por Joaquín Bochaca
Todos falam da crise econômica, uns por ignorância, outros por má fé e a maioria por inércia mental. E, contudo, se existe algo que apareça com nitidez mediana é o fato de ser impossível existir crise econômica alguma.
A crise é simplesmente financeira.
Porque, se a Economia é composta de três partes – Produção, Consumo e Distribuição –, a falha está, única e exclusivamente, na última parte, a menos “econômica” das três.
Em efeito, se as máquinas progridem a ritmo geométrico e a demografia ocidental permanece estacionária, quando não em retrocesso, é evidente que a Economia deveria melhorar quase que diariamente e os preços baixarem. Se uma Comunidade produz mais bens e serviços em uma unidade de tempo, sem aumentar sua população ou aumentando a um ritmo claramente inferior à produtividade, baixar-se-iam em espiral os preços pela simples dinâmica dos fatos.
Contudo, todos sabem que não é assim. Por quê? Por que as empresas quebram em milhares por todo o Ocidente, enquanto só progridem insultuosamente os Bancos e entidades de “serviços financeiros”? Como é possível que este fato claríssimo não chame a atenção e provoque a indignação dos demais? Mesmo sem aprofundar-se no problema, sem a necessidade de estudar brevemente a problemática e a operação da Finança, deve parecer claro, até mesmo para a inteligência mais medíocre que, se a produção alcança cotas inimagináveis, faz isso somente por alguns anos, enquanto as pessoas continuam desejando consumir, o atual defeito somente pode ser encontrado na distribuição; isto é, na Finança.
FINANÇA E PODER
Quando aludimos à enfermidade da Distribuição, causadora da atual crise “econômica”, nos referimos, insistimos, à Finança. Com isto, entramos no problema do dinheiro, este instrumento de troca de bens e serviços do qual quase nada se sabe.
Especialmente na Espanha, o desconhecimento acerca da natureza do dinheiro é quase incrível, inclusive entre altos cargos diretivos das empresas. A crença geral é que se trata de uns pedaçinhos de papel com os quais se “compram” coisas.
A realidade é que esses pedacinhos de papel ou metal representam no conjunto de um país ocidental, apenas 4% do que é o verdadeiro “dinheiro”. Em grandes potências industriais, como os EUA, não chegam sequer a 3%.
Na realidade, o que as pessoas chamam de “dinheiro”, não são mais do que uns “trocados”.
O restante é uma fenomenal sobre-estrutura de créditos, manejada por Bancos; ou melhor, pelo sistema bancário. Uma ficção que ameaça levar ao mundo à bancarrota, como já o fez durante a década de 30.
Em toda comunidade humana regida por princípios sérios e éticos, o objetivo da produção é o consumo e não a rentabilidade do capital.
A indústria, a agricultura e os serviços devem cobrir a demanda real – exclusivamente real e não a artificial, gerada por um excesso de publicidade –, e não assegurar benefícios inauditos ao atual sistema usureiro que impera.
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Joaquín Bochaca em "Texto para um programa político de alternativa ao sistema"
Fonte: ID Press