por Ernst Niekisch
"Mas isto tendo sido dito: Se assinarmos esta paz, nós estaremos sob a coação da força. Em nosso coração dos corações, discordamos dessa paz". - Vorwärts, 8 de maio de 1919
A política alemã é tal que não se pode ter outos objetivos que a reconquista da independência nacional, a ruptura dos grilhões impostos, a reconstituição de uma influência global relevante. Desdea perspectiva alemã, naturalmente nossa, não há nada mais importante que esses objetivos. Toda nossa política doméstica, social, econômica e cultural deve receber este impulso, sua linha geral e o espírito que a domina. O sentimento dessa necessidade está perto de se tornar onipresente!
Quantas vezes, ao deixarmos as preocupações da política doméstica dominar, nossa política externa foi deixada fora de nosso campo de visão. Há "grandes" jornais alemães que quase nunca falam em política externa, como se isso a tornasse parte das banalidades de nossa existência nacional. Em contraste, cada atraso na modificação da tabuleta do Tesouro Público, que continua no estilo monarquista, os preocupa em outra medida. Sem uma palavra a dizer, nem um pouco incomodados, não tendo a consciência silenciosa, eles se despojam do jogo da política global, por conta de nossa fraqueza, impondo a nós incontáveis humilhações, injustiças e investidas perigosas contra o futuro do Reich. Assim, grandes seções de nosso povo buscam pela causa de seu infortúnio exclusivamente dentro da situação doméstica. Eles esperam que será suficiente substituir algum alto funcionário, dissolver uma organização secreta, modificar uma tarifa de importação diferente, reduzir taxas alfandegárias, convocar ou dissolver o Reichstag, organizar novas eleições, que tudo vai mudar no interior do país. Eles ignoram o conteúdo do Tratado de Paz. Eles não sabem que o comissário a cargo das reparações é o homem mais poderoso na Alemanha, que nossas ferrovias e dinheiro estão em suas mãos. Eles não tem a ideia de expor o peso que nos esmaga e eles não entendem que o Plano Dawes, finalmente, é uma questão que afeta os salários dos alemães. O padrão de vida do trabalhador alemão é reduzido na medida em que pagamos as obrigações do Plano Dawes. O custo de vida para o trabalhador, de uma parte, e a Convenção Dawes além do Tratado de Versalhes, de outra parte, são incompatíveis. Rasgar esses tratados, revogar as obrigações que eles impõem, romper com os compromissos seria a única política alemã que salvaria o trabalhador de uma subjugação irremediável. Neste ponto, as necessidades do trabalhador e os interesses da nação coincidem: se ela ousar lutar por seu espaço vital e sua liberdade, ela liderará, ao mesmo tempo, a batlaha pela libertação de toda a nação. A missão nacional confiada a nós e a forma pela qual ela será realizada dependerá de seu futuro social e posição política.
Ninguém, nem mesmo em caso de loucura, pode, neste momento, visualizar a luta aberta. Isso demandaria táticas razoáveis das quais não dispomos. Mas nós poderíamos também lucrar com as vantagens de conjunturas globais, que nos são proibidas. É conveniente ter paciência. Não obstante, nós não devemos cair em uma paciência inativa, uma paciência de relaxamento e desmoralização. Nós devemos nos preparar para as grandes tarefas: morais, organizacionais e outras. A questão é saber se temos fôlego suficiente, se persistiremos, aguentaremos, se não nos acomodaremos preguiçosamente a nosso destino, se nós não aceitaremos frouxamente os fatos. Somos fortes, perseverantes, convictos na defesa de nossa causa, nossa fé, nosso futuro contra um mundo hostil e poderoso em excesso, mesmo que pareça absurdo, impossível e desvantajoso assumir essa missão? Vamos nos opôr com vontade inflexível, um espírito de resistência inabalável ao ataque de potências estrangeiras, despóticas, pretensiosas, violentas e intolerantes, se gabando de vitórias adquiridas sem combate? Se nós conservarmos infalivelmente essa vontade e este espírito, nós só permaneceremos em nossa situação impotente atual por um período que superaremos, que não vai nos derrubar e o abandonaremos com coragem.
É verdade que a força e duração da resistência é determinada pelo fato de que se apreende na consciência, instintivamente ou com conhecimento de causa, as fontes profundas e vívidas que alimentam os poderes contra os quais essa resistência deve ser dirigida. É hora de compreender que uma das origens de nosso infortúnio é a espiritualidade ocidental, essa espiritualidade que, com seus traços "liberais" e alegres melodias "progressistas" foi até capaz de conquistar os trabalhadores. Fielmente, ela reproduz a imagem de mundo dos capitães industriais ingleses e dos financistas franceses, como se ela pudesse realmente ser a expressão e objetivo da existência, do milieu proletário e seus desejos. Ser ocidental significa: usar a palavra liberdade, para fazer fraudes; se declarar partidário da humanidade, para preparar o caminho para crimes; destruir povos por meio de apelos à paz. A Grã-Bretanha, a "livre" Inglaterra, estrangulou indianos e egípcios. A França, generosa e humana, envenenou marroquinos e sírios. Essas grandes nações nadam no sangue de povos escravizados por virtude da missão "civilizatória" que é a deles. A paz "justa" que a eminência ocidental Wilson prometeu, essa foi a paz ditada para nós em Versalhes.
Nós contribuímos para os objetivos dos Estados vitoriosos se continuarmos a dar refúgio e tolerar seu espírito. Nós carecemos de confiança em nós mesmos, a garantia soberania, de nos prepararmos para dar um golpe, se instalarmos em nossa terra os princípios deles. Nessas condições, as explicações carecem de paixões, grandeza histórica e profundidade simbólica. O debate não vai mais lidar com qualquer coisa essencial, significativa ou tocar questões profundas. A Rússia compreende isso bem, quando sua independência foi ameaçada pela sobrepujante supremacia ocidental: naquele mmento, ela rompeu com tudo que não era de origem russa, com a cultura, a economia, as regras políticas e sociais do Ocidente, com o seu pathos e força invisível. Na Alemanha, porém, a situação é muito diferente. Em nosso país, não só indivíduos mas partidos políticos inteiros são fascinados pelo espírito ocidental. Por um longo tempo, certos milieus capitalistas, particularmente os da grande burguesia, tem se entregado, de corpo e alma, ao Ocidente. outros pensam ser útil, por razões econômicas, ganhar sua confiança. Há não muito tempo, o professor Bonn disse: "O monopólio nacional não pode mais se garantir de rendas e investimentos de capital habituais. É então que eles fraternalmente oferecem sua mão direita através das fronteiras, onde havia estado o inimigo, eles gritam: 'esqueçam o passado!'. Para salvaguardar seu monopólio, eles se tornaram cosmopolitas. 'Nas salas de reunião e na projeção de propaganda já se percebe o cheiro da confraternização de povos'." Para preservar seus lucros, eles se alinharam contra seu próprio país e bajulam franceses, ingleses e americanas na caça por saques. Eles vendem o futuro da nação para obter uma "cota mais alta no mercado de ações". Os defensores de um acordo com o Ocidente, cujo objetivo é fazer da situação criada por Versalhes permanente, são, no interior de nosso país, os agentes e advogados de interesses inimigos. Alguém que queira feri-los não está fazendo política doméstica, mas externa. É necessário que consideremos e tratemos como corruptores da nação todos aqueles que, para terem sucesso nos negócios, favorecem o enfraquecimento do espírito de oposição ao Ocidente. Isso se aplica igualmente àqueles "alemães" que apoiam ativamente a execução do tratado, que teriam suas próprias razões (sobre as quais eles não falam), na mesma ocasião embolsando milhares de marcos. Eles estão longe de nós, eles são estrangeiros e inimigos como todos aqueles que, invocando Versalhes, ganham a vida. A revolta e resistência sem trégua contra eles e contra tudo que é ocidental, dentro e fora de nossas fronteiras, deve se tornar nossa atitude natural.
Certamente, isto é revolucionário. Mas não se deve deixar dúvidas: isto quer dizer, ou somos um povo revolucionário, ou atolaremos na lama, e deixaremos de ser um povo livre para sempre.
Ninguém, nem mesmo em caso de loucura, pode, neste momento, visualizar a luta aberta. Isso demandaria táticas razoáveis das quais não dispomos. Mas nós poderíamos também lucrar com as vantagens de conjunturas globais, que nos são proibidas. É conveniente ter paciência. Não obstante, nós não devemos cair em uma paciência inativa, uma paciência de relaxamento e desmoralização. Nós devemos nos preparar para as grandes tarefas: morais, organizacionais e outras. A questão é saber se temos fôlego suficiente, se persistiremos, aguentaremos, se não nos acomodaremos preguiçosamente a nosso destino, se nós não aceitaremos frouxamente os fatos. Somos fortes, perseverantes, convictos na defesa de nossa causa, nossa fé, nosso futuro contra um mundo hostil e poderoso em excesso, mesmo que pareça absurdo, impossível e desvantajoso assumir essa missão? Vamos nos opôr com vontade inflexível, um espírito de resistência inabalável ao ataque de potências estrangeiras, despóticas, pretensiosas, violentas e intolerantes, se gabando de vitórias adquiridas sem combate? Se nós conservarmos infalivelmente essa vontade e este espírito, nós só permaneceremos em nossa situação impotente atual por um período que superaremos, que não vai nos derrubar e o abandonaremos com coragem.
É verdade que a força e duração da resistência é determinada pelo fato de que se apreende na consciência, instintivamente ou com conhecimento de causa, as fontes profundas e vívidas que alimentam os poderes contra os quais essa resistência deve ser dirigida. É hora de compreender que uma das origens de nosso infortúnio é a espiritualidade ocidental, essa espiritualidade que, com seus traços "liberais" e alegres melodias "progressistas" foi até capaz de conquistar os trabalhadores. Fielmente, ela reproduz a imagem de mundo dos capitães industriais ingleses e dos financistas franceses, como se ela pudesse realmente ser a expressão e objetivo da existência, do milieu proletário e seus desejos. Ser ocidental significa: usar a palavra liberdade, para fazer fraudes; se declarar partidário da humanidade, para preparar o caminho para crimes; destruir povos por meio de apelos à paz. A Grã-Bretanha, a "livre" Inglaterra, estrangulou indianos e egípcios. A França, generosa e humana, envenenou marroquinos e sírios. Essas grandes nações nadam no sangue de povos escravizados por virtude da missão "civilizatória" que é a deles. A paz "justa" que a eminência ocidental Wilson prometeu, essa foi a paz ditada para nós em Versalhes.
Nós contribuímos para os objetivos dos Estados vitoriosos se continuarmos a dar refúgio e tolerar seu espírito. Nós carecemos de confiança em nós mesmos, a garantia soberania, de nos prepararmos para dar um golpe, se instalarmos em nossa terra os princípios deles. Nessas condições, as explicações carecem de paixões, grandeza histórica e profundidade simbólica. O debate não vai mais lidar com qualquer coisa essencial, significativa ou tocar questões profundas. A Rússia compreende isso bem, quando sua independência foi ameaçada pela sobrepujante supremacia ocidental: naquele mmento, ela rompeu com tudo que não era de origem russa, com a cultura, a economia, as regras políticas e sociais do Ocidente, com o seu pathos e força invisível. Na Alemanha, porém, a situação é muito diferente. Em nosso país, não só indivíduos mas partidos políticos inteiros são fascinados pelo espírito ocidental. Por um longo tempo, certos milieus capitalistas, particularmente os da grande burguesia, tem se entregado, de corpo e alma, ao Ocidente. outros pensam ser útil, por razões econômicas, ganhar sua confiança. Há não muito tempo, o professor Bonn disse: "O monopólio nacional não pode mais se garantir de rendas e investimentos de capital habituais. É então que eles fraternalmente oferecem sua mão direita através das fronteiras, onde havia estado o inimigo, eles gritam: 'esqueçam o passado!'. Para salvaguardar seu monopólio, eles se tornaram cosmopolitas. 'Nas salas de reunião e na projeção de propaganda já se percebe o cheiro da confraternização de povos'." Para preservar seus lucros, eles se alinharam contra seu próprio país e bajulam franceses, ingleses e americanas na caça por saques. Eles vendem o futuro da nação para obter uma "cota mais alta no mercado de ações". Os defensores de um acordo com o Ocidente, cujo objetivo é fazer da situação criada por Versalhes permanente, são, no interior de nosso país, os agentes e advogados de interesses inimigos. Alguém que queira feri-los não está fazendo política doméstica, mas externa. É necessário que consideremos e tratemos como corruptores da nação todos aqueles que, para terem sucesso nos negócios, favorecem o enfraquecimento do espírito de oposição ao Ocidente. Isso se aplica igualmente àqueles "alemães" que apoiam ativamente a execução do tratado, que teriam suas próprias razões (sobre as quais eles não falam), na mesma ocasião embolsando milhares de marcos. Eles estão longe de nós, eles são estrangeiros e inimigos como todos aqueles que, invocando Versalhes, ganham a vida. A revolta e resistência sem trégua contra eles e contra tudo que é ocidental, dentro e fora de nossas fronteiras, deve se tornar nossa atitude natural.
Certamente, isto é revolucionário. Mas não se deve deixar dúvidas: isto quer dizer, ou somos um povo revolucionário, ou atolaremos na lama, e deixaremos de ser um povo livre para sempre.