por Guillaume Faye
O suicídio de Dominique Venner em 21 de maio em Notre Dame: Marine Le Pen se curvou a esse gesto de consciência despertadora, o que pode ser surpreendente, mas é para seu crédito. Uma representante nua do Femen, um grupo de palhaças feministas, tentou sujar sua memória no dia seguinte, fazendo mímica de seu suicídio no coral de Notre Dame. Em seu peito reto estava pintado: "Que o Fascismo descanse no Inferno". É a segunda vez que essas groupies peladas entram na catedral impunemente, ainda que haja fiscalização de segurança na entrada. Jornalistas da AFP foram notificados antecipadamente para cobrir esse "acontecimento" e portanto são provavelmente cúmplices.
A mídia e os políticos esquerdistas (especialmente o patético Harlem Désir) juntos acusaram Venner, post mortem, de incitação à violência, de provocação. Sapos escarradores. Claramente, o gesto romano de Venner, tão trágico quanto a própria história, assustou essas pessoas, que passam a totalidade de suas vidas rastejando pelo chão.
Venner deu sua morte como exemplo, não por desespero mas por esperança: o sacrifício simbólico encoraja nossa juventude, em face do atual afundamento da civilização européia em suas linhagens sanguíneas e seus valores, a resistir e lutar ao custo da própria vida, que é o preço da guerra. Uma guerra que já começou. Venner queria que entendêssemos que a vitória pode ser alcançada na história dos povos se os guerreiros estão dispostos a morrer por sua causa. É pelas futuras gerações de europeus resistentes e guerreiros que Dominique Venner deu sua vida. Ele foi um "despertador do povo", nas palavras de seu amigo Jean Mabire.
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E ele se matou, ainda que não fosse cristão no sentido ordinário, no altar central da Notre Dame de Paris, isto quer dizer, no coração de um dos lugares mais sagrados e históricos de toda Europa. (Europa: a pátria real e autêntica de Venner, não a farsa de marshmallow da União Européia). Notre Dame, um lugar de memória muito mais rica do que, por exemplo, a Tumba do Soldado Desconhecido sob o Arco do Triunfo. Ele queria dar a seu sacrifício um significado especial, como as antigas tradições romanas em que a vida de um homem, até o fim, é devotada ao país que ele ama e deve servir. Como Cato, Venner jamais comprometeu seus princípios. Nem em questões de estilo necessário - de comportamento, de escrita, de idéias - que não tem nada a ver com pose, aparência e pedantismo. Sua sobriedade expressava, em essência, o poder de sua lição. Um mestre distante, que não estava desconectado da tradição estóica, um rebelde com coração e coragem e não vaidade e vanglória, um homem completo de ação e reflexão, ele jamais se desviou de seu caminho. Um dia ele me disse que não se deve nunca perder tempo criticando traidores, covardes, líderes egoístas; nem, é claro, se deve perdoá-los; apenas se deve ignorá-los e seguir em frente. O silêncio do desprezo.
Este é o Dominique Venner que, em 1970, me trouxe para a Resistência, que eu jamais neguei ou abandonei desde então. Ele foi o meu sargento recrutador. Sua morte voluntária - ecoando a de Mishima mais do que a de Montherlant - é um ato fundacional. E me encheu de uma tristeza alegre, como um relâmpago. Um guerreiro não morte na cama. A morte sacrificial desse homem de honra demanda que honremos sua memória e sua obra, não para lamentarmos mas para lutarmos. Mas lutar pelo que?
Não apenas por resistência, mas pela reconquista. A contraofensiva, em outras palavras. Após um de meus ensaios em que desenvolvi essa idéia, Venner me enviou uma carta de aprovação em sua caligrafia elegante. Seu sacrifício não será vão ou ridículo. A morte voluntária de Dominique Venner é um chamado à vitória.