por Naif al Bidh
(2024)
Seguindo a biologia, a mineralogia é provavelmente a segunda disciplina mais influente na filosofia da história de Spengler. A partir dela, o autor toma emprestada a noção de pseudomorfose, um fenômeno em que um mineral sofre uma substituição total por um mineral estranho, o que eventualmente leva a uma formação falsa. Isso geralmente ocorre quando fissuras e fendas aparecem nas camadas, permitindo que a água infiltre e remova o cristal ou mineral original, deixando para trás apenas a forma do respectivo mineral. Após erupções vulcânicas, o magma permeia as rachaduras e eventualmente cristaliza em novos minerais, resultando em uma formação falsa, onde a forma do mineral original permanece, mas é substituída por um mineral estranho. O resultado final é uma forma distorcida, onde a estrutura interna não tem nenhuma ligação orgânica com a forma externa. A partir disso, Spengler cunha o termo "pseudomorfose histórica" para descrever casos em que uma cultura madura sobrepuja uma cultura mais jovem de maneira hegemônica, a tal ponto que a cultura emergente luta para crescer e realizar seu potencial, propósito, destino e alma. O tema da tragédia desempenha um papel crucial dentro da narrativa de Spengler, e provavelmente não há outro conceito que reflita melhor esse elemento trágico nos escritos de Spengler do que a noção de pseudomorfose, como iremos demonstrar. Também é importante acrescentar que, através de sua concepção de pseudomorfose, Spengler reafirma sua posição como um historiador que rejeita qualquer abordagem eurocêntrica da história mundial, adotando uma posição de relativismo cultural. Finalmente, a beleza da pseudomorfose histórica é que ela encarna a simpatia que Spengler possuía por muitas culturas não ocidentais, uma vez suprimidas pelas correntes hegemônicas de uma cultura estrangeira mais antiga, agarrada à vida por desespero.