por Aleksandr Dugin
Um dos pontos mais importantes da Teoria do Multipolarismo concerne
ao Estado nacional. A soberania dessa estrutura já foi desafiada no período do
suporte ideológico dos dois blocos (a “Guerra Fria”) e, no período da
globalização, o assunto já adquiriu um relevância mais nítida.
Vemos os teóricos do globalismo também falar sobre a completa
exaustão dos “Estados nacionais” e sobre a necessidade de transferir ao
“Governo Global” (mais cedo F. Fukuyama) ou sobre acreditar que os Estados
nacionais não têm ainda cumprido sua missão até o fim e deve continuar a
existir por mais períodos históricos para assim melhor preparar seus cidadãos
para a integração à “Sociedade Global” (mais tarde F. Fukuyama).
A Teoria do Multipolarismo demonstra que os Estados nacionais são um
fenômeno eurocêntrico, mecânico, e, para uma maior dimensão, “globalista”, no
seu estágio inicial (a idéia de identidade individual normativa na forma do
civismo prepara o chão para a “sociedade civil” e, correspondentemente, para a
“sociedade global”). Que todo o espaço mundial é separado hoje em territórios
de Estados nacionais é uma consequência direta da colonização, do imperialismo,
e da projeção do modelo ocidental em toda a humanidade. Assim, um Estado
nacional não carrega em si mesmo qualquer valor auto-suficiente para a Teoria do
Multipolarismo. A tese da preservação dos Estados nacionais na perspectiva da
construção da ordem do mundo multipolar é somente importante no caso, se isso
impede pragmaticamente a globalização (não contribui com ela) e oculta sob si
mesmo uma realidade social mais complicada e proeminente – depois de tudo,
muitas unidades políticas (especialmente no Terceiro Mundo) são Estados
nacionais simplesmente nominalmente, e eles representam virtualmente várias
formas de sociedades tradicionais com sistemas de identidade mais complexos.
Aqui, a posição dos proponentes do mundo multipolar é completamente
oposta aos globalistas: se um Estado nacional efetua unificação da sociedade e
auxilia a atomização dos cidadãos, i.e., implementa uma profunda e real
modernização e ocidentalização, tal Estado nacional não tem qualquer
importância, sendo apenas uma sorte de instrumento da globalização. Tal Estado
nacional não está se preservando dignamente não possui sentido algum na
perspectiva multipolar.
Mas se um Estado nacional serve como uma face frontal para outro
sistema social – uma especial e original cultura, civilização, religião, etc.-
deveria ser apoiado e preservado enquanto atualiza sua evolução vindoura em uma
estrutura mais harmoniosa, dentro dos limites do pluralismo sociológico no
espírito da Teoria Multipolar.
A posição dos globalistas é diretamente oposta em todas as coisas:
eles apelam a remover a idéia de que os Estados nacionais servem como uma face
frontal para uma sociedade tradicional (tal como a China, a Rússia, o Irã,
etc.) e, contrariamente, reforçam os Estados nacionais com regimes
pró-ocidentais – Coréia do Sul, Geórgia, ou os países da Europa Ocidental.