Há 50 anos desaparecia Louis Ferdinand Céline, o maior escritor do século XX. Seu nome figura – ou melhor, figurava –, na compilação das celebrações nacionais de 2011 publicada pelo Ministério da Cultura. Furor, uivos, histeria... Serge Klarsfeld, presidente da “Associação de filhos e filhas dos judeus deportados da França”, exigiu a Frédéric Mitterrand, ministro da Cultura, “a retirada imediata desta compilação e a eliminação das páginas dedicadas a Céline. Ele não é somente o autor de “Viagem ao Fim da Noite” e “Morte a Crédito”, mas também de panfletos antissemitas, como “Bagatelas Para um Massacre” e “A Escola de Cadáveres”. Klarsfeld ameaça: “Se ele não concordar em renunciar a inclusão de Céline nas celebrações nacionais, esperamos que o Primeiro Ministro ou o Presidente da República tomem alguma determinação. Nossa resposta será dura”. Klarsfeld recordou que a Licra (lobby judaico francês) e ele mesmo pressionaram a François Mitterrand por ter posto uma coroa de flores a cada 11 de novembro sobre a tumba do Marechal Petáin, como gesto de honra ao herói de Verdún. Mitterrand finalmente teve de abandonar o poder em 1993.
Inclusive o escritor esquerdista, Philippe Sollers, se escandalizou com esta insuportável arrogância, declarando: “É absurdo que um cidadão (Serge Klarsfeld) peça ao Presidente da República que elimine um autor da importância de Céline [...]”, acrescentando: “Ele está brincando com um fogo muito perigoso...”. O fato de ele dizer isso, não faz diferença...
Sobre os antissemitas, uma pequena oferta a Serge Klarsfeld. Não, não é um extrato de Céline, mas de uma alta figura da República, socialista e maçom, Jean Jaures, quem declarou no dia 1 de maio de 1895 a “La Dépêche de Toulouse”: “Nas cidades, o que enfurece a maioria da população francesa contra os judeus é que, por conta da usura, pela infatigável atividade comercial e pelo abuso da influência política, pouco a pouco foram monopolizando a riqueza, o comércio, os empreendimentos lucrativos, as funções administrativas, o poder público. […] Possuem uma grande porção da imprensa, as principais instituições financeiras e, ao não poder atuar sobre os votantes, atuam sobre os eleitos”.
Então, Jaen Jaurés também deve ter o ostracismo, como Céline?
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Fonte: ID Press