por Oswald Spengler
A questão de saber se a paz mundial será um dia possível só pode ser
respondida por alguém familiarizado com a história mundial. Estar familiarizado
a história mundial significa, no entanto, saber como os seres humanos têm sido
e sempre serão. Há uma grande diferença, que a maioria das pessoas nunca vai
compreender, entre ver a história futura como ela vai ser e ver como
gostaríamos que ela fosse. Paz é um desejo, guerra é um fato; e a história
nunca reparou nos ideais e desejos humanos.
A vida é uma luta
envolvendo plantas, animais e humanos. É uma luta entre indivíduos, classes
sociais, povos e nações, e pode tomar a forma de competição econômica, social,
política ou militar. É uma luta pelo poder de fazer sua vontade prevalecer,
explorar essa vantagem, ou avançar com sua opinião do que é justo ou
conveniente. Quando todos os outros meios falham, um recurso será usado uma e
outra vez até o fim: violência. Um indivíduo que usa a violência pode ser
chamado de criminoso, uma classe pode ser chamada de revolucionária ou
traidora, um povo pode ser chamado de sanguinário. Mas isso não altera os
fatos. O comunismo moderno chama suas guerras de “levantes”, nações
imperialistas descrevem as suas como “pacificação dos povos estrangeiros”. E se
o mundo existisse como um estado unificado, as guerras seriam chamadas de
“levantes”. As distinções são puramente verbais.
Falar de paz
mundial hoje somente é possível entre os povos brancos, e não entre os muito
mais numerosos povos de cor. Este estado de coisas é perigoso. Quando
pensadores individuais e idealistas falam de paz, como tem feito desde tempos
imemoriais, o efeito é sempre insignificante. Mas quando povos inteiros se
tornam pacifistas, é um sintoma de senilidade. Raças fortes e por utilizar não
são pacifistas. Adotar tal posição é abandonar o futuro, pois o ideal pacifista
é uma condição estática e terminal que é contrária aos fatos básicos da existência.
Enquanto o homem
continuar a evoluir haverão guerras. Se os povos brancos se tornarem tão
cansados da guerra que seus governos não possam mais incitá-los a travá-la, a
terra cairá inevitavelmente como vítima dos homens de cor, assim como o Império
Romano sucumbiu aos Germânicos. Pacifismo significa deixar o poder para
não-pacifistas inveterados. Entre os últimos sempre haverão homens brancos –
aventureiros, conquistadores, líderes – que aumentam com todos os
acontecimentos. Se uma revolta contra os brancos ocorresse hoje na Ásia, muitos
brancos se juntariam aos rebeldes simplesmente porque eles estão cansados de
viver em paz.
Pacifismo
continuará um ideal, e a guerra um fato. Se as raças brancas resolverem nunca
mais fazer a guerra, os homens de cor atuarão diferente e serão os governantes
do mundo.