Se pudéssemos selecionar um único aspecto pelo qual definir Julius Evola, seria seu desejo de transcender o ordinário e o mundo do profano. Era caracterizado por uma sede pelo Absoluto, que os alemães chamam de mehr als leben - "mais que viver". Essa idéia de transcender a existência mundana dá cor não só a suas idéias e filosofia, ela é também evidente ao longo de sua vida que se pode ler como uma litania de sucessos. Durante os primeiros anos Evola se sobressaiu em tudo que ele escolheu se dedicar: seus talentos eram evidentes no campo da literatura, pelo qual ele seria mais lembrado, e também nas artes e nos círculos ocultos.
Nascido em Roma, em 19 de maio de 1898, Giulio Cesare Andrea Evola foi o filho de uma família aristocrática siciliana, e como muitas crianças nascidas na Sicília, ele recebeu uma rígida educação católica. Como ele relembra em sua autobiografia intelectual, Il Cammino del Cinabro (O Caminho do Cinabro), seus passatempos favoritos consistiam na pintura, um de seus talentos naturais, e em visitar a biblioteca tão frequentemente quanto possível de modo a ler as obras de Oscar Wilde, Friedrich Nietzsche, e Otto Weininger. Durante sua juventude ele também estudou engenharia, recebendo notas excelentes mas escolheu descontinuar seus estudos antes do término de seu doutorado, porque ele "não queria ser burguês, como os outros alunos". Aos 19 anos Evola se uniu ao exército e participou da Primeira Guerra Mundial, como oficial de artilharia de montanha. Essa experiência serviria como inspiração para seu uso de montanhas como metáforas para solidão e ascensão acima das forças ctônicas da terra. Evola era também amigo de Mircea Eliade, que manteve correspondência com Evola de 1927 até sua morte. Ele era também um associado do tibetólogo Giuseppe Tucci e do estudioso tântrico Sir John Woodroofe (Arthur Avalon).
Durante seus anos de juventude Evola esteve brevemente envolvido em círculos artísticos, e apesar de isso ter sido algo de pouca duração, foi também um tempo que lhe proporcionou grandes recompensas. Ainda que ele depois denunciasse o Dadá como uma forma de arte decadente, foi no campo da arte moderna que Evola fez seu nome pela primeira vez, se interessando particularmente por Marinetti e pelo Futurismo. Sua pintura a óleo Inner Landscape 10:30 a.m., está hoje em uma parede da Galeria Nacional de Arte Moderna em Roma. Ele também compôs Arte Astratta (Arte Abstrata) mas depois, após passar por uma crise pessoal, voltou-se para o estudo de Nietzsche, de onde emergiu sua Teoria dell'individuo assoluto (Teoria do Indivíduo Absoluto) em 1925. Por volta de 1921, Evola havia abandonado a senda artística como meio de dar sua marca singular ao mundo. As atitudes revolucionárias de Marinetti, do movimento futurusta e do assim chamado avant-garde que outrora o fascinaram, não mais pareciam dignas a Evola com sua ênfase juvenil em chocar a burguesia. Similarmente, apesar de ser um poeta talentoso, Evola (como outra de suas inspirações - Arthur Rimbaud) abandonou a poesia aos 24 anos. Evola não escreveu outro poema, nem pintou outro quadro por mais de quarenta anos. Assim, não mais apaixonado pelas artes, Evola escolheu ao invés buscar outro campo que um dia lhe renderia ainda mais aclamação.
Até hoje, as operações mágicas do Grupo de Ur e seu sucessor Krur permanecem como algumas das técnicas mais sofisticadas para a prática de conhecimento esotérico estabelecidas na era moderna ocidental. Baseadas em uma variedade de fontes primárias, desde textos herméticos a técnicas iogues avançadas, Evola desempenhou um papel proeminente em ambos grupos. Ele escreveu uma série de artigos para a Ur e editou muitos outros. Esses artigos foram reunidos no livro Introdução à Magia: Rituais e Técnicas Práticas para o Mago, no qual junto com os artigos de Evola, estão incluídas as obras de Arturo Reghini, Giulio Parese, Ercole Quadrelli e Gustav Meyrink. O título original dessa obra em italiano, Introduzione alla Magia quale scienza dell'Io, se traduz literalmente como Introdução à Magia como Ciência do "Eu". Nesse sentido, o "Eu" é melhor interpretado como o ego, ou a manipulação da vontade - uma idéia que é também encontrada na obra de outro famoso mago, Aleister Crowley e sua noção de Thelema. O formato original de Ur era de uma publicação mensal, cuja primeira edição foi impressa em janeiro de 1927.
Contribuidores para essa publicação incluíam o Conde Giovanni di Caesaro, um steineriano, Emilio Servadio, um psicanalista distinto, e Guido di Giorgio, um conhecido seguidor de Rudolf Steiner e um autor de várias obras sobre a tradição Hermética. Foi durante este período, que ele foi apresentado a Arturo Reghini, cujas idéias deixariam uma impressão duradoura sobre Evola. Arturo Reghini (1878-1946), que estava interessado na Maçonaria especulativa e na antroposofia de Rudolf Steiner, introduziu Evola às obras de Guénon e o voncidou a se unir ao grupo Ur. Ur e seu sucessor, Krur, reuniram um número de pessoas interessadas na exposição de Guénon da t radição Hermética, e no Vedanta, no Taoísmo, no Budismo, no Tantra, e em magia.
Arturo Reghini seria uma importante influência sobre Evola, e ele própria era um representante da assim chamada Escola Italiana (Scuola Italica), uma ordem secreta que afirmava ter sobrevivido à queda do Império Romano, ter reemergido com o Imperador Frederico II, e ter inspirado os poetas florentinos dos séculos XIII e XIV, até Petrarca. Como Evola, Reghini também havia escrito artigos, um dos quais se chamava Imperialismo Pagão. Este apareceu em Salamandra em 1914, e nele Reghini resumiu seu programa anti-católico para um retorno a um glorioso passado pagão. Essa obra teve um impacto profundo sobre Evola, e serviu como inspiração para sua similarmente entitulada obra Imperialismo Pagano. Imperialismo Pagano, relatando os efeitos negativos do Cristianismo sobre o mundo, apareceu em 1928. No contexto dessa obra, Evola é o defensor de um imperialismo pagão anti-católico. Segundo Evola, o Cristianismo havia destruído a universalidade imperial do Império Romano pela insistência na separação entre secular e espiritual. É dessa separação que emergiu a decadência inata e interna do mundo moderno. A partir da oposição implacável do Cristianismo ao sadio paganismo do mundo mediterrâneo emergiu o secularismo, a democracia, o materialismo, o cientificismo, o socialismo, e o "bolchevismo sutil" que sinalizou a era final do atual ciclo cósmico: a era da "escuridão" da Kali Yuga. Imperialismo Pagano seria posteriormente revisado em uma edição alemã como Heidnischer Imperialismus. As mudanças que ocorreram no texto de Evola em sua tradução cinco anos depois não foram completamente desprovidas de consequência. Ainda que os conceitos fundamentais que compunham a substância do pensamento de Evola permanecesse similar, um certo número de elementos críticos foram alterados que transformariam um ponto central no pensamento de Evola. A "tradição mediterrânea" do texto anterior é consistentemente substituída pela "tradição nórdico-solar" nessa tradução. Em 1930, Evola fundou seu próprio periódico, La Torre. La Torre, a herdeira de Krur, diferia das duas publicações anteriores Ur e Krur do seguinte modo, como anunciado em uma inserção editorial:
"Nossa atividade em 1930 - Aos Leitores: "Krur está se transformando. Tendo cumprido as tarefas relativas ao domínio técnico do esoterismo que nós nos propusemos há 3 anos, nós aceitamos o convite para transferirmos nossa ação a um campo mais vasto, mais visível, mais imediato: o próprio plano da "cultura" ocidental e dos problemas que, nesse momento de crise, afligiam tanto a consciência individual como a consciência de massa [...] por todas essas razões Krur será modificada para o título La Torre, 'uma obra de expressões diversas e uma Tradição'".
La Torre foi atacada por corpos fascistas oficiais tais como L'Impero e Anti-Europa, e a publicação de La Torre findou após apenas dez edições. Evola também contribuiu um artigo chamado O Fascismo como Vontade de Império e o Cristianismo à revista Critica Fascista, editada pelo velho amigo de Evola Giuseppe Bottai. Aqui novamente ele lança uma oposição feroz ao Cristianismo e atesta a seus efeitos negativos, evidentes na ascensão de uma classe média pia, hipócrita e gananciosa carente de todas as virtudes solares superiores que Evola atribuía à Roma antiga. O artigo não passou desapercebido e foi vigorosamente atacado em muitos jornais italianos. Ele foi também tema de um longo artigo no prestigioso Revue Internationale des Sociétés Secrètes (Partie Occultiste) de abril de 1928, sob o título Un Sataniste Italien: Jules Evola.
Associada com a notoriedade de La Torre, estava um outro incidente, mais bizarro, envolvendo a reputação do Grupo de Ur, e suas tentativas de formar uma "corrente mágica". Ainda que essas tentativas de exercer influência sobrenatural sobre outros fossem logo abandonadas, um rumor rapidamente se desenvolveu de que o grupo pretendia assassinar Mussolini desse modo. Evola descreve esse evento em sua autobiografia Il Cammino del Cinabro.
"Alguém reportou esse argumento [de que a morte de um chefe de estado poderia ser conseguida pela magia] e alguma lorota sobre nossa já dissolvida "corrente de Ur" talvez tenha sido acrescentada também, tudo levando o Duce a pensar que havia alguma conspiração para usar magia contra ele. Mas quando ele ouviu os fatos verdadeiros sobre a questão, Mussolini cessou toda ação contra nós. Em realidade, Mussolini era muito aberto à sugestão e um tanto quanto supersticioso (a reação de uma mentalidade fundamentalmente incapaz de verdadeira espiritualidade). Por exemplo, ele possuía um medo genuíno de videntes e qualquer menção deles era proibida em sua presença".
Foi também durante esse período que Evola também descobriu algo que se tornaria uma profunda influência em muitas de suas idéias: a ciência perdida do Hermetismo. Ainda que ele indubitavelmente tivesse entrado em contato com essa corrente do misticismo através de Reghini e outros membros da Ur, parece que o conhecimento extraordinário de Evola sobre o Hermetismo efetivamente se originaram de outra fonte. Jacopo da Coreglia escreve que foi um padre, Padre Francesco Olivia, que havia feito os maiores avanços em ciência hermética e percebendo um estudante prodigioso - garantiu a Evola acesso a documentos que eram normalmente estritamente reservados para os adeptos do círculo interno. Esses lidavam primariamente com os ensinamentos da Fraternidade de Miriam (Fratellanza Terapeutica Magica di Myriam), fundada pelo Doutor Giuliano Kremmerz, pseudônimo de Ciro Formisano, 1861-1930). Evola menciona em A Tradição Hermética que o Panfleto D do Miriam estabelecia a base para sua compreensão dos quatro elementos. O conhecimento de Evola sobre o Hermetismo e sobre as artes alquímicas não estavam limitados às fontes ocidentais também, pois ele também conhecia um alquimista indiano de nome C.S. Narayana Swami Aiyar de Chingleput. Durante essa época da história, a alquimia indiana era quase completamente desconhecida para o mundo ocidental, e é apenas em tempos modernos que ela tem sido estudada em relação aos textos ocidentais.
Em 1926 Evola publicou um artigo em Ultra (o jornal da Loja Teosófica em Roma) sobre o culto de Mitra no qual ele colocava uma grande ênfase nas similaridades desses mistérios com o Hermetismo. Durante esse período ele também escreveu Saggi sull'idealismo magico [Ensaios sobre o Idealismo Mágico], e L'Individuo ed il Divenire del Mondo [O Indivíduo e o Devir do Mundo], esse artigo seria seguido pela publicação de seu tratado sobre alquimia, La Tradizione Ermetica [A Tradição Hermética]. Tamanho era o escopo e profundidade dessa obra que Carl Jung até mesmo citou Evola para fundamentar sua própria afirmação de que "o opus alquímico lida fundamentalmente não apenas com experimentos químicos em si, mas também com algo que se assemelha a processos psíquicos expressos em linguagem pseudo-química". Infelizmente, o apoio expressado por Jung não era mútuo, pois Evola não aceitava a hipótese junguiana de que a alquimia era meramente um processo psíquico.
Discordando com a opinão de René Guénon (1886-1951) de que a autoridade espiritual se situa acima do poder real, Evola escreveu L'Uomo come Potenza [O Homem como Poder]; na terceira edição revisada (1949), o título foi modificado para Lo Yoga della Potenza [O Yoga do Poder]. Este foi o tratado de Evola sobre o tantra hindu, para o qual ele consultou fontes primárias sobre o Kaula Tantra, que à época era praticamente desconhecido no mundo ocidental. Decio Calvari, presidente da Liga Teosófica Independente Italiana, introduziu Evola ao estudo do Tantrismo. Evola também recebeu acesso a textos tântricos autênticos diretamente da Escola Kaula de Tantrismo via sua associação com Sir John Woodroofe, que era não somente um estudioso respeitado, como também ele próprio um praticante do Tantra, sob o famoso pseudônimo de Arthur Avalon. Uma proporção substancial de O Yoga do Poder é derivada das anotações pessoais de Sir John Woodroofe sobre o Tantrismo Kaula. Mesmo hoje Woodroofe é considerado um importante pioneiro nos estudos sobre Tantrismo.
A visão de Evola de que o caminho real ou Ksatriya no Tantrismo está acima do caminho bramânico ou sacerdotal, é prontamente apoiada pelos próprios textos tântricos, nos quais o Vira ou modo ativo de prática é exaltado acima do modo sacerdotal no Tantrismo Kaula. Nesse sentido, o caminho heróico ou solar do Tantrismo representava para Evola, um sistema baseado não na teoria, mas na prática - um caminho ativo apropriado para ser ensinado na época degenerada do Kali Yuga ou Idade das Trevas, na qual caminhos puramente intelectuais ou contemplativos para a divindade sofreram uma grande perda em sua efetividade.
Nas palavras do próprio Evola:
"Durante os últimos anos da década de 30 eu me devotei a trabalhar em dois dos meus livros mais importantes sobre sabedoria oriental: eu revisei completamente L'Uomo come Potenza [Homem como Poder], que recebeu um novo título Lo Yoga della Potenza [O Yoga do Poder], e escrevi uma obra sistemática sobre o Budismo primitivo chamado La Dottrina del Risveglio [A Doutrina do Despertar]".
A obra de Evola sobre a história primitiva do Budismo foi publicada em 1943. O tema central dessa obra não é a visão comum do Budismo, como um caminho de renúncia espiritual - ao invés ela foca no papel de Buda como asceta Ksatriya, pois foi a essa casta que ele pertenceu, como se vê nos primeiros registros budistas.
O Siddharta histórico foi um príncipe dos Sakya, um ksatriya (membro da casta guerreira), um "guerreiro asceta" que abriu um caminho por si mesmo com sua própria força. Assim Evola enfatiza o caráter "aristocrático" do Budismo primitivo, que ele define como tendo a "presença de uma força viril e guerreira (o rugido do leão é uma designação da proclamação de Buda) que é aplicada a um plano imaterial e atemporal...já que transcende tal plano, deixando-o para trás".
O livro considerado por muitos como a obra-prima de Evola Revolta Contra o Mundo Moderno foi publicada em 1934, e foi influenciado pelo Declínio do Ocidente (1918) de Oswald Spengler e por Crise do Mundo Moderno de René Guénon, ambos os quais haviam sido previamente traduzidos ao italiano por Evola. A contribuição de Spengler nesse sentido foi a pluralidade de civilizações, que então caíam em padrões de nascimento, crescimento e declínio. Isso foi combinado com as idéias de Guénon sobre "Idade das Trevas" ou Kali Yuga, que similarmente retrata uma imagem sombria de civilizações em declínio. A obra também faz uso dos escritos de Bachofen em relação à construção de um embasamento mitológico para a história das civilizações. A versão original de O Mistério do Graal de Evola formava um apêndice à primeira edição de Rivolta Contra il Mondo Moderno, e enquanto tal é profundamente ligada a essa obra. Três anos depois ele retrabalhou aquele apêndice no livro atual, que primeiro apareceu como parte de uma série de estudos religiosos e esotéricos publicados pela renomanda Edições Laterza na Itália, cuja lista incluía obras de Sigmund Freud, Richard Wilhelm e C.G. Jung, entre outros. Nesse livro Evola desenvolve três premissas centrais relativas aos mitos do Graal: Que o Graal não é um Mistério Cristão, mas sim Hiperbóreo, que ele é uma Tradição de Mistério, e que ele lida com a restauração da Realeza Sagrada. Evola descreve sua obra sobre o Graal no epílogo da primeira edição (1937).
"Viver e compreender o símbolo do Graal em sua pureza significaria hoje o despertar de poderes que poderiam garantir um ponto transcendental de referência, um despertar que poderia se mostrar amanhã, após uma grande crise, na forma de uma 'época que vai para além das nações'. Também significaria a liberação da assim chamada revolução mundial dos falsos mitos que a envenenam e tornam possível sua subjugação por poderes escuros, coletivistas, e irracionais. Em adição, significaria compreender o caminho para uma verdadeira unidade que seria genuinamente capaz de ir além não apenas das formas materialistas - nós poderíamos dizer luciféricas e titânicas - de poder e controle mas também das formas lunares dos remanescentes da humildade reliogosa e da atual dissipação neoespiritualista".
Outro dos livros de Evola, Eros e os Mistérios do Amor, poderia ser visto quase como uma continuação de sua experimentação com o Tantrismo. De fato, o livro não lida com o princípio erótico no sentido normal da palavra, mas sim aborda o tópico como um jogo altamente conceitualizado de polaridades, adotado do uso Tradicional de elementos eróticos no misticismo oriental e ocidental e na filosofia. Assim o que é descrito aqui é o caminho para a sexualidade sagrada, e o uso do princípio erótico para transcender as limitações normais da consciência. Evola descreve seu livro na seguinte passagem.
"Mas nesse estudo, a metafísica também terá um segundo significado, um que não é desconectado das origens do mundo já que 'metafísica' significa literalmente a ciência daquilo que vai além do físico. Em nossa pesquisa, esse 'além do físico' não cobrirá conceitos abstratos ou idéias filosóficas, mas sim aquilo que pode evoluir de uma experiência que não é meramente física, mas transpsicológica e transfisiológica. Nós alcançaremos isso através da doutrina dos estados múltiplos de ser e através de uma antropologia que não é restrita à simples dicotomia alma-corpo, mas está consciente de modalidades 'sutis' ou mesmo transcendentais de consciência humana. Ainda que estranho ao pensamento contemporâneo, conhecimento desse tipo formava uma parte integral da educação antiga e das tradições de povos variados".
Outra das grandes obras de Evola é Meditações Entre os Cumes, no qual o montanhismo é equiparado à ascensão. Essa idéia é encontrada frequentemente em um número de Tradições, nas quais as montanhas são normalmente reverenciadas como intermediárias entre as forças do céu e da terra. Evola foi um montanhista realizado e completou algumas escaladas difíceis como o lado norte do Lyskam Oriental em 1927. Ele também pediu em seu testamento que após sua morte a urna contendo suas cinzas fosse depositada em uma fenda glacial no Monte Rosa.
A principal obra política de Evola foi Homens Entre as Ruínas. Este foi o novo dos livros de Evola a ser publicado em inglês. Escrito ao mesmo tempo que Homens Entre as Ruínas, Evola compôs Cavalgar o Tigre que é complementar a essa obra, ainda que não tivesse sido publicada até 1961. Esses livros se complementavam e não podem ser realmente jugados separadamente. Homens Entre as Ruínas demonstra o ponto de partida unviersal da política ideal; Cavalgar o Tigre lida com a perspectiva prática "existencial" para o indivíduo que quer preservar seu hegomonikon ou soberania interior. Cavalgar o Tigre é essencialmente um conjunto de orientações filosóficas ligando várias correntes de seu pensamento anterior em uma única obra. Subjacendo as fontes mais óbvias que Evola cita no texto, como Nietzsche, Sartre e Heidegger, há também conexões com o pensamento hindu sobre o colapso da civilização e o Kali Yuga. De muitos modos, essa obra é a culminação do pensamento de Evola sobre o papel da Tradição na Idade das Trevas - que a abordagem Tradicional advogada no Oriente é a de aproveitar o poder da Kali Yuga, ao se "cavalgar o tigre" - que é também um popular ditado tântrico. Nessa medida, não é uma abodagem de recuo em relação ao mundo moderno que Evola defende, mas sim alcançar um domínio das forças das trevas e do materialismo inerente à Kali Yuga. Similarmente, sua atitude em relação à política difere aqui daquela expressa em Homens Entre as Ruínas, pedindo ao invés por um tipo de indivíduo que é apolitéico.
"[...] esse tipo só pode se sentir desinteressado e distanciado de tudo que é 'política' hoje. Seu princípio se tornará apoliteia, como era chamado em tempos antigos [...] Apoliteia é a distância inexpugnável por essa sociedade e seus 'valores'; ela não aceita ser ligada por qualquer coisa espiritual ou moral".
Além dos principais textos de Evola mencionados previamente, ele também publicou numerosas outras obras como O Caminho do Samurai, O Caminho da Iluminação Segundo os Mistérios Mitraicos, O Caminho do Cinabro, Taoísmo: Magia, Misticismo, e O Arco e a Clava. Ele também traduziu Declínio do Ocidente de Spengler, bem como as principais obras de Bachofen, Guénon, Weininger e Gabriel Marcel.
Em 1945, Evola foi atingido por um estilhaço de bomba e paralisado da cintura para baixo. Ele morreu em 11 de junho de 1974 em Roma. Ele havia pedido para ser levado de sua cadeira à janela da qual se podia ver o Janiculum (a colina sagrada a Janus, o deus de duas faces que olha para este e para o outro mundo), para morrer em posição ereta. Após sua morte, o corpo foi cremado e as cinzas foram espalhadas em uma geleira no topo do Monte Rosa, segundo seus desejos.