista, mesmo que a acusação seja intelectualmente desonesta, pode ser uma tática útil, seja para paralisar com sucesso ou para lançar suspeitas suficientes para reduzir a credibilidade. Essa abordagem é comum em controvérsias cotidianas. Em nível internacional, o termo pode adquirir um significado e um peso que não escondem sua verdadeira natureza e propósito.[1] Devido a uma certa afinidade, o "racismo" pode ser usado como correlato de uma série de outros termos: fascismo, extrema direita, antissemitismo, sexismo etc. Hoje em dia, a recitação quase ritualística desses termos geralmente implica que são todos sinônimos e que qualquer pessoa que se enquadre em uma dessas categorias pertence automaticamente a todas elas. O resultado final é reforçar a imprecisão do do termo e desencorajar uma análise significativa.