por Lucian Tudor
Oswald Spengler é já bem conhecido como um dos maiores pensadores da Revolução Conservadora alemã do início do século XX. Na verdade, ele é frequentemente citado como tendo sido uma das influências intelectuais mais determinantes do conservadorismo alemão no período entre-guerras - junto a Arthur Moeller van den Bruck e Ernst Jünger - ao ponto de sua filosofia pessimista cultural ser vista como representativa das perspectivas conservadoras revolucionárias em geral (ainda que, na realidade, a maioria dos conservadores revolucionários tivesse visões mais otimistas). [1]
Para iniciar nossa discussão, forneceremos um breve resumo dos principais temas da filosofia de Oswald Spengler. [2] Segundo Spengler, cada Alta Cultura possui sua própria "alma" (isso se refere ao caráter essencial de uma Cultura) e passa por ciclos previsíveis de nascimento, crescimento, realização, declínio e falecimento que se assemelham ao da vida de uma planta. Citando Spengler:
"Uma Cultura nasce no momento em que uma grande alma desperta da proto-espiritualidade da sempre infantil humanidade, e se aparta, uma forma a partir do informe, uma coisa limitada e mortal a partir do ilimitado e duradouro. Ela floresce sobre o solo de uma paisagem precisamente definível, à qual, tal qual planta, ela permanece atada. Ela morre quando a alma atualizou a soma plena de suas possibilidade na forma de povos, línguas, dogmas, artes, Estados, ciências, e reverte à proto-alma" [3]
Há uma distinção importante nessa teoria entre Kultur ("Cultura") e Zivilisation ("Civilização"). Kultur concerne a fase inicial de uma Alta Cultura que é marcada pela vida rural, religiosidade, vitalidade, vontade de poder, e instintos ascendentes, enquanto Zivilisation concerne a fase posterior que é marcada pela urbanização, irreligião, intelecto puramente racional, vida mecanizada, e decadência. Ainda que ele reconhecesse a existência de outras Altas Culturas, Spengler focou particularmente em três Altas Culturas as quais ele distinguiu e teceu comparações entre: a Magiana, a Clássica (greco-romana), e a atual Alta Cultura Ocidental. Ele mantinha a visão de que o Ocidente, que estava em sua fase tardia de Zivilisation, logo entraria em uma fase final imperialista e "cesarista" - uma fase que, segundo Spengler, marca o lampejo final antes do fim de uma Alta Cultura. [4]
Talvez a contribuição mais importante de Spengler à Revolução Conservadora, porém, foi sua teoria do "Socialismo Prussiano", que formava a base de sua visão de que conservadores e socialistas deveriam se unir. Em sua obra ele argumentava que o caráter prussiano, que era o caráter germânico por excelência, era essencialmente socialista. Para Spengler, o verdadeiro socialismo era primariamente uma questão de ética, mais do que de economia. Esse socialismo prussiano ético significava o desenvolvimento e prática da ética de trabalho, da disciplina, da obediência, de um senso de dever ao bem maior e ao Estado, do auto-sacrifício, e da possibilidade de atingir qualquer cargo pelo talento. O socialismo prussiano era diferenciado do marxismo e do liberalismo. O marxismo não era socialismo autêntico por ser materialista e baseado na luta de classes, que se situava em contraste com a ética prussiana de Estado. Também em contraste ao socialismo prussiano estava o liberalismo e o capitalismo, que negava a idéia de dever, praticava um "princípio de pirataria", e criou o governo do dinheiro. [5]
As teorias spenglerianas de ciclos culturais previsíveis, da separação entre Kultur e Zivilisation, da Alta Cultura Ocidental como estando em um estágio de declínio, e de uma forma não-marxista de socialismo, receberam bastante atenção na Alemanha do século XX, e não há dúvidas de que elas influenciaram o pensamento de direita à época. Porém, normalmente se esquece o quão divergentes as perspectivas de muitos conservadores revolucionários eram das de Spengler, ainda que eles de fato estudassem e bebessem de suas teorias, assim como uma ênfase excessiva sobre a teoria spengleriana na Revolução Conservadora levou muitos estudiosos a ignorarem a variedade de outras influências importantes sobre a direita alemã. Ironicamente, aqueles que foram mais influenciados por Spengler - não apenas os conservadores revolucionários alemães, mas também posteriormente os Tradicionalistas e a Nova Direita - possuem uma apreciação misturada com críticas. É essa realidade que precisa ser enfatizada: a maioria dos intelectuais conservadores que apreciavam Spengler simultaneamente lançaram a importantíssima mensagem de que a filosofia de Spengler precisa ser vista criticamente, e que ela não é aceitável como um todo.
A crítica mais importante a Spengler entre intelectuais conservadores revolucionários foi a feita por Arthur Moeller van den Bruck. [6] Moeller concordava com certas idéias básicas na obra de Spengler, incluindo a divisão entre Kultur e Zivilisation, com a idéia do declínio da Cultura Ocidental, e com seu conceito de socialismo, que Moeller já havia expressado antes e de forma um pouco diferente em Der Preussische Stil ("O Estilo Prussiano", 1916). [7] Porém, Moeller resolutamente rejeitava a visão spengleriana determinista e fatalista da história, bem como a noção de ciclos culturais destinados. Moeller afirmava que a história era essencialmente imprevisível e não-fixa: "Há sempre um começo (...) a História é a história daquilo que não calculado". [8] Ademais, ele afirmava que a história não devia ser vista como um "círculo" (à maneira de Spengler) mas como uma "espiral", e uma nação em declínio poderia efetivamente reverter seu declínio se certas mudanças e eventos psicológicos ocorressem dentro dela. [9]
A contradição mais radical com Spengler feita por Moeller van den Bruck foi a rejeição da morfologia cultural de Spengler, já que Moeller acreditava que a Alemanha não podia nem mesmo ser classificada como parte do "Ocidente", mas que ela representava uma cultura distinta, uma que tinha mais em comum em espírito com a Rússia do que com o "Ocidente", e que estava destinada a ascender enquanto França e Inglaterra cairiam. [10] Porém, nós devemos notar aqui que a noção de que a Alemanha não é ocidental não era singular a Moeller, pois Werner Sombart, Edgar Julius Jung e Othmar Spann todos afirmaram que os alemães pertenciam a um tipo cultural bastante diferente do das nações ocidentais, especialmente as do mundo anglo-saxão. Para estes autores, a Alemanha representava uma cultura que estava mais orientada para a comunidade, a espiritualidade e o heroísmo, enquanto o "Ocidente" moderno estavam mais orientados para o individualismo, o materialismo e a ética capitalista. Eles diziam ainda que qualquer presença de características ocidentais na Alemanha moderna se devia ao envenenamento recente da cultura alemã pelo Ocidente que o povo alemão tinha o dever de superar através de uma revolução sociocultural. [11]
Outro intelectual fundamental da Revolução Conservadora alemã, Hans Freyer, também apresentou uma análise crítica da filosofia spengleriana. [12] Graças a sua visão de que não há progresso certo e determinado na história, Freyer concordava com a rejeição spengleriana da visão linear de progresso. A filosofia da cultura de Freyer também enfatizava o particularismo cultural e a disparidade entre povos e culturas, razão pela qual ele concordava com Spengler nos termos da concepção básica das culturas possuírem um centro vital e com a idéia de cada cultura marcando um tipo particular de ser humano. Sendo um proponente de um socialismo estatal comunitário, Freyer considerava o "socialismo prussiano" anti-individualista de Spengler satisfatório. Ao longo de suas obras, Freyer também discutiu muitos dos mesmos temas que Spengler - incluindo a função integradora da guerra, hierarquias na sociedade, os desafios de desenvolvimentos tecnológicos, forma e unidade culturais - mas de uma maneira distinta orientada na direção da teoria social. [13]
Porém, Freyer também afirmava que a idéia de tipos históricos (culturais) e de que as culturas eram o produto de uma essência que crescia ao longo do tempo estava já expressa de formas diferentes muito antes de Spengler nas obras de Karl Lamprecht, Wilhelm Dilthey e Hegel. É também notável que a própria sociologia das categorias culturais de Freyer diferia da morfologia de Spengler. Em suas primeiras obras, Freyer focou primariamente na natureza das culturas de povos particulares (Völker) ao invés das Altas Culturas mais amplas, enquanto em suas obras tardias ele enfatizou a interconexão de todas as várias culturas européias ao longo dos milênios. Rejeitando a noção spengleriana de culturas como sendo incomensuráveis, a história para Freyer "considerava a Europa moderna como sendo composta de 'camadas' de cultura do passado, e Freyer se esforçava para mostrar que grandes culturas históricas haviam surgido por inspiração do legado de culturas passadas". [14] Finalmente, rejeitando o determinismo histórico de Spengler, Freyer havia "alertado seus leitores para não se deixarem enfeitiçar pelas poderosas metáforas orgânicas do livro [Der Untergang des Abendlandes]... As demandas do presente e do futuro não poderiam ser 'deduzidas' de intuições nos padrões da cultura...mas eram finalmente baseados na 'aposta da ação' (das Wagnis der Tat)." [15]
Ainda outra importante crítica conservadora de Spengler foi feita pelo filósofo Tradicionalista perene italiano Julius Evola, ele próprio influenciado pela Revolução Conservadora mas tendo desenvolvido uma linha de pensamento bastante distinta. Em seu O Caminho do Cinabro, Evola demonstrou apreciação pela filosofia de Spengler, particularmente em relação À crítica da Zivilisation racionalista moderna e mecanizada do "Ocidente" e com a rejeição completa da idéia de progresso. [16] Alguns estudiosos, como H.T. Hansen, enfatizam a influência do pensamento de Spengler sobre o de Evola, mas é importante lembrar que as perspectivas culturais de Evola diferiam significativamente das de Spengler graças ao foco evoliano no que ele via como o papel em transformação de uma Tradição Perene metafísica através da história em oposição a culturas historicamente determinadas. [17]
Em sua crítica, Evola apontou que uma das principais falhas no pensamento de Spengler era que ele "carecia de qualquer entendimento de metafísica e transcendência, as quais incorporam a essência de cada genuína Kultur". [18] Spengler podia analisar a natureza da Zivilisation muito bem, mas sua perspectiva irreligiosa faziam com que ele entendesse pouco sobre as forças espirituais superiores que afetavam profundamente a vida humana e a natureza das culturas, sem o que não se pode compreender com clareza a característica definidora da Kultur. Como Robert Steuckers apontou, Evola também considerava a análise spengleriana das culturas clássica e oriental muito falhas, particularmente como resultado das influências filosóficas "irracionalistas" de Spengler: "Evola pensa que esse vitalismo leva Spengler a dizer 'coisas que nos fazem enrubescer' sobre o budismo, o taoísmo, o estoicismo e a civilização greco-romana (a qual, para Spengler, é meramente uma civilização de 'corporeidade')." [19] Também problemática para Evola era a "valorização spengleriana do 'homem faustiano', uma figura nascida na Era do Descobrimento, da Renascença e do humanismo; por sua determinação temporal, o homem faustiano é levado rumo à horizontalidade ao invés da verticalidade". [20]
Finalmente, devemos tomar nota da recepção mais recente da filosofia spengleriana na Nova Direita européia e no Identitarismo: as obras de Spengler tem sido estudadas e criticadas por quase todos os principais intelectuais neo-direitistas e identitários, incluindo especialmente Alain de Benoist, Dominique Venner, Pierre Krebs, Guillaume Faye, Julien Freund e Tomislav Sunic. A visão que a Nova Direita tem da teoria spengleriana é única, mas também bastante reminiscente das críticas conservadoras revolucionárias de Moeller van den Bruck e Hans Freyer. Como Spengler e muitos outros pensadores, os intelectuais da Nova Direita também criticam a "ideologia do progresso", ainda que seja significativo que, diferentemente de Spengler, eles não o fazem para aceitar a noção de ciclos rígidos na história nem para rejeitar a existência de qualquer progresso. Ao invés, a crítica da Nova Direita objetiva repudiar a noção desequilibrada de progresso linear e inevitável que deprecia toda cultura passada em favor do presente, reconhecendo ainda assim que algum progresso positivo de fato existe, defendendo a sua reconciliação com a cultura tradicional para se alcançar uma ordem cultural mais equilibrada. [21] Ademais, abordando o determinismo histórico de Spengler, Alain de Benoist escreveu que "de Eduard Spranger a Theodor W. Adorno, a principal crítica dirigida a Spengler evidentemente concerne seu 'fatalismo' e seu 'determinismo'. A questão é saber até que ponto o homem é prisioneiro de sua própria história. Até que ponto ele não pode mais mudar seu curso?" [22].
Como seus precursores conservadores revolucionários, a Nova Direita rejeita qualquer noção fatalista e determinista de história, e não acredita que qualquer povo esteja fadado ao declínio inevitável; "a decadência portanto não é um fenômeno inescapável, como Spengler erroneamente pensava", escreveu Pierre Krebs, ecoando os pensamentos de outros autores. [23] Enquanto os pensadores da Nova Direita aceitam a idéia spengleriana do declínio da cultura ocidental, eles situam a Europa e o Ocidente como duas entidades antagônicas. Segundo essa nova filosofia cultural, a cultura européia genuína está representada pelas inúmeras tradições enraizadas nas mais antigas culturas européias, e devem ser tidas como incompatíveis com o "Ocidente" moderno, que é a emanação cultural do velho liberalismo, do igualitarismo e do individualismo.
A Nova Direita pode concordar com Spengler de que o "Ocidente" está passando por um declínio, mas esse pessimismo original não obscurece o propósito da Nova Direita: o Ocidente encontrou a fase final de sua decadência, consequentemente devemos romper com a civilização ocidental e recuperar a memória de uma Europa liberada do igualitarismo..." [24] Assim, desde a perspectiva identitária, o "Ocidente" é identificado como uma entidade globalista e universalista que feriu as identidades de povos europeus e não-europeus. Da mesma maneira que os conservadores revolucionários clamavam aos alemães para afirmarem os direitos e identidade de seu povo em sua época, a Nova Direita clama pela superação da civilização ocidental cosmopolita e liberal para reafirmar a identidade espiritual e cultural mais profunda dos europeus, baseada na "regeneração da história" e uma referência a sua herança múltipla e multimilenar.
[1] An example of such an assertion regarding cultural pessimism can be seen in “Part III. Three Major Expressions of Neo-Conservatism” in Klemens von Klemperer, Germany’s New Conservatism: Its History and Dilemma in the Twentieth Century (Princeton: Princeton University Press, 1968).
[2] To supplement our short summary of Spenglerian philosophy, we would like to note that one the best overviews of Spengler’s philosophy in English is Stephen M. Borthwick, “Historian of the Future: An Introduction to Oswald Spengler’s Life and Works for the Curious Passer-by and the Interested Student,” Institute for Oswald Spengler Studies, 2011, <https://sites.google.com/site/spenglerinstitute/Biography>.
[3] Oswald Spengler, The Decline of the West Vol. 1: Form and Actuality (New York: Alfred A. Knopf, 1926), p. 106.
[4] Ibid.
[5] See “Prussianism and Socialism” in Oswald Spengler, Selected Essays (Chicago: Gateway/Henry Regnery, 1967).
[6] For a good overview of Moeller’s thought, see Lucian Tudor, “Arthur Moeller van den Bruck: The Man & His Thought,” Counter-Currents Publishing, 17 August 2012, <http://www.counter-currents.com/2012/08/arthur-moeller-van-den-bruck-the-man-and-his-thought/>.
[7] See Fritz Stern, The Politics of Cultural Despair (Berkeley & Los Angeles: University of California Press, 1974), pp. 238-239, and Alain de Benoist, “Arthur Moeller van den Bruck,” Elementos: Revista de Metapolítica para una Civilización Europea No. 15 (11 June 2011), p. 30, 40-42. <http://issuu.com/sebastianjlorenz/docs/elementos_n__15>.
[8] Arthur Moeller van den Bruck as quoted in Benoist, “Arthur Moeller van den Bruck,” p. 41.
[9] Ibid., p. 41.
[10] Ibid., pp. 41-43.
[11] See Fritz K. Ringer, The Decline of the German Mandarins: The German Academic Community, 1890–1933 (Hanover: University Press of New England, 1990), pp. 183 ff.; John J. Haag, Othmar Spann and the Politics of “Totality”: Corporatism in Theory and Practice (Ph.D. Thesis, Rice University, 1969), pp. 24-26, 78, 111.; Alexander Jacob’s introduction and “Part I: The Intellectual Foundations of Politics” in Edgar Julius Jung, The Rule of the Inferiour, Vol. 1 (Lewiston, New York: Edwin Mellon Press, 1995).
[12] For a brief introduction to Freyer’s philosophy, see Lucian Tudor, “Hans Freyer: The Quest for Collective Meaning,” Counter-Currents Publishing, 22 February 2013, <http://www.counter-currents.com/2013/02/hans-freyer-the-quest-for-collective-meaning/>.
[13] See Jerry Z. Muller, The Other God That Failed: Hans Freyer and the Deradicalization of German Conservatism (Princeton: Princeton University Press, 1987), pp. 78-79, 120-121.
[14] Ibid., p. 335.
[15] Ibid., p. 79.
[16] See Julius Evola, The Path of Cinnabar (London: Integral Tradition Publishing, 2009), pp. 203-204.
[17] See H.T. Hansen, “Julius Evola’s Political Endeavors,” in Julius Evola, Men Among the Ruins: Postwar Reflections of a Radical Traditionalist (Rochester: Inner Traditions, 2002), pp. 15-17.
[18] Evola, Path of Cinnabar, p. 204.
[19] Robert Steuckers, “Evola & Spengler”, Counter-Currents Publishing, 20 September 2010, <http://www.counter-currents.com/2010/09/evola-spengler/> .
[20] Ibid.
[21] In a description that applies as much to the New Right as to the Eurasianists, Alexander Dugin wrote of a vision in which “the formal opposition between tradition and modernity is removed… the realities superseded by the period of Enlightenment obtain a legitimate place – these are religion, ethnos, empire, cult, legend, etc. In the same time, a technological breakthrough, economical development, social fairness, labour liberation, etc. are taken from the Modern” (See Alexander Dugin, “Multipolarism as an Open Project,” Journal of Eurasian Affairs Vol. 1, No. 1 (September 2013), pp. 12-13).
[22] Alain de Benoist, “Oswald Spengler,” Elementos: Revista de Metapolítica para una Civilización Europea No. 10 (15 April 2011), p. 13.<http://issuu.com/sebastianjlorenz/docs/elementos_n__10>.
[23] Pierre Krebs, Fighting for the Essence (London: Arktos, 2012), p. 34.
[24] Sebastian J. Lorenz, “El Decadentismo Occidental, desde la Konservative Revolution a la Nouvelle Droite,”Elementos No. 10, p. 5.