18/02/2020

Alain de Benoist – Oswald Spengler: Uma Introdução

por Alain de Benoist

(2011)



Em 1925, André Fauconnet pôde escrever: "Depois do fim da guerra mundial, nenhuma obra filosófica na Europa Central teve um impacto comparável à de Spengler"[1]. A afirmação não é exagerada. A publicação do primeiro volume do “Declínio do Ocidente”, em abril de 1918, poucos meses antes do fim da Primeira Guerra Mundial, teve o efeito de um trovão[2]. A resposta na Alemanha, em particular, foi fenomenal, como evidenciado pelo número de livros e brochuras publicados em resposta, comentário, elogio ou crítica. Uma das razões para este sucesso, como Ernst Cassirer observou, foi sem dúvida o título do livro, que tinha sido inspirado a Spengler por um livro de Otto Seeck publicado no final do século XIX[3].

Fortemente criticado por Heinrich Rickert e Otto Neurath[4], chamado de "porco trivial" (triviale Sauhunde) por Walter Benjamin e "Karl May da filosofia" por Kurt Tucholsky, Spengler foi saudado por Georg Simmel, a quem enviou uma cópia do seu livro, como o autor da "filosofia da história mais importante desde Hegel", o que não foi um pequeno elogio[5]. O livro também causou grande impressão em Ludwig Wittgenstein, que aprovou o pessimismo de Spengler, bem como as principais linhas de seu método, no economista Werner Sombart e no historiador Eduard Meyer que, após uma discussão de cinco horas com o autor do “Declínio do Ocidente”, tornou-se seu admirador e amigo[6]. Max Weber ficou menos impressionado, mas mesmo assim convidou Spengler para falar em seu seminário de sociologia na Universidade de Munique, em dezembro de 1919. Quanto a Heidegger, que frequentemente cita Spengler, mas nunca lhe dedicou um estudo exaustivo, ele deu uma palestra em abril de 1920 em Wiesbaden sobre “O Declínio do Ocidente”[7].

A idéia central do livro, que se insere na tradição tanto da Kulturkritik alemã como na do "pessimismo cultural", é que a humanidade não tem mais objetivo pré-estabelecido, ideia orientadora, plano organizacional do que as "tem a orquídea ou a borboleta". A humanidade é "um conceito zoológico, ou então uma palavra vazia" ("Die Menschheit hat kein Ziel, keine Idee, kein Plan, so wenig wie die Gattung der Schmetterlinge oder der Orchideen en Ziel hat. ‘Die Menschheit’ ist ein zoologischer Begriff oder ein leeres Wort")[8]. É por isso que Spengler fala quase sempre de Weltgeschichte ("história mundial"), não de Universalgeschichte ("história universal"). Não há, portanto, "história da humanidade" no sentido de um processo homogêneo. Há apenas histórias separadas correspondentes às várias culturas, cujo desenvolvimento e declínio obedecem às mesmas leis. "Para ele, como escreve Lucian Blaga, a cultura é um verdadeiro organismo, dotado de uma ‘alma’ específica, radicalmente diferente da alma individual de cada um dos homens que constituem a coletividade"[9].


Em uma famosa página do “Declínio do Ocidente”, Spengler se compara a Copérnico. Tal como este último tinha abandonado a posição geocêntrica a favor do heliocentrismo, ele propõe abandonar o eurocentrismo que até agora tem dominado. Ele distingue, portanto, oito grandes culturas humanas, entre elas a cultura árabe (ou "magiana"), cuja descoberta ele reivindica. A alma da antiguidade grega é definida como "apolínea", a da cultura ocidental como "faustiana". A alma faustiana tem como símbolo o espaço tridimensional infinito; a alma apolínea, o corpo isolado (o espaço limitado); a cultura russa, a planície ilimitada; a cultura chinesa, o caminho na natureza, e a cultura árabe, o espaço em arco[10].

Paul Valéry declarou em 1919: "Nós, civilizações, sabemos agora que somos mortais"[11]. Isto também é o que Spengler afirma com força. Rejeitando a divisão convencional entre Antiguidade-Medievo-Modernidade, ele distingue três períodos principais na vida das culturas, correspondentes ao nascimento, ao desenvolvimento histórico e à velhice seguida da morte. Assim como as plantas ou as espécies animais, as grandes culturas dispõem de uma morfologia que anda de mãos dadas com um desenvolvimento interior que segue sempre as mesmas fases: nascimento, maturidade, velhice e morte. A repetição destes estilos não tem nada a ver com o Eterno Retorno de que fala Nietzsche; é antes um memento finis no sentido de uma inevitável imanência do fim: "Há um crescimento e uma velhice das culturas, povos, línguas, verdades, deuses, paisagens, como dos carvalhos, pinheiros, flores, ramos, folhas, jovens e velhos [...] Cada cultura tem suas possibilidades de novas expressões que germinam, amadurecem, fenecem e desaparecem sem retorno"[12]. As culturas existem em seu estágio mais elevado quando a alma que as carrega lhes dá (e se torna ela mesma) uma forma. Uma nação define-se como um povo movido pelo estilo de uma cultura: "Völker im Stil einer Kultur nenne ich Nationen".

"Uma cultura morre quando a alma realizou a soma total das suas possibilidades", escreve Spengler[13], propondo assim uma visão entelequial da história. Toda verdadeira tradição porta seu próprio fim em si mesma: a imanência do fim é a condição sine qua non da história. Essa é também a base da concepção trágica de vida. Quando a tradição e a "alma" perdem sua potência, soa a hora da civilização, que é também o tempo do declínio. Na civilização, a vida social concentra-se nas grandes cidades, onde as multidões anônimas já não têm qualquer possibilidade de "ser-em-forma" (In-Form sein)[14]. O urbanita desenraizado da era das cidades mundiais ("Weltgeschichte ist Stadtgeschichte") define-se como um novo nômade. Assim como para Klages, o intelecto abstrato é essencialmente destrutivo da vida[15]. Outra característica das civilizações moribundas é que elas são, precisamente, acima de tudo, temerosas da morte: "A morte é melhor que a escravidão", dizem os antigos camponeses frísios. Invertam este aforismo e tereis a fórmula de todas as civilizações tardias"[16]. A transição do estágio da cultura àquele da civilização ocorreu no século IV para o mundo gregolatino, no século XIX para a cultura ocidental. Com efeito, a Europa começa a declinar no preciso momento em que a ideologia do progresso e as filosofias optimistas (Count, Spencer, Marx) estão em plena vigência. No Ocidente, a civilização é sociologicamente identificada com a dominação da burguesia, politicamente com a vitória do parlamentarismo e dos partidos, economicamente com a predominância do dinheiro. O "declínio do Ocidente" coincide com o que Walter Rathenau chamou de "mecanização do mundo" e Kurt Breyzig, a "mecanização da alma". Depois vem a era do "cesarismo" - ilustrada tanto por Lênin como por Mussolini - que é também a era do imperialismo, do materialismo, da supremacia da técnica, da tecnocracia e da manipulação pela imprensa. O Ocidente está a estender a sua dominação por todo o mundo, mas já não é a sua cultura que ele exporta. É a sua civilização.

Oswald Spengler foi obviamente influenciado por autores como Herder, Bachofen, Burkhardt, Schopenhauer, Haeckel, Vaihinger, Bergson, Dilthey e Karl Lamprecht. É provavelmente necessário acrescentar Vico, embora ele nunca o cite, e especialmente Leo Frobenius, cuja teoria dos "círculos culturais" obviamente alimentou as suas ideias sobre a "alma" das culturas. Mas as duas influências mais decisivas sobre ele foram as de Goethe e Nietzsche. Em seu prefácio ao segundo volume do “Declínio do Ocidente”, Spengler especifica que ele toma emprestado do primeiro seu método, e do segundo seu questionamento.

É neste segundo volume que a influência de Nietzsche aparece mais claramente, especialmente quando Spengler distingue entre "fatos" e "verdades", sendo estas últimas, em sua opinião, apenas construções teóricas não relacionadas à vida. Spengler endossa também a oposição de Nietzsche, em “Além do Bem e do Mal” (1886), entre a "moralidade dos senhores" e a "moralidade dos escravos", sendo esta última assimilada a uma "moralidade da utilidade" baseada num espírito de vingança e ressentimento. Ele concorda com a afirmação de Nietzsche: "Bom e ruim são distinções de nobre, bem e mal são distinções de sacerdote", que ele comenta nestes termos: "O pior é sem honra, lá onde o bem soberano é sem pecado"[17]. Ele ainda compartilha com Nietzsche a ideia de que a vida é sempre superior ao intelecto, que ela não conhece nenhum sistema, nenhum programa, nenhuma razão - e também a ideia de que não há verdade absoluta. Mais tarde, pegou frequentemente emprestado à crítica nietzscheana da moralidade para estigmatizar a República de Weimar ou para denunciar o niilismo, mas por vezes também se distanciou (não foi convencido, por exemplo, pela figura de Zaratustra)[18].

Através da perspectiva organicista e morfológica que ele abre sobre a história, Spengler também busca uma direção de pensamento inaugurada por Goethe. Para ele, o estudo da história é o oposto do estudo da natureza. Não é o mesmo método. A história, dominada pela fatalidade irreversível, deve ser apreendida de forma "fisionômica", que é a única maneira de ver que a história de uma cultura é semelhante ao desenvolvimento espacial e temporal de um organismo. Spengler opõe assim a "fisionomia" à causalidade, porque a civilização, sujeita ao reino da causalidade, já não tem uma história; à lógica da causalidade, ele opõe a lógica do destino. "A consideração da história - o que eu chamo de tato fisionômico - é a decisão do sangue, o conhecimento dos homens estendido ao passado e ao futuro, o sentido inato das pessoas e das situações, do que era evento, necessário, o que tinha que existir, e não apenas uma crítica científica e o conhecimento das datas”. O caráter de uma cultura, em outras palavras, não pode ser entendido como uma construção estática, mas como um processo de interação dinâmica com fatores internos e externos. Para usar a famosa distinção de Dilthey, Spengler não procura explicar, mas entender a história. É por isso que restaura a nobreza da analogia - amplamente utilizada na antiguidade - e mais particularmente da analogia orgânica[19]. Como Hegel antes dele, opondo "experiência vivida" (erleben) ao conhecimento abstrato (erkennen), ele adverte contra a aplicação de métodos quantitativistas a coisas vivas, sejam aqueles da "teoria racial" ou da epistemologia científica. E é claro que é o estudo "fisionômico" de outras culturas, que já completaram o seu ciclo, que lhe permite profetizar sobre o futuro do Ocidente.

Do Ocidente, não da Europa. Oswald Spengler rejeita o último termo: "Oriente e Ocidente são noções que possuem uma substância histórica real. A Europa é apenas uma palavra vazia", explica no início do primeiro volume do “Declínio do Ocidente”. Ele costuma escrever "Europa" com aspas, além disso, considerando que a Europa deixou de ser um conceito geográfico após as transformações que Pedro o Grande trouxe à Rússia no século XVIII. Esta escolha pode constituir uma surpresa, uma vez que o "Ocidente" parece associar a Europa e os Estados Unidos sob o mesmo título (que também perdeu o seu significado geográfico). Mas deve ser lembrado que, na época, a palavra Abendland, "Ocidente", estava em uso comum nos círculos católicos e conservadores, enquanto Europa era usada principalmente por socialistas e liberais.

Quanto à palavra "declínio", ela deve ser devidamente apreciada. Em alemão, Untergang tem o significado de "crepúsculo", mas também "maturação" ou "cumprimento" (Vollendung). O próprio Spengler diria que Untergang não evoca para ele a imagem de um naufrágio transatlântico, mas sim a de um vasto e grandioso sol poente, uma comparação bem-vinda já que, etimologicamente, o Ocidente é a terra do sol poente[20].

No entanto, a imagem do "declínio do Ocidente" não deixou de ser usada para perpetuar a crítica feita a Spengler de sustentar uma doutrina marcada pelo "fatalismo" e, sobretudo, pelo "pessimismo"[21]. Esta acusação é bem fundamentada? Spengler quer ser acima de tudo um "realista", e o pessimismo que ele reclama é muito diferente do "pessimismo covarde das alminhas cansadas que temem a vida e não suportam ver a realidade"[22]. Ele o explicou longamente num texto publicado em 1921, pouco antes da publicação - em 20 de maio de 1922 - do segundo volume do “Declínio do Ocidente”[23].

Desde o início, Spengler rejeitou a acusação de pessimismo, "um insulto com o qual anciãos eternos perseguem qualquer pensamento que se destine apenas aos pioneiros de amanhã". Certamente ele dirá que o optimismo é apenas covardia ("Optimismus ist Feigheit"), que não há redenção a esperar, nem esperança a cultivar: só os sonhadores acreditam que há uma saída [24]. Mas um pessimismo real significaria que não há mais objetivos a alcançar. Pelo contrário, Spengler pensa que o homem ocidental ainda tem tantos objetivos que é o tempo que provavelmente vai faltar. Ainda que corresponda ao estágio final de nossa cultura, a fase que estamos vivendo hoje permanece grandiosa: é "aquela que o mundo antigo experimentou no intervalo entre Cannae e Actium". Por conseguinte, não há razão para desespero. Tudo o que é necessário é uma correspondência entre os esforços que fazemos, os objetivos que estabelecemos para nós próprios e as possibilidades do momento histórico em que vivemos. As possibilidades arquitetônicas da Europa foram, sem dúvida, esgotadas. Não haverá mais Goethe, nem Shakespeare, nem Botticelli, nem Wagner. Mas haverá novos Césares, como previsto por um desconhecido autor francês do século XIX[25]. Qual será o seu papel? Em primeiro lugar, será acabar com a política partidária e, ao mesmo tempo, com a "ditadura do dinheiro": "A espada conquistará o dinheiro, a vontade do senhor subjugará novamente a vontade do pirata". Isto implica reposicionar a política como um equilíbrio de poder: "Um poder só pode ser destruído por outro, não por um princípio, e não há outro poder contra o dinheiro".

Spengler, portanto, de modo algum defende a renúncia, o ascetismo negativo em face do inevitável kali-yuga. Nem se contenta, como Evola, com "cavalgar o tigre". Ele não professa o desespero romântico de um Gobineau. Ser "pessimista" sob o pretexto de que a nossa cultura se aproxima do seu fim é não querer mais viver sob o pretexto de que um dia morreremos. Spengler também aponta que se há um determinismo global que pesa sobre a cultura, não há determinismo individual. O homem tem sempre a possibilidade de permanecer fiel à sua ideia de si mesmo. Um "viés vital" é sempre possível. Isto é o que Spengler chamará a "escolha de Aquiles": "É melhor viver uma vida curta, plena de ação e brilho, do que uma existência prolongada mas vazia" ("Lieber ein kurzes Leben voll Tat und Ruhm als ein langes ohne Inhalt")[26]. Por que, nestas condições, devemos esperar antes de empreender? O homem de qualidade não empreende porque pode ter sucesso. Ele empreende porque tem de empreender. Conhecemos a máxima de Guilherme, o Taciturno, e também o belo lema hanseático: Navigare necesse est, vivere non est necesse [“Navegar é preciso, viver não é preciso”]. Aqui, é obviamente necessário citar as páginas finais de “O Homem e a Técnica”: "Devemos prosseguir com coragem, até o limite fatal, o caminho que nos foi traçado. Não há alternativa. O nosso dever é inserirmo-nos nesta posição insustentável, sem esperança, sem possibilidade de reforço. Segurem-se ao exemplo daquele soldado romano cujo esqueleto foi encontrado diante de uma porta de Pompeia e que, durante a erupção do Vesúvio, morreu no seu posto porque não tinha sido aliviado. Isso é uma coisa nobre. Essa é das grandes. Um fim honroso é a única coisa com que não se pode frustrar um homem”. Em última análise, a ética terá a última palavra: "Aquele que é digno de alguma coisa acabará por triunfar". Até em sua aparente rigidez, o sistema spengleriano é, portanto, pelo menos para as almas fortes, um remédio para o pessimismo. Isto é o que Keyserling observa, mas não o aprecia, dizendo desta rigidez que, "satisfazendo plenamente a parte do ser que reivindica predestinação e irracionalidade, ele apenas estimula ainda mais o seu desejo de liberdade de se implantar em ação"[27]. A memória finita que subjaz à filosofia da história de Spengler é também a base de uma ética heroica - na medida em que nenhum projeto pode ir além dos limites estabelecidos pela história.

Do mesmo modo, quando defende o "prussianismo"[28], Spengler refere-se, antes de qualquer outra coisa, a um estilo - a ética do dever, baseada na impessoalidade ativa e num sentido de honra - e não uma pertença histórica ou um lugar de nascimento. É também neste sentido que ele contrasta o "socialismo ético", de caráter "romano-prussiano" (römisch-preußisch), com o "socialismo econômico", ou seja, o marxismo, que é apenas um "capitalismo de baixo" (Kapitalismus von unten). O "socialismo prussiano" que ele defende é um socialismo de deveres, não de reivindicações. Não se trata tanto de uma doutrina econômica como de um estilo de vida, baseado sobretudo no serviço e na conduta, no estilo impessoal e no espírito comunitário. Tanto para os indivíduos como para os povos, é uma questão de ficar "em forma" através de um princípio. Bem, a liberdade interior só se realiza na disciplina e no serviço: "Tal é a nossa liberdade: é ela que nos liberta do jugo do individualismo e da sua economia arbitrária"[29]. O socialismo prussiano deve ser guiado pela vontade de poder da alma faustiana, que procura moldar a massa para dar-lhe um estilo. A Prússia é, portanto, para Spengler um "mito" ideológico ainda mais do que uma realidade histórica: há "prussianos" por toda parte. É nesta base que Spengler denuncia o liberalismo ("a Inglaterra interior") e o capitalismo ("a dominação do dinheiro"): "Cada um por si, isto é inglês; todos por todos, isto é prussiano" ("Jeder für sich: das ist englisch; alle für alle: das ist preußisch")[30]. Mas é também a razão pela qual alguns autores de esquerda têm consistentemente representado o "socialismo prussiano" como uma forma simples de imperialismo que ataca o capitalismo financeiro apenas para melhor preservar os privilégios do capitalismo industrial, sem ver que este não é menos explorador e predador do que o outro[31]. Ao que Spengler responde que é antes o marxismo que não foi capaz de se afastar o suficiente dos fundamentos econômicos do capitalismo liberal, a prova sendo que "o grande movimento que usa a fraseologia de Marx fez depender, não os empreendedores dos seus trabalhadores, mas ambos do mercado de ações"[32].

*

Uma história completa da recepção da obra de Spengler ainda não foi escrita. Estamos bem informados para a Alemanha, Itália, França, Espanha, Romênia. Alguns ensaios também foram publicados na Suécia e na América Latina[33]. No campo anglossaxônico, foi a não recepção que prevaleceu até agora[34], mas sabemos que Spengler teve uma influência considerável sobre historiadores como Arnold J. Toynbee - por vezes apelidado de Spengler da Segunda Guerra Mundial - ou sociólogos como Pitirim Sorokin[35]. Henry Kissinger, por sua vez, declarou-se repetidamente fascinado pelas teses de Spengler, que foram também objeto da sua tese de doutoramento[36].

Do outro lado do Atlântico, o interesse em Spengler foi reavivado mais recentemente pelo debate sobre o "choque de civilizações" aberto por Samuel Huntington em seu famoso artigo publicado em 1993 na revista “Foreign Affairs”, seguido três anos depois por um livro de sucesso. Os dois autores foram então frequentemente comparados[37]. No entanto, esta comparação atingiu rapidamente os seus limites. Se é verdade que Huntington, sob o triplo patrocínio de Arnold Toynbee, Oswald Spengler e Fernand Braudel, procura opor a ideia de pluralidade do mundo à da civilização universal, que o leva a distinguir nove grandes centros de "civilização", o autor americano de modo algum assimila culturas a organismos e não acredita por um momento que elas estejam necessariamente destinadas ao declínio e à morte. Além disso, como a maioria dos anglossaxões, ele ignora amplamente a oposição de Spengler entre cultura e civilização, mesmo que use a expressão "círculos culturais"[38].

Na França, Oswald Spengler está longe de ser um estranho. Originalmente publicada em 1931-33, a tradução francesa do “Declínio do Ocidente”, de Mohand Tazerout[39], foi regularmente reimpressa pela Gallimard, primeiro em 1943 e depois a partir de 1948. Marcel Brion, entre outros, fez uma revisão complementar no “Le Monde” (11 de outubro de 1949). Ao longo das décadas, ela tem sido seguida por traduções de “Anos Decisivos” (1934), “O Homem e a Técnica” (1958), “Escritos Históricos e Filosóficos – Pensamentos” (1979), “Prussianismo e Socialismo” (1986). A maioria dos textos políticos (Politische Pflichten der deutschen Jugend, 1924, Neubau des Deutschen Reiches, 1924, Die Wirtschaft, 1924, Der Staat, 1924, Politische Schriften, 1932, etc.) permanecem inacessíveis ao público francês não germanófono, assim como aos escritos póstumos (Urfragen, 1965, Frühzeit der Weltgeschichte, 1966), a correspondência (Briefe, 1913-1936) e, claro, os inéditos. Quanto aos poucos livros dedicados em francês a Spengler, publicados por editores marginais ou pouco conhecidos, quase nunca chegaram ao grande público[40].

Os historiadores franceses têm sido geralmente muito reservados em relação a Spengler, mesmo que o tenham lido cuidadosamente e o comentado[41]. Uma das razões desta hostilidade latente é, sem dúvida, o caráter profundamente germânico das categorias spenglerianas, que se choca de frente com algumas das certezas da tradição francesa "liberal". No entanto, houve algumas exceções. A fecundidade do pensamento de Spengler para a análise das culturas árabes foi reconhecida por Hichem Djaït[42]. Autores como Julien Freund e Gilbert Durand assumiram alguns elementos da sua ciência política. E Raymond Aron, na sua “Em Defesa da Europa Decadente”, não deixou de mencionar, a propósito de Spengler e Pareto, a persistência deste pensamento ao qual ele próprio não subscreveu: "À margem da ideologia dominante, a do progresso, sobrevive nas sombras uma outra filosofia da história, acusada de opróbrio, por vezes amaldiçoada, que denuncia os ídolos modernos, anunciando a decadência..."[43].

Mas a influência de Spengler também se exerceu de maneira indireta e mais sutil. Percebemos o seu eco, aparentemente, na teoria dos "campos epistêmicos" de Michel Foucault, ou mesmo no estruturalismo de Lévi-Strauss, ou na teoria das "esferas" de Peter Sloterdijk. Em um artigo publicado em 1983, Jacques Bouveresse mencionou esta influência sobre a ideologia estruturalista e pós-estruturalista (Michel Foucault, Paul Veyne, Gilles Deleuze) e tirou a conclusão - muito desagradável aos seus olhos - de uma forte atualidade do pensamento do autor do “Declínio do Ocidente”[44].

De todas as críticas feitas a Spengler, aquelas dirigidas ao seu "pessimismo" são provavelmente as menos bem fundamentadas: o importante não é se a sua filosofia da história é "desesperadora", o que não passa de um juízo subjetivo, mas se ela corresponde à realidade. Outras críticas, como as relativas ao seu estatismo rígido, à importância excessiva que atribui aos grandes homens, ao seu uso abusivo da analogia, à forma como subestima a plasticidade da natureza humana, ou como legitima a "captura" do mundo ("der Mensch ist ein Raubtier", escreveu em “Anos Decisivos”, o que não deixa de evocar a "besta loira" de que falava Nietzsche), merecem certamente um exame mais aprofundado.

Além disso, as contribuições da Spengler são consideráveis. A sua intuição fundamental da descontinuidade do tempo histórico e da irredutibilidade das culturas humanas provou ser de grande fertilidade, o que parece justificar a opinião de Tazerout de que este "postulado de descontinuidade" constitui a "única hipótese viável para um conhecimento científico dos fenômenos da história". O grande mérito de Spengler é que ele desafiou radicalmente o mito de uma história linear única, o mito de uma "história singular" que se desdobraria, segundo um processo regido pela ideia de "progresso", rumo a um fim necessário, segundo um significado (no duplo sentido deste termo) globalmente irreversível. Spengler mostra a natureza objetivamente absurda das noções de "progresso da humanidade", de passado radicalmente "ultrapassado" e definitivamente isolado do presente, de um futuro necessariamente "radiante". Ao mesmo tempo, desafia a concepção bíblica de tempo histórico. Consequentemente, na medida em que rejeita a historiografia clássica, que reduz a história ocidental ao esquema de Antiguidade-Medievo-Modernidade, lança as bases para uma análise histórica aberta, envolvendo, com o fim do universalismo histórico, o fim do etnocentrismo. Já não se trata de julgar todas as culturas de acordo com critérios ocidentais. Rompendo com o pensamento "ptolemaico", Spengler reabilita culturas asiáticas e orientais. Celebra a civilização árabe, constantemente caluniada por uma Igreja necessitada de reconquista. Sublinha a importância e a grandeza das culturas da América pré-colombiana erradicadas pelo catolicismo hispânico. Além disso, ao sublinhar com alegria a "alma dos povos", a permanência dos temperamentos nacionais, mas também as suas pseudomorfoses, insistindo no estilo que "molda povos, nações e culturas", no aspecto sincrônico da história ainda mais do que no seu aspecto diacrônico, ele aparece como precursor do estudo moderno das estruturas e das mentalidades.

Teórico do movimento nacional alemão e representante exemplar da Revolução Conservadora, Spengler, como Adorno observou, foi também um dos primeiros a expressar preocupações que estão agora a surgir de todos os lados. Sua crítica à "civilização" como fase terminal da cultura, que está em linha com a oposição de Ferdinand Tönnies entre sociedade e comunidade, sua análise da "cidade mundial", suas diatribes contra o "espírito mercantil" (Krämergeist) e o capitalismo, sua denúncia do "serialismo" - subcultura jornalística - e da ditadura da mídia, testemunham a sua oposição resoluta a uma sociedade caracterizada pelo consumo e pelo espetáculo, pela hipertrofia urbana, pelo quantitativismo, pelo crescimento selvagem, pela predominância dos valores de mercado e por uma racionalidade sem alma que, tornando-se o seu próprio fim, se estabelece gradualmente numa base universal. O futuro do Ocidente, diz Spengler, é o pensamento organizador devorando a realidade orgânica, a obsessão com a eficiência esgotando o mundo, a degradação do desejo de superar-se no produtivismo desenfreado, a extensão do nivelamento igualitário e a ditadura do dinheiro, o triunfo do utilitarismo e do egoísmo individual, finalmente a escravidão da opinião e a alienação das consciências pela difusão de padrões de referência que atraem as mentes cada vez mais para o mais espetacular, superficial e inferior. O declínio do Ocidente, deste ponto de vista, é apenas mais um nome para decadência - isto é, para aquele momento em que, como se diz em “O Homem e a Técnica”, "todas as coisas vivas agonizam no afã da organização", enquanto "um mundo artificial penetra e envenena o mundo natural", e a própria civilização torna-se uma "máquina que faz ou tenta fazer tudo mecanicamente".

Durante a sua existência, Spengler testemunhou três revoluções: a revolução bolchevique russa de 1917, a revolução socialista alemã de 1918-20 e a revolução nacional-socialista de 1933. A análise que ele fez em 1933, em “Anos Decisivos”, reflete-se nesta experiência. Neste livro, Spengler procura elucidar o significado e o alcance de duas novas revoluções cujos desenvolvimentos futuros ele antecipa: a "Revolução Mundial Branca" (weiße Weltrevolution) e a "Revolução Mundial dos Povos de Cor" (farbige Weltrevolution). A primeira é a revolta das massas urbanizadas contra as elites governantes. Segundo ele, leva ao colapso de todas as estruturas orgânicas, de todas as velhas formas de autoridade, em benefício, não de novas formas, mas de uma desintegração generalizada do corpo social. A segunda, mencionada já em 1924 no discurso proferido aos estudantes de Würzburg, consiste no questionamento pelos povos de cor da hegemonia ocidental. Estas duas revoluções estão destinadas no futuro a se tornar uma, porque, diz Spengler, o proletariado desenraizado dos países ocidentais poderia muito bem formar uma aliança com as massas políticas do Terceiro Mundo.

Diante desse duplo movimento que está emergindo em escala global, a opinião de Spengler é que o nacional-socialismo é incapaz de lidar com ele, e que, além disso, desconhece o que está em jogo. Essa inconsciência vem do fato de que ele não tem, em relação ao desenvolvimento histórico, esse "tato fisionômico" que permite saber em que estágio se encontra a cultura ocidental, e também do fato de que, diante de uma revolução mundial, ele continua a raciocinar de forma insular. Na verdade, para a cultura ocidental, o tempo do renascimento acabou. Nem é tempo para "melhoradores do mundo" (Weltbessererer), demagogos plebeus, mas para Césares frios, impessoais, "prussianos". O tempo é para o "realismo heroico", para a defesa desesperada das posições conquistadas.

Esta análise é obviamente bastante ambígua. Spengler tem certamente o mérito de prever uma evolução das relações mundiais que, no seu tempo, estavam longe de ser óbvias. Observa que as potências emergentes - os Estados Unidos, o Japão, a Rússia, o Terceiro Mundo - não são potências europeias, e está ciente das consequências que daí advirão. Os povos brancos, disse ele, "negociam hoje aquilo que comandavam amanhã, e terão que lisonjear amanhã para poder negociar”. Nos Estados Unidos, ele vê um dinossauro político - corpo enorme, cérebro minúsculo - com uma classe dominante "espiritualmente primitiva" (geistig primitive) cuja história representa um trágico desvio do espírito faustiano para valores quantitativos, utilitários e comerciais: "A vontade de poder faustiana está lá, mas um movimento mecânico e sem alma substituiu o desenvolvimento orgânico e vivo". Convencido, como Danilevski, da antinomia radical entre as almas ocidental e eslava, ele também previu um grande futuro "religioso" para a Rússia: se o império russo conseguir superar a "pseudomorfose petrina", poderia ser, a seu ver, o início de um futuro ciclo cultural. A partir das afinidades profundas que podem, para além do que os separa, unir a Rússia e os Estados Unidos, ele vê também a emergência de coligações - aquilo a que hoje chamaríamos a política dos blocos - que constituem o pior perigo que pode ameaçar a Alemanha e a Europa. Por fim, ele prevê o envelhecimento das populações europeias e recorda-nos de bom grado que a taxa de natalidade é também um fator político.

Por outro lado, os seus pontos de vista sobre a "revolução mundial dos povos de cor", sem cair ao nível de um Madison Grant ou de um Lothrop Stoddard, permanecem bastante imprecisos. Spengler já prevê a descolonização, mas não há nele a simpatia política por movimentos anticolonialistas que se encontra em um Ernst Niekisch, um Gregor Strasser ou um Ernst Reventlow, mas também, entre os Jungkonservatives [Jovens Conservadores], em um Karl Hoffmann, diretor dos arquivos do Politische Kolleg[45]. Ele também pode ser criticado por ver no Terceiro Mundo uma entidade homogênea, que geralmente se oporia a um "Ocidente" igualmente unitário. Este erro, é verdade, não deixou de ser cometido até hoje pelos autores de todas as opiniões. A aliança descrita por Spengler como provável, se não inevitável, entre o proletariado ocidental e o Terceiro Mundo não deixa menos espaço para reflexão - mesmo que, na era das lutas anticoloniais, tal perspectiva possa ter se cristalizado esporadicamente. Constatamos também que Spengler ignora completamente a questão das relações entre a China e a Rússia. Quanto à evolução das sociedades ocidentais, ele não previu a ascensão do reformismo ou o enfraquecimento "consensual" da luta de classes. Engana-se também quando anuncia a desintegração próxima do sistema parlamentar e partidário em todo o mundo: o período que se seguiu à Segunda Guerra Mundial não foi caracterizado pelo declínio dos partidos e pela ascensão dos "Césares", bem pelo contrário. Há ainda uma certa contradição entre sua crítica muito forte à "ditadura" da mídia e o fato de que ele parece ter por possível a existência de um poder que não precisaria recorrer a ela.

Constantemente descrito como um "profeta do declínio", Oswald Spengler realmente merece ser lido hoje acima de tudo como o autor de uma filosofia profundamente original da história, que pode não predizer automaticamente o futuro (como isso seria possível?) mas que, ao ajudar a entender melhor o passado, também ilumina nosso presente.

NOTAS E REFERÊNCIAS

1 - André Fauconnet, Un philosophe allemand contemporain: Oswald Spengler, le prophète du “Déclin de l’Occident”, Félix Alcan, 1925, p. V.
2 - Spengler começou a escrever seus livros em 1911. Quando ele estava trabalhando no rascunho do prefácio à segunda edição, em 1917, ele seguia negando a possibilidade da derrota alemã.
3 - Otto Seeck, Geschichte der Untergang der antiken Welt, Siemenroth u. Worms, Berlin 1895.
4 - Cf. Heinrich Rickert, Das Philosophie des Lebens. Darstellung und Kritik der philosophischen Modeströmungen unserer Zeit, Mohr, Tübingen 1920; Otto Neurath, Anti-Spengler, Callway, München 1921.
5 - Cf. Oswald Spengler, Briefe 1913–1936, C.H. Beck, München 1963, pp. 109 and 114. A Decadência do Ocidente é provavelmente o último livro que Simmel pode ler antes de morrer. O próprio Spengler parece exibir a influência, pouco comentada, de Simmel. Cf. Galin Tihanov, “Europäische Identität – Simmel, Spengler, Freyer”, em Sezession, Albersroda, octobre 2004, pp. 42–45; “Ideas of Europe in Twentieth-Century Germany: from Simmel to Spengler and Hans Freyer”, em Jerónimo Molina (éd.), “Liber Amicorum” ofrecido a Günter Maschke, n° edição especial da revista Empresas políticas, Murcia, 10–11, 2008, pp. 135–151. No entanto, essa influência é por vezes negada (cf. Manfred Schröter, Metaphysik des Untergangs, Leibniz, München 1949, p. 87).
6 - Cf. Anton Mirko Kotanek, Oswald Spengler in seiner Zeit, C.H. Beck, München 1968, pp. 72 and 349; Eduard Meyer, “Spenglers Untergang des Abendlandes”, em Deutsche Literaturzeitung, 1924, pp. 1759–1780 (texto de uma conferência dada ao congresso de historiadores alemães em 1924). Spengler conheceu Meyer em 1923, Durante sua morte, em 1930, ele disse que Spengler talvez fosse o único homem no mundo a entendê-lo.
7 - A noção heideggeriana de Ge-Stell parece ter a impressão das caterogias de pensamento spenglerianas. Cf. Ad Verbugge, “Heimkehr des Abendlandes. Nietzsche und die Geschichte des Nihilimus im Denken von Spengler und Heidegger”, em Alfred Denker, Marion Heinz, John Sallis et al. (Hg.), Heidegger und Nietzsche, Karl Alber, Freiburg/M. 2005, pp. 222–238. No entanto, na questão tecnológica, os dois autores divergem. Para Heidegger, a tecnologia é apenas metafísica realizada (a dominação e o sequetro da totalidade do ser pela subjetividade humana), enquanto Spengler, em Homem e a Técnica (1931), faz dela uma ferramenta que, colocada a serviço da alma faustiana, permitiria reconexão com um certo otimismo de poder.
8 - Le déclin de l’Occident, vol. 1, Gallimard, Paris 1948, p. 33.
9 - Lucian Blaga, “Oswald Spengler et la philosophie de l’histoire”, em L’être historique, Librairie du Savoir, Paris 1991, p. 183.
10 - Para Blaga, que também desenvolveu uma teoria de campos estilísticos, o símbolo da cultura romena é “espaço espiritual ondulante”.
11 - Paul Valéry, Œuvres, vol. 1, Gallimard-Pléiade, Paris 1957, p. 988.
12 - Le déclin de l’Occident, op. cit., vol. 1, p. 33.
13 - Ibid., vol. 1, p. 114.
14 - Cf. Carl E. Schorske, “La ville dans la pensée européenne: de Voltaire à Spengler”, em Politiques, 3, Summer 1992, pp. 157–186.
15 - No entanto, Klages rejeitava política e história como produtos mentais, enquanto Spengler manteve-as em alta consideração, associando-as à vontade de poder.
16 - Le déclin de l’Occident, op. cit., vol. 1, p. 33.
17 - Ibid., vol. 1, p. 114.
18 - Cf. John Farrenkopf, “Nietzsche, Spengler, and the Politics of Cultural Despair”, em Interpretation, 1992, 2, pp. 165–174; Frits Boterman, “Zur Frage der deutschen Kultur. Oswald Spengler und Friedrich Nietzsche”, in Hans Ester and Meindert Evers (Eds.), Zur Wirkung Nietzsches, Königshausen u. Neumann, Würzburg 2001, pp. 125–137.
19 - Sobre o apreço por analogias, Robert Musil ironicamente relembra que sua maneira de fazê-lo “lembra um zoologista classificando cachorros, cadeiras, mesas e equações do 4º grau como quadrupedes” (“Esprit et expérience. Remarques pour des lecteurs réchappés du déclin de l’Occident”, em Essais, Seuil, Paris 1984, p. 100). Cf. Also Hans Meyer, Die Funktion der Analogie im Werk Oswald Spenglers, author, Freiburg 1976.
20 - Cf. Peter Logghe, “Ondergang van het Avondland. Het decadentiebegrip bij Spengler en Evola”, em TeKos, Wijnegem, 2nd trim. 2004, pp. 3–12.
21 - On Spenglerian pessimism, cf. Michael Pauen, Pessimismus. Geschichtsphilosophie, Metaphysik und Moderne von Nietzsche bis Spengler, Akademie, Berlin 1997, pp. 181–210.
22 - Oswald Spengler, Années décisives, Copernic, Paris 1980, p. 50.
23 - Intitulado “Pessimismus?”, esse texto foi primeiramente publicado em Preußischer Jahrbücher (1921, pp. 73–84), direcionado ao jovem conservador Walter Schotte. Foi então objeto de impressão separada, no formato de panfleto (Pessimismus?, Georg Stilke, Berlin, 1921), antes da republicação em Reden und Aufsätze (C.H. Beck, München 1937, pp. 63–79).
24 - Années décisives, op. cit., p. 179.
25 - M.A. Romieu, L’ère des Césars, 2e éd., Ledoyen, Paris 1850.
26 - L’homme et la technique, Gallimard, Paris 1958.
27 - Hermann von Keyserling, Figures symboliques, Stock Delamain et Boutelleau, Paris 1928.
28 - Oswald Spengler, Preußentum und Sozialismus, C.H. Beck’sche Verlagsbuchhandlung Oskar Beck, München 1920.
29 - Prussianité et socialisme, Actes Sud, Arles 1986, p. 52.
30 - O tema da Inglaterra concebida como “o outro da Alemanha” também foi desenvolvido por outros autores, começando por Werner Sombart (Händler und Helden, Duncker u. Humblot, München-Leipzig 1915) e Max Scheler.
31 - Cf. For example Theodor Schwarz, Irrationalisme et humanisme. Critique d’une idéologie impérialiste, L’Age d’Homme, Lausanne 1993, pp. 30–33.’
32 - Le déclin de l’Occident, op. cit., vol. 2, p. 371. Para Spengler, que criticava Marx por ter se limitado a substituir a guerra de raças pela luta de classes, o marxismo é “eine Abart des Manchestertums, Kapitalismus der Unterklasse, staatsfeindlich und englisch-materialistisch durch und durch” (Politische Schriften, C.H. Beck, München 1932, p. VII).
33 - Cf. Horacio Cagni and Vicente Gonzalo Massot, Spengler, pensador de la decadencia, Temas contemporaneos, Buenos Aires 1978; James Cavallie, Spengler i Sverige. Den svenska receptionen av Oswald Spenglers teser om världhistorien och västerlandets undergång, Hjalmarson & Högberg, Stockholm 2008.
34 - Cf. Thomas Kretzschmer, “Der blinde Spiegel – Spenglers unrezipierte Rezeption außerhalb Europas”, in Sezession, Albersroda, May 2005, pp. 40–45.
35 - Sobre Arnold Toynbee, cf. notably “Wie ich zu Oswald Spengler kam”, seguido por “Worin ich mich von Spengler unterscheide”, em Hamburger akademische Rundschau, 1949, pp. 309–313; Le monde et l’Occident, Desclée de Brouwer, Paris 1953, prefácio por Jacques Madaule; assim como seu prefácio ao livro de Feliks Koneczny, On the Plurality of Civilizations [1935], London 1962. Cf. também Owen Lattimore, “Spengler and Toynbee”, in The Atlantic Monthly, 1948, 4, pp. 104–105; Erich Rothacker, “Toynbee und Spengler”, in Deutsche Vierteljahrsschrift für Literaturwissenschaft, 1950, 3, pp. 389–402; Helmut Werner, “Spengler und Toynbee”, em Deutsche Vierteljahrsschrift für Literaturwissenschaft, 1955, 4, pp. 528–554; Georg Henrik von Wright, “Spengler och Toynbee” [1951], em Att förstå sin framtid, Bonniers, Stockholm 1994; Ulrich March, “Spengler und Toynbee”, em Sezession, Albersroda, May 2005, pp. 34–38. On Spengler and Sorokin, cf. Gert Müller, “Sorokin und Spengler. Die Kritik Pitirim Sorokins am Werke Oswald Spengler”, em Zeitschrift für philosophische Forschung, XIX, I, 110–134.
36 - Henry A. Kissinger, The Meaning of History. Reflections on Spengler, Toynbee and Kant, tese doutoral, Harvard University, Cambridge 1951. No mundo anglo-saxão, Spengler também elicitou comentários de “declinistas” (Paul M. Kennedy, The Rise and Fall of the Great Powers, Random House, New York 1987), assim como comentários de Hans Morgenthau (“The Decline of the West”, em Partisan Review, 1975) ou Lord Harlech (David Ormsby-Gore, Must the West Decline?, Columbia University Press, New York 1966). Cf. also Wyndham Lewis, “The “Chronological” Philosophy of Spengler”, em Time and Western Man, ed. by Paul Edwards, Black Sparrow Press, Santa Rosa 1993, pp. 252–288; Neil Mcinnes, “The Great Doomsayer. Oswald Spengler Reconsidered”, em The National Interest, Summer 1997, pp. 65–76.
37 - Cf. notably Henning Ritter, “Amerikas Spengler?”, em Frankfurter Allgemeine Zeitung, Frankfurt/M., 18 April 1997, p. 41; Michael Thöndl, ““Der Untergang des Abendlandes” também “Kampf der Kulturen”? Spengler und Huntington im Vergleich”, em Politische Vierteljahresschrift, 1997, pp. 824–830.
38 - Nesse sentido é importante que seu livro, entitulado The Clash of Civilizations, foi traduzido ao alemão em 1966 sob o título Der Kampf der Kulturen (Europaverlag, München).
39 - Uma tradução não isenta de algumas interpretações equivocadas, incluindo algumas quase surrealistas, como a que levou Tazerout a traduzir a palavra alemão Akt, que significa aqui “nu”, como “ato” em todo um capítulo.
40 - Publicado em 1925, o livro de André Fauconnet citado está há muito tempo fora dos catálogos. Desde a data, há pouco o que citar se não os trabalhos de Marie-Elisabeth Parent (Recherches sur les éléments d’une conception esthétique dans l’œuvre d’Oswald Spengler, Peter Lang, Frankfurt/M. 1981) and Gilbert Merlio (Oswald Spengler, témoin de son temps, 2 vol., Hans-Dieter Heinz, Stuttgart 1982).
41 - Henri-Irénée Marrou, que via Spengler como o “mestre dos erros sombrios”, qualifica suas ideias como “discursos delirantes”(De la connaissance historique, Seuil, Paris 1954, pp. 65 et 166). Lucien Febvre falou de um “pensamento oportunista” (“De Spengler à Toynbee. Quelques philosophies opportunistes de l’histoire”, em Revue de métaphysique et de morale, October 1936, pp. 573–602, republicado em Combats pour l’histoire, Armand Colin, Paris 1953, pp. 119–143). Cf. também Fernand Braudel, “L’histoire des civilisations: le passé explique le présent”, chap. 5 of the Encyclopédie française, vol. 20, Larousse, Paris 1959 (republished in Ecrits sur l’histoire, Flammarion, Paris 1969, pp. 255–314).
42 - Hichem Djaït, L’Europe et l’Islam, Seuil, Paris 1978 (“Oswald Spengler”, pp. 92–108).
43 - Raymond Aron, Plaidoyer pour une Europe décadente, Robert Laffont, Paris 1977.
44 - Jacques Bouveresse, “La vengeance de Spengler”, in Le temps de la réflexion, Gallimard, Paris 1983, pp. 371–401. Cf. também Michel Amiot, “Le relativisme culturaliste de Michel Foucault”, em Les Temps modernes, Paris, janvier 1967.
45 - Cf. seu livro programático Das Ende des kolonialpolitischen Zeitalters, Grunow, Leipzig 1917. On this subject, cf. also Martin Pabst, “Oswald Spengler und die “farbige Weltrevolution”. Abendländische Reaktionen auf die Emanzipation der Kolonialvölker”, em Theo Homann et Gerhard Quast (Hg.), Jahrbuch zur Konservativen Revolution 1994, Anneliese Thomas, Köln 1994, pp. 273–300. notaremos que, em The Hour of Decision, Spengler classifies that Russians among “peoples of color,” in the same manner as the Arabs, the Indians, or the Japanese. Finally, Arturo Labriola refers to Spengler again when he wrote his book, Le crépuscule de la civilisation: l’Occident et les peuples de couleur, G.Mignolet et Storz, Paris 1936.