28/11/2015

Aleksandr Dugin e Sheikh Imram Hosein - Encontro e Diálogo Interreligioso: Aliança de Muçulmanos e Cristãos Ortodoxos

por Aleksandr Dugin e Sheikh Imram Hosein



O 1 de julho de 2013 marca o encontro e o início de uma colaboração entre dois intelectuais ilustres; Aleksandr Dugin, teórico russo de confissão cristã ortodoxa, Doutor em História das Ciências e Doutor em Ciência Política; e o Sheikh Imran Nazar Hosein, erudito islâmico especializado em escatologia islâmica, filósofo, e doutor em estudos econômicos.

Esta reunião em Moscou é o resultado de um convite recebido por um grande número de intelectuais russos, para o trabalho mútuo e o estabelecimento de um novo diálogo interreligioso entre a comunidade cristã ortodoxa e o mundo muçulmano. Portanto, esta ligação entre muçulmanos e cristãos ortodoxos, inspira e permeia suas duas escatologias, islâmica e cristã, ou seja, a unificação dos dois pólos principais atualmente resistentes a um único inimigo em comum, a chamada "Ordem atlantista neoliberal" por alguns e, "Aliança sionista judaico-cristã” para outros.

Por que a Rússia?

Os Cristãos Ortodoxos de hoje são originarios do Império Bizantino, conhecido no Islã sob o nome Rum.

Os Rums (ou cristãos bizantinos) foram mencionados no Alcorão, precisamente na Sura Rum ("Os romanos"). Ademais, aqui eles são divididos em dois pólos diferentes de cristãos. Cristãos católicos no Ocidente, que escolheram Roma (Vaticano) como sede, e os cristãos ortodoxos orientais, que optaram por Constantinopla (hoje Istambul), e mais especificamente, a Catedral de Santa Sofia, como sede.

Esta Catedral funcionou por muito tempo como sede da ortodoxia cristã, até a queda do último imperador bizantino, Constantino XI Paleólogo, quando Constantinopla é conquistada pelo sultão otomano Mehmet II. Sendo a sede da Ortodoxia, a antiga Catedral de Santa Sofia foi transformada em mesquita pelos otomanos; os cristãos ortodoxos mudam sua sede para o Patriarcado de Moscou, que assim se torna a nova sede do cristianismo ortodoxo. 

A primeira sede da ortodoxia cristã, a antiga Catedral de Santa Sofia, finalmente é transformada em um museu a mando de Mustafa Kemal, após a queda do Império Otomano.

Isso faz com que a Rússia se torne o berço atual do Cristianismo Ortodoxo.

Hoje, e desde a queda da União Soviética e do comunismo, e ao final de um longo período de Guerra Fria, a Rússia mostra um retorno claro e significativo para o cristianismo ortodoxo. Essa mudança se reflete em todos os níveis da sociedade russa, incluindo o governo, demonstrando um compromisso significativo com os valores do cristianismo ortodoxo.

A sociedade russa não é uma sociedade secular, comparada com as outras sociedades ocidentais. (Ver a conferência: “Christianisme et politique” de Aleksandr Dugin). 

E isso é o que reafirma a Rússia agora como uma forte ressitência contra o polo atlantista ocidental, e a aliança sionista.

E é bem nesse sentido que os muçulmanos, pelo menos aqueles que entenderam, e os cristãos ortodoxos, estão unidos na mesma resistência contra o mesmo inimigo, o pólo ocidental sionista.

Deve-se notar, que para resistência e a luta comum entre cristãos ortodoxos e muçulmanos, contra a fúria e a opressão do sionismo, o braço armado do Dajjal (Anticristo), que é de extrema importancia que os representantes destas duas religiões unam os seus esforços mútuos contra este opressor universal da humanidade.

Da teoria à prática

Isso faz com que os muçulmanos e os cristãos vejam a necessidade de formar uma aliança contra a Nova Ordem Mundial. O Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam com ele) profetizou que uma aliança entre cristãos e muçulmanos iria começar na luta contra um inimigo em comum.

Ademais, os muçulmanos devem saber absolutamente à luz do Alcorão, do Profeta e das profecias e tendo em conta os acontecimentos históricos e geopolíticos, como identificar um bom aliado, um aliado profetizado! O verdadeiro cristão aliado do muçulmano é aquele que luta contra o opressor, o mesmo impostor, o mesmo blasfemo, o mesmo inimigo universal, o sionismo!

ستصالحون الروم صلحا آمنا وتغزون أنتم وهم عدوا من ورائكم
الراوي: حسان بن عطية المحدث: الألباني المصدر: صحيح أبي داود الصفحة أو الرقم: 2767
خلاصة حكم المحدث: صحيح

"Vocês (muçulmanos) fará certamente uma aliança segura com Rum, combatiréis e venceréis juntos contra o inimigo comum que os persegue! Profeta Maomé paz e bênçãos sobre ele".

Allah revela no Alcorão como reconhecer sinais que proíbem uma aliança. Refere-se a um grupo de cristãos e um grupo de judeus que se aliaram entre eles. Esta aliança efetivamente realizada em agosto de 1897 (no Congresso Sionista), depois de milhares de anos de animosidade entre cristãos e judeus. Os cristãos nunca perdoaram os judeus pelo evento da Cruz. Esta aliança subversiva entre cristãos e judeus não teria sido possível sem a criação do movimento sionista, cujo objetivo era a criação do Estado impostor de Israel, e que todos nós sabemos que é para ser a sede do Anticristo. Deus também adverte os muçulmanos contra as consequências da adesão a esta aliança, o que inevitavelmente leva a perda da participação na comunidade do Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam com ele).

"Você que têm fé (em Deus), não tome judeus e cristãos como aliados (que) sejam (eles mesmos) aliados entre si. E se algum de vocês os levarem como aliados, então vão se tornar um deles. Deus não se dirige aos ímpios". (Alcorão, Sura al-Maa'idah, v.51)

Em outras palavras, aquele que se liga à aliança sionista judaico-cristã, torna-se imediatamente um deles, como Allah nos diz neste verso. Será agora parte dessa aliança e não fazerá mais parte da Comunidade do Profeta (que a paz e as bênçãos de Allah estejam com ele).

Enquanto nem todos os cristãos e judeus sejam sionistas, já que a aliança sionista é composta por um grupo de judeus e cristãos estreitamente aliados sob a bandeira do sionismo, também deve ser notado que os muçulmanos não são todos necessariamente anti-sionistas! Ele que faz amizade com a aliança sionista judaico-cristã, torna-se um deles, diz o Alcorão! (Ver artigos recentes sobre este assunto em Inglês: We have no beef with Israel, Syrian Islamist rebel group says)

Portanto, agora temos dois Rums. A Rum ocidental católica com sede em Roma (o Vaticano), com os países cristãos que se aliaram ao sionismo. E a Rum do polo cristão-ortodoxo do oriente com sede em Moscou, e que se opõe firmemente ao sionismo.

É importante para os muçulmanos identificar qual dessas duas Rums é um bom aliado nestes últimos tempos, "uma aliança sem risco", como já dizia o Profeta.

Eleger a Rum do pólo ocidental cristão sionista é tornar-se um de seus aliados, como é o caso de hoje em dia na maioria dos governos muçulmanos, mais cedo ou mais tarde, os muçulmanos sofrerão a traição de Rum sionista ocidental.

Isto torna de vital importancia que, hoje, os muçulmanos têm que levar a sério (e não literalmente) e estudar o Alcorão e todas as profecias do Mensageiro (que a paz e as bênçãos de Allah estejam com ele) e com isso estudar história, a fim de compreender os desafios das implicações presente e futuras.

O Dia do Juízo final não será quebrado por um muçulmano que traiu as ordens que Allah - o Altíssimo - deu no Alcorão!

"Agora você deve saber escolher o lado certo da história!" .

- Sheikh Imran Nazar Hosein

"Estamos firmemente nos opondo a qualquer tipo de confronto entre as diferentes crenças religiosas ... guerras e tensões interreligiosas que trabalham para uma causa: o estabelecimento do Reino do Anticristo, que tenta dividir todas as religiões tradicionais para impor a sua própria pseudo-religião , uma paródia da escatologia".

- Prof. Aleksandr Dugin - o livro A Quarta Teoria Política.

27/11/2015

Arthur Lima - A Quarta Ideologia

por Arthur Lima

Texto para trabalho da disciplina de Introdução ao Direito do curso de Ciência Política da UNB





Com o fim da Guerra Fria, a vitória dos Estados Unidos levou a ideologia liberal a ascender como a ideologia dominante no mundo levando ao fim do mundo bipolar e iniciando o mundo unipolar. O sistema econômico internacional torna-se mais liberal e há uma enorme difusão do sistema democrático. 

As ideologias derrotadas, o fascismo e o comunismo, mesmo que ainda possuam apoio atualmente, se rastejam mais do que vivem. Além disso, partes dessas ideologias se misturaram com as ideias liberais após a Guerra fria (exemplo da direita e esquerda consumista, liberal economicamente e individualista). Francis Fukuyama em sua obra “O Fim da História e o Último Homem” argumentou que o advento do sistema liberal democrático americano foi o sinônimo do fim da evolução histórica humana, o fim da história política. 

Fukuyama defendeu sua tese na crença de que não haveria mais teorias ideológicas com forças a se opôr ao liberalismo. O que não era esperado era um nascimento de uma nova ideologia, a Quarta Via Política.

A Quarta Via Politica foi idealizada por Alexander Dugin, filósofo, ativista e cientista político russo, já participou de diversos movimentos indentitários e nacionalistas. Dugin é reconhecido também como um dos principais ideólogos do Eurasianismo. Em sua obra, Dugin apresenta uma nova solução contra o liberalismo, uma ideologia tradicionalista, antiglobalista e multipolar.
      
O liberalismo como inimigo

Dugin inicia com críticas ao liberalismo, mostrando os motivos de sua vitória perante as outras duas ideologias do século XX. Dentre as três ideologias modernas, o liberalismo foi aquele que se adequou melhor ao mundo moderno, mostrou-se aquele que se opõe aos regimes totalitários das duas ideologias modernas (os regimes soviético e alemão). Entretanto, a vitória do liberalismo mostrou que ele não é aquele que se opõe ao totalitarismo, e sim o terceiro totalitarismo. Dugin tocou em um ponto interessante, com a chegada do mundo unipolar, a ideologia liberal se espalhou para todas as dimensões sociais, econômicas, políticas e culturais. Diferentes sociedades foram bombardeadas pelos preceitos liberais e suas ideologias, povos que não possuíam conceitos como o de indivíduo sofreram drásticas e forçadas mudanças. O indivíduo está acima de tudo na visão liberal, com isso ele se sobrepõe à sociedade, sua cultura, valores e todas as conquistas e construções desta. Não existe mais uma sociedade, existem indivíduos reunidos, perdidos e sem identidade, vivendo uma vida ao estilo ocidental. Aqueles povos que resistem são mal vistos, e alguma hora recebem a visita da democracia liberal e se rendem ao sistema.

César Garavito expõe bem um caso da intervenção estadunidense na Colômbia. Os Estados Unidos, por meio da USAID (Agencia dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional), financiaram a tentativa de uma reforma no sistema judicial e penal colombiano ao modelo estadunidense. A USAID investiu mais de 3 milhões de dólares no sistema e no seu fortalecimento e assim manter mais uma zona de controle norte-americano.

Os Estados Unidos investiram nos regimes militares latino-americanos, como foi exposto no documentário “O Dia que durou 21 anos” (no caso do Brasil) e na obra “A Doutrina do Choque” aonde Naomi Klein mostrou os danos sociais das politicas neoliberais nos países latino-americanos, além de suas relações com grandes grupos árabes no Oriente Médio eu seu interesse estratégico na rica zona de petróleo. Isso prova como os Estados unidos e o seu regime liberal, travestido de democracia, que impôs sua cultura e seus interesses perante outras nações em nome da falsa liberdade, são o terceiro totalitarismo. 
   
A questão do conservadorismo 

A Quarta Teoria Politica é uma teoria que se encontra além das três teorias modernas por estar além da modernidade. Para superar o liberalismo ela propõe seguir além da modernidade e da pós-modernidade. Críticos da quarta teoria questionam como é possível um movimento revolucionário de caráter tradicionalista e conservador, assim Dugin lança a pergunta “o que é conservadorismo?”, desse questionamento, ele nos apresenta três tipos de conservadorismo: conservadorismo liberal, conservadorismo tradicional e o conservadorismo revolucionário.  

O primeiro conservadorismo, o de cunho liberal, é o conservadorismo daqueles que dizem “sim” às mudanças liberais e o avanço do mundo moderno unipolar, mas de uma forma desacelerada. O conservador liberal acredita nos preceitos liberais da modernidade, mas para os preceitos da pós-modernidade é um pouco cedo. Entretanto, ele não negará a pós-modernidade e seus danos, eles de qualquer forma ocorrerão. 

Os conservadores tradicionais são aqueles que negam completamente a modernidade e a pós-modernidade, não apenas suas teorias e caráter liberal, mas tudo vivido nela. O conservador tradicional deseja voltar ao mundo tradicional, antes do moderno.  É o conservadorismo retrógado, e perigoso, não apenas pelo simples fato de negar a ciência, a filosofia, os avanços do tempo, ele pretende voltar a um mundo aonde começava a doença do liberalismo, é viver o problema todo de novo. 

O terceiro conservadorismo, o Conservadorismo Revolucionário é aquele que mais chega perto a Quarta Teoria Politica. Os conversadores revolucionários são aqueles que negam os preceitos liberais do mundo moderno, mas também negam um retrocesso, sabem da necessidade de seguir além, logo não nega a modernidade por completo, como a ciência e seus avanços. O conservadorismo revolucionário é crítico ao fascismo, ideólogos como Julius Evola já fizeram obras criticando o sistema, além de terem participado de movimentos antifascistas. O que o caracteriza como conservadorismo é sua defesa das identidades nacionais, culturais e morais dos diversos povos, algo que se encaixaria na visão multipolar. 

A Quarta Teoria é conservadora por defender que as nações devem proteger seus valores e identidade culturais e nacionais. É importante notar quando se diz nacional e não patriota, aonde não necessariamente temos casos de identidade cultural ou nacional de um povo, exemplo de países sem identidade formada como Panamá e nações sem país como a Catalunha. Em um mundo multipolar os diferentes pólos de influencia se relacionariam, mas manteriam suas identidades, seus valores e leis, como disse Dugin “Se trabalharmos juntos, afirmando fortemente nossas diferentes identidades, seremos capazes de encontrar um mundo equilibrado, justo e melhor, um Grande Mundo em que qualquer digna cultura, sociedade, fé, tradição e criatividade humana encontrarão seu próprio e merecido lugar”.

22/11/2015

Stephen Lendman - "A Verdadeira História do Clube Bilderberg" e o que eles podem estar planejando agora

por Stephen Lendman



Por mais de 14 anos, Daniel Estulin tem investigado e pesquisado a ampla influência do Clube Bilderberg sobre negócios e finanças, política global, guerra e paz, e o controle dos recursos globais e seu dinheiro.

Seu livro, "A Verdadeira História do Clube Bilderberg", foi publicado em 2005 e foi atualizado em uma edição de 2009. Ele afirma que em 1954, "os homens mais poderosos do mundo se encontraram pela primeira vez" em Oosterbeek, Holanda, "debateram o futuro do mundo", e decidiram se encontrar anualmente em segredo. Eles se chamaram Clube Bilderberg com uma lista de membros representando um "quem é quem" das elites globais, principalmente da América, Canadá e Europa Ocidental com nomes familiares como David Rockefeller, Henry Kissinger, Bill Clinton, Gordon Brown, Angela Merkel, Alan Greenspan, Ben Bernanke, Larry Summers, Tim Geithner, Lloyd Blankfein, George Soros, Donald Rumsfeld, Rupert Murdoch, outros chefes de Estado, senadores influentes, congressistas e parlamentares, oficiais do Pentágono e da OTAN, membros da realeza europeia, figuras seletas da mídia, e outros convidados - alguns discretamente, segundo relatos, como Barack Obama e muitos de seus principais burocratas.

Sempre bem representadas estão figuras centrais do Conselho de Relações Exteriores, do FMI, do Banco Mundial, da Comissão Trilateral, da União Europeia, e poderosos banqueiros centrais da Reserva Federal, Jean Claude Trichet do Banco Central Europeu, e Mervyn King do Banco da Inglaterra.

Por mais de meio século, nenhuma agenda ou tópico de discussão se tornou público, nem qualquer cobertura de mídia foi permitida. Os poucos convidados do Quarto Estado e seus chefes juram manter segredo. Não obstante, Estulin ingressou em uma "jornada investigativa" que se tornou a obra de sua vida. Ele afirma:

"Lentamente, uma por uma, eu penetrei nas camadas de segredo que cercam o Clube Bilderberg, mas eu não poderia ter feito isso sem a ajuda de 'objetores de consciência' de dentro, bem como de fora, da lista de membros do Clube". Como resultado, ele mantém seus nomes em segredo.

Qualquer fosse sua missão inicial, o Clube é agora um "governo mundial nas sombras...ameaçando tomar nosso direito de dirigir nossos destinos, criando uma realidade perturbadora", fundamentalmente danosa para o bem-estar público. Em resumo, os bilderbergers querem suplantar a soberania nacional individual com um governo global onipotente, controlado por corporações e mantido no lugar pela imposição militar.

"Imagine um clube privado em que presidentes, primeiro-ministros, banqueiros internacionais e generais sentam lado a lado, onde chaperones monárquicos cheios de graça garantem que todos se deem bem, e onde as pessoas que controlam as guerras, os mercados, e a Europa (e a América) dizem o que jamais ousariam falar em público".

Cedo em sua história, os bilderbergers decidiram "criar uma 'aristocracia de propósito' entre a Europa e os EUA para atingir consenso para governar o mundo em questões de política, economia, e estratégia". A OTAN foi essencial para seus planos - para garantir "guerra perpétua e chantagem nuclear" a serem usadas conforme necessário. Então prosseguem ao saque do planeta, alcançam riqueza e poder fabulosos e esmagam toda oposição para mantê-los.

Junto à dominação militar, controlar o dinheiro do mundo é crucial porque com isso vem o controle absoluto como a poderosa família Rothschild entendeu no século XIX. Como disse o patriarca Amschel Rothschild uma vez: "Dê-me o controle do dinheiro de uma nação e eu não me importo com quem faz suas leis".

Os bilderbergers compõem o clube mais exclusivo do mundo. Ninguém consegue comprar ingresso. Apenas o Comitê Diretor do grupo decide quem convidar, e em todos os casos os participantes são aderentes à governança unipolar das elites.

Segundo as regras do Comitê Diretor:

"os convidados devem vir sozinhos; sem esposas, namoradas, maridos ou namorados. Assistentes pessoais (significando seguranças, guarda-costas, protetores da CIA ou de outros serviços secretos) não podem participar da conferência e devem comer em um salão separado. Os convidados estão explicitamente proibidos de dar entrevistas e jornalistas ou divulgar qualquer coisa que ocorrer nos encontros.

Os governos-sede fornecerão segurança geral para manter os penetras longe. 1/3 dos convidados são figuras políticas. Os outros são da indústria, finanças, academia, trabalho e comunicações.

O procedimento dos encontros segue as Regras da Chatham House deixando os convidados livres para que expressem suas opiniões em uma atmosfera relaxada, sabendo que nada dito será citado ou revelado ao público. Os encontros são sempre francos, mas não concluem sempre em consensos".

A participação consiste em convidados anuais (por volta de 80 dos mais poderosos do mundo) e outros convidados apenas ocasionalmente por causa de seu conhecimento ou envolvimento em tópicos relevantes. Aqueles mais valorizados são convidados novamente, e alguns marinheiros de primeira viagem são escolhidos por sua possível utilidade posterior.

O governador do Arkansas Bill Clinton, por exemplo, que participou em 1991. "Ali, David Rockefeller lhe disse porque a NAFTA era uma prioridade do Bilderberg e que o grupo precisava que ele desse apoio. No ano seguinte, Clinton foi eleito presidente", e em janeiro de 1994 a NAFTA entrou em vigor. Vários outros exemplos são similares, incluindo quem é selecionado para posições de governo, militares e outras centrais.

Objetivos do Bilderberg

O grande projeto do Clube é o de "Um Governo Mundial (Corporação Mundial) com um único mercado global, policiado por um único exército mundial, e financeiramente regulado por um único Banco Mundial, usando uma moeda global". Sua "lista de desejos" inclui:

- "Uma única identidade internacional observando um único conjunto de valores";

- Controle centralizado de populações mundiais através de "controle mental"; em outras palavras, controlar a opinião pública mundial;

- Uma Nova Ordem Mundial sem classe média, apenas "governantes e servos", e, é claro, sem democracia;

- "Uma sociedade de crescimento zero" sem prosperidade ou progresso, apenas mais riquezas e poder para os governantes;

- Crises manufaturadas e guerras perpétuas;

- Controle absoluto da educação para programar a mente pública e treinar os escolhidos para vários papeis;

- "Controle centralizado de toda política doméstica e externa"; um único "tamanho de sapato" para todos;

- Usar a ONU como governo mundial de facto impondo uma taxa da ONU sobre os "cidadãos globais";

- Expandir a NAFTA e a OMC globalmente;

- Tornar a OTAN um exército mundial;

- Impor um sistema jurídico universal; e

- "Um Estado de Bem-Estar Social global no qual escravos obedientes serão recompensados e inconformistas serão alvo de extermínio".

Parceiros Secretos do Bilderberg

Nos EUA, o Conselho de Relações Exteriores é dominante. Um de seus fundadores em 1921, Edward Mandell House, era conselheiro-chefe de Woodrow Wilson e dizia-se à época que ele era o real governante de 1913 a 1921. Sob seus olhos o Ato da Reserva Federal foi aprovado em dezembro de 1913, dando aos banqueiros o poder de criação de dinheiro, e a 16ª Emenda foi ratificada em fevereiro criando o imposto de renda federal para fornecer uma fonte de renda para pagar pela dívida governamental.

Desde seu início, o Conselho de Relações Exteriores tem estado comprometido com "um governo mundial baseado em um sistema financeiro global...". Hoje, o CRE possui milhares de membros influentes (incluindo membros na mídia corporativa), mas mantém um perfil público discreto, especialmente em relação a sua verdadeira agenda.

O historiador Arthur Schlesinger Jr. o chamou de "organização de fachada para o coração do Establishment Americano". Ele se reúne em privado e só publica o que deseja que o público saiba. Seus membros são exclusivamente americanos. 

A Comissão Trilateral (discutida abaixo) é um grupo similar que "reúne mediadores globais". Fundada por David Rockefeller, ele também é um importante bilderberger e Presidente Emérito do CRE, organizações que ele continuar a financiar e apoiar.

Seus membros passados atuais refletem seu poder:

- quase todos os candidatos presidenciais de ambos os partidos;

- importantes senadores e congressistas;

- membros importantes do Quarto Estado e seus chefes; e

- oficiais de alto escalão do FBI, CIA, NSA, da defesa e de outras agências governamentais, incluindo estado, comércio, judiciário e tesouro.

De sua parte, "o CFR tem servido como agência de emprego para o governo federal tanto sob democratas quanto sob republicanos". Quem quer que ocupe a Casa Branca, "o poder e agenda do CFR" permanecem imutáveis desde sua fundação em 1921.

Ele defende um Superestado global com a América e outras nações sacrificando sua soberania em prol de um poder central. O fundador do CRE Paul Warburg foi um membro do "truste cerebral" de Roosevelt. Em 1950, seu filho, James, disse ao Comitê de Relações Exteriores do Senado: "Nós teremos um governo mundial, quer vocês queiram ou não - por conquista ou consenso".

Depois, no encontro do Clube Bilderberg em 1992, Henry Kissinger disse:

"Hoje, americanos ficariam ultrajados se tropas da ONU entrassem em Los Angeles para restaurar a ordem; amanhã, eles ficarão agradecidos. Isto é especialmente verdadeiro se lhes fosse dito que havia uma ameaça externa, fosse real ou promulgada, que ameaçasse nossa própria existência. É então que todos os povos do mundo implorarão aos líderes mundiais para que eles os livrem dessa mal...direitos individuais serão voluntariamente entregues em troca da garantia de seu bem-estar oferecida por seu governo mundial".

O CRE planejava uma Nova Ordem Mundial antes de 1942, e "a ONU começou com um grupo de membros do CRE chamado de Grupo da Agenda Informal". Eles rascunharam a proposta original da ONU, a apresentaram a Franklin Roosevelt que então a anunciou publicamente no dia seguinte. Quando de sua fundação em 1945, membros do CRE compunham mais de 40 dos delegados dos EUA.

Segundo o professor G. William Domhoff, autor de Quem Governa a América, o CRE opera em "grupos pequenos de aproximadamente 25, que reúnem líderes das seis categorias conspiratórias (industrialistas, financistas, ideólogos, militares, especialistas profissionais - advogados, médicos, etc. - e trabalho organizado) para discussões detalhadas de tópicos específicos na área das relações exteriores". Domhoff acrescentou:

"O Conselho de Relações Exteriores, ainda que não financiado pelo governo, trabalha tão próximo dele que é difícil distinguir ações do Conselho estimuladas pelo governo de ações autônomas. Suas fontes de renda mais importantes são as maiores corporações e fundações". As Fundações Rockefeller, Carnegie e Ford, só para nomear três, e elas são dirigidas por membros fundamentais.

Parceiros Midiáticos Dominantes

O ex-presidente da CBS Richard Salant (1961-64 e 1966-79) explicou o papel central da mídia: "Nosso trabalho é dar às pessoas não o que elas querem, mas o que decidimos que elas devem querer".

A CBS e outros gigantes midiáticos controlam tudo que vemos, ouvimos e lemos - através da TV, rádio, jornais, revistas, livros, filmes e grandes porções da internet. Seus principais funcionários e alguns jornalistas frequentam reuniões do Bilderberg - com a condição de não reportarem nada.

A família Rockefeller exerce enorme poder, ainda que seu patriarca reinante, David, vá fazer 94 anos em 12 de junho e esteja certamente perto do fim de sua dominância. Porém, por anos "os Rockefellers (liderados por David) adquiriram grande influência sobre a mídia. Com ela, a família adquiriu controle sobre a opinião pública. Com o pulso da opinião pública, eles adquiriram profunda influência sobre a política. E com esta política de corrupção sutil, eles estão assumindo o controle da nação" e agora objetivam dominação mundial total.

O esquema Bilderberger-Rockefeller é tornar suas perspectivas "tão atraentes (camuflando-as) que elas se tornam política pública e podem pressionar líderes mundiais para que se submetam 'às necessidades dos Mestres do Universo'." A "imprensa do mundo livre" é seu instrumento para disseminar "propaganda previamente combinada".

Controle do Gabinete do CRE

"O Ato de Segurança Nacional de 1947 estabeleceu o ofício de Secretário de Defesa". Desde então, 14 Secretários do Departamento da Defesa foram membros do CRE.

Desde 1940, cada Secretário de Estado, com exceção de James Byrnes, foi membro do CRE e/ou da Comissão Trilateral.

Pelos últimos 80 anos, "virtualmente todo conselheiro importante de Segurança Nacional ou das Relações Exteriores foi um membro do CRE".

Quase todos os generais e almirantes de mais alta patente tem sido membros do CRE.

Muitos candidatos presidenciais foram/são membros do CRE, incluindo Herbert Hoover, Adlai Stevenson, Dwight Eisenhower, John Kennedy, Richard Nixon, Gerald Ford, Jimmy Carter (também membro da CT), George H.W. Bush, Bill Clinton, John Kerry e John McCain.

Inúmeros diretores da CIA foram/são membros do CRE, incluindo Richard Helmes, James Schlesinger, William Casey, William Webster, Robert Gates, James Woolsey, John Deutsch, George Tenet, Porter Goss, Michael Hayden e Leon Panetta.

Muitos Secretários do Tesouro foram/são membros do CRE, incluindo Douglas Dillon, George Schultz, William Simon, James Baker, Nicholas Brady, Lloyd Bentsen, Robert Rubin, Henry Paulson e Tim Geithner.

Quando presidentes nomeiam candidatos à Suprema Corte, o "Grupo Especial, Time Secreto" do CRE ou seus conselheiros os avaliam por sua aceitabilidade. Os presidentes, na verdade, são orientados sobre quem indicar, incluindo candidatos à Suprema Corte e da maioria dos tribunais inferiores.

Programando a Mente Pública

Segundo o sociólogo Hadley Cantril em seu livro de 1967, A Dimensão Humana - Experiências em Pesquisa de Política:

"Operações psicopolíticas são campanhas de propaganda construídas para criar tensão perpétua e manipular diferentes grupos de pessoa para aceitar o clima particular de opinião que o CRE busca atingir no mundo".

O escritor canadense Ken Adachi (1929-1989) acrescentou:

"O que a maioria dos americanos crê ser 'opinião pública' é na realidade propaganda cuidadosamente desenhada e redigida para gerar uma resposta comportamental desejada do público".

E o notório acadêmico e ativista australiano Alex Carey (1922-1988) explicou os três desenvolvimentos mais importantes do século XX - "O crescimento da democracia, o crescimento do poder corporativo e o crescimento da propaganda corporativa como meio de proteger o poder corporativo contra a democracia".

Teia de Controle

Inúmeros think-tanks, fundações, grandes mídias e outras organizações importantes são geridos por membros do CRE. A maioria de seus membros vitalícios também pertence ao TC e ao Clube Bilderberg, operam secretamente, e manejam poder enorme sobre questões globais e americanas.

A Comissão Trilateral foi fundada pelos Rockefeller.

Na página 405 de suas memórias, David Rockefeller escreve:

"Alguns até mesmo acreditam que somos parte de uma cabala secreta trabalhando contra os melhores interesses dos EUA, caracterizando minha família e eu como 'internacionalistas' e conspirando com outros ao redor do mundo para construir uma estrutura econômica e política global integrada - um único mundo, digamos assim. Se esta é a acusação, eu sou culpado, e tenho orgulho disso".

Em aliança com o Bilderberg, a CT também "desempenha um papel vital no esquema da Nova Ordem Mundial de usar a riqueza, concentrada nas mãos de poucos, para exercer controle mundial". Membros do CT partilham de opiniões em comum e todas elas estão ligadas a dominação global incontestável.

Fundada em 1973 e sediada em Washington, seus poderesos membros americanos, europeus e asiáticos buscam seu objetivo operativo fundacional - uma "Nova Ordem Econômica Internacional", agora simplesmente uma "Nova Ordem Mundial" governada por elites globais dessas três partes do mundo com membros menores admitidos de outros países.

Segundo o sítio virtual da CT, "cada grupo regional possui um presidente e vice-presidente, que juntos constituem a liderança do Comitê. O Comitê Executivo reúne mais 36 indivíduos dentre os membros", proporcionalmente representando os EUA, a UE e a Ásia em seus primeiros anos, agora ampliado em uma direção global.

Membros do Comitê se encontram várias vezes anualmente para discutir e coordenar seu trabalho. O Comitê Executivo seleciona membros, e a qualquer dado momento 350 deles para um período renovável de três anos. Todo mundo é alguém com conhecimento profundo em negócios, finanças, política, questões militares, ou mídia, incluindo ex-presidentes, secretários de estado, banqueiros internacionais, executivos de think-tanks e fundações, presidentes de universidades e acadêmicos selecionados, bem como ex-senadores e congressistas, entre outros.

Apesar de seus relatórios anuais estarem disponíveis para compra, seus trabalhos internos, objetivos atuais, e operações são secretas - com boa razão. Seus objetivos prejudicam o público, portanto não devem ser revelados. O autor de Trilaterais sobre Washington Antony Sutton escreveu:

"este grupo de cidadãos privados está precisamente organizado de uma maneira que garante que suas perspectivas coletivas tenham impacto significativo sobre a política pública".

Em seu livro, Trilateralismo: A Comissão Trilateral e o Planejamento da Elite para o Gerenciamento Global, Holly Sklar escreveu:

"Figuras poderosas na América, Europa e Ásia permitem que os ricos salvaguardem os interesses do capitalismo ocidental em um mundo explosivo - provavelmente desencorajando o protecionismo, o nacionalismo ou qualquer resposta que coloquem as elites de um país contra as elites de outro, em sua busca comum por domínio global".

O trilateralista Zbigniew Brzezinski (cofundador da CT) escreveu em seu Entre Duas Eras - O Papel da América na Era Tecnocrática:

"pessoas, governos e economias de todas as nações devem servir às necessidades de bancos e corporações multinacionais. A Constituição é inadequada...o velho esquema da política internacional, com suas esferas de influência...a ficção da soberania...claramente não são mais compatíveis com a realidade..."

A CT hoje agora é global, com membros de países tão diversos quanto Argentina, Ucrânia, Israel, Jordânia, Brasil, Turquia, China e Rússia. Em seu Trilaterais Sobre a América, Antony Sutton acredita que o objetivo da CT é colaborar com os bilderbergers e o CRE para "estabelecer objetivos de política pública a serem implementados pelos governos ao redor do mundo". Ele acrescentou que "trilateralistas tem rejeitado a Constituição americana e o processo político democrático". Na verdade, a CT foi estabelecida para responder a uma "crise na democracia" - cujos excessos tinham que ser contidos.

Um relatório oficial da CT estava temeroso sobre "a crescente participação e controle populares sobre instituições sociais, políticas e econômicas estabelecidas e especialmente uma reação contra a concentração de poder do Congresso e do governo local".

Para lidar com isso, o controle midiático era essencial para exercer "contenção do que jornais (e TV e rádio) poderiam publicar". Então, segundo Richard Gardner na edição de julho de 1974 da revista Foreign Affairs (publicação do CRE):

A liderança do CRE deve promover "um esgotamento da soberania nacional, dilapidando-a pedaço por pedaço", até que a própria noção desapareça do discurso público.

O sucesso bilderberger/trilateralista/CRE depende de encontrar "uma maneira de nos fazer render nossas liberdades em nome de alguma ameaça ou crise comum. As fundações instituições educacionais e think-tanks de pesquisa apoiados por essas organizações obrigam financiando supostos 'estudos' que são então usados para justificar cada excesso. As desculpas variam, mas o alvo sempre é a liberdade individual. Nossa liberdade" e muito mais.

Bilderbergers, trilateralistas e membros do CRE querem "um monopólio abrangente" - sobre o governo, o dinheiro, a indústria e a propriedade, que seja "auto-perpetuante e eterno". Em Confissões de um Monopolista (1906), Frederick C. Howe explicou seus trabalhos na prática:

"As regras do grande negócio: consiga um monopólio; deixe a Sociedade trabalhar por você. Enquanto continuarmos vendo revolucionários internacionais e todos os capitalistas internacionais como inimigos implacáveis um do outro, então olvidaremos um ponto crucial...uma parceria entre o capitalismo monopolista internacional e o socialismo revolucionário internacional é para seu benefício mútuo".

No Arquivo Rockefeller, Gary Allen escreveu:

"Ao fim do século XIX, os santuários internos de Wall Street compreendiam que a maneira mais eficiente de adquirir um monopólio era dizer que isso era para o 'bem público' e 'interesse público'."

David Rockefeller aprendeu o mesmo de seu pai, John D. Jr., que aprendeu de seu pai, John D. Sr. Eles odiavam competição e impiedosamente labutaram para eliminá-la - para David em uma escala global através de uma Nova Ordem Mundial.

Nos anos 70 e 80, trilateralistas e membros do CRE colaboraram no "Projeto 1980", a maior iniciativa do CRE a mover eventos globais "rumo a um resultado futuro desejável em particular envolvendo a total desintegração da economia". Por quê? Essa é a pergunta.

Porque por volta das décadas de 50 e 60, crescimento industrial global significava mais competição. Era também um modelo a ser seguido, e "tinha que ser estrangulado no berço" ou pelo menos contido. Na América também, a partir dos anos 80. O resultado foi uma transferência de renda dos pobres para os ricos, o encolhimento da classe média e um plano para sua eventual extinção.

A União Norte-Americana (UNA)

A ideia emergiu durante a administração Reagan no início dos anos 80. David Rockefeller, George Schultz e Paul Volker disseram ao presidente que Canadá e EUA poderiam ser fundidos economicamente e politicamente ao longo dos próximos 15 anos exceto por um problema - o Quebec francófono. Sua solução - eleger um Primeiro-Ministro bilderberger, separar o Quebec das outras províncias, e então tornar o Canadá o 51º estado americano. Quase funcionou, mas deu errado quando um referendo de 1995 sobre secessão foi derrotado - 50.56% a 49.44%, mas não a ideia de fusão.

Em um encontro em 23 de março de 2005, em Waco, Texas, na qual compareceram George Bush, o presidente mexicano Vincente Fox e Paul Martin do Canadá, a Parceria de Prosperidade e Segurança (PPS) foi lançada, também conhecida como União Norte-Americana (UNA). Era um acordo secreto para uma Força-Tarefa Independente da América do Norte - um grupo organizado pelo Conselho Canadense de Executivos, pelo Conselho Mexicano de Relações Exteriores e pelo CRE com os seguintes objetivos:

* Contornar os legislativos dos três países e suas Constituições;
* Suprimir conhecimento ou consideração públicas; e
* Propor uma maior integração política, econômica, social e de segurança americana, canadense e mexicana com grupos secretos de trabalho formados para desenvolver acordos não-debatíveis e não-votados para que sejam imodificáveis e cogentes.

Em resumo, um golpe de Estado corporativo contra a soberania de três países imposto por uma militarização linha-dura para suprimir a oposição.

Caso aprovada, isso criará uma América do Norte sem fronteiras, controlada por corporações, sem barreiras para comércio ou fluxo de capital para os gigantes do mercado, principalmente americanos e muito mais - o acesso americano a recursos vitais, especialmente petróleo e à água potável canadense.

Secretamente, mais de 300 iniciativas da PPS foram construídas para harmonizar as políticas do continente sobre energia, alimentação, drogas, segurança, imigração, manufatura, meio ambiente, e saúde pública, além de militarizar as três nações para garantir a imposição.

A PPS representa outro passo rumo ao objetivo bilderberger/trilateralista/CRE para um Governo Mundial, dando um passo de cada vez. Uma "Europa Unida" era outro, resultado de vários tratados e acordos econômicos:

* A Comunidade Europeia de Aço e Carvão de dezembro de 1951, entre seis nações;
* O Tratado de Roma estabelecendo a Comunidade Econômica Europeia de março de 1957, entre seis nações;
* Também a Comissão Europeia de Energia Atômica por um segundo Tratado de Roma;
* A Corte de Justiça Europeia de outubro de 1957 para resolver disputas comerciais regionais;
* A Associação Europeia de Livre-Comércio de maio de 1960;
* A Comunidade Econômica Europeia de julho de 1967, fundindo as organizações anteriores em uma única organização;
* A União Alfandegária Europeia para abolir alfândegas e estabelecer taxas de importação uniformes entre países da CEE;
* A Unidade Monetária Europeia de 1978;
* O Ato Europeu Singular, de fevereiro de 1986, que revisou o Tratado de Roma, estabelecendo o objetivo de formar um Mercado Comum até 31 de dezembro de 1992;
* O Tratado de Maastricht de fevereiro de 1992, criando a União Europeia em 1 de novembro de 1993; e
* O nome "euro" foi adotado em dezembro de 1995; foi introduzido em janeiro de 1999, substituindo a Unidade Monetária Europeia; euros começaram a circular em janeiro de 2002; eles agoram são a moeda oficial em 16 dos 27 países da UE.

Por mais de meio século, os passos acima custaram aos membros da UE sua soberania "na medida em que de 70 a 80% das leis aprovadas na Europa envolvem apenas carimbar regulamentos já redigidos por burocratas anônimos em 'grupos de trabalho' em Bruxelas ou Luxemburgo".

A UE e a UNA partilham de características em comum:

* Defesa por um porta-voz influente;
* Uma união econômica e, depois, política;
* Segurança linha-dura, e para a Europa, pôr fim a guerras no continente entre países-membros;
* O estabelecimento de uma consciência coletiva para substituir o nacionalismo;
* A dissolução de fronteiras e a criação de um "supragoverno"; um Super-Estado;
* Arranjos secretos para mascarar objetivos reais; e
* A criação de uma moeda comum, eventualmente global;

Passos para uma União Norte-Americana:

* O Acordo de Livre-Comércio de 4 de outubro de 1988 entre EUA e Canadá, finalizado no ano anterior;
* O Encontro Bilderberg de 1991, quando David Rockefeller conseguiu o apoio do governador Bill Clinton para a NAFTA se ele se tornasse presidente;
* Aprovação da legislação da OMC pelo Congresso em 1 de janeiro de 1994, sem debate;
* Na primeira Cúpula das Américas em dezembro de 1994, 34 líderes hemisféricos comprometeram suas nações com um Acordo de Livre-Comércio das Américas até 2005 - até agora não realizado;
* Em 4 de julho de 2000, o presidente mexicano Vincente Fox pediu um mercado comum norte-americano em até 20 anos;
* Em fevereiro de 2001, a Casa Branca publicou uma declaração conjunta de George Bush e Vincente Fox chamada "Proposta Guanajuato"; ela pedia uma parceria de coprosperidade entre EUA, Canadá e México (ou seja, União Norte-Americana);
* Em setembro de 2001, Bush e Fox concordaram com uma "Iniciativa de Parceria para a Prosperidade;
* O ataque de 11 de setembro de 2001 deu cobertura para incluir "segurança" como parte de uma futura parceria;
* Em 7 de outubro de 2001, um encontro do CRE ressaltou "O Futuro da Integração Norte-Americana Após os Ataques Terroristas"; pela primeira vez, "segurança" se tornou parte de uma "parceria para prosperidade" no futuro; também, o Canadá seria incluído em um acordo "norte-americano";
* Em 2002, o Fórum Norte-Americano sobre Integração foi estabelecido em Montreal "para discutir as questões levantadas pela integração norte-americana, bem como identificar novas ideias e estratégias para reforçar a região norte-americana";
* Em janeiro de 2003, o Conselho Canadense de Executivos (composto pelos  150 maiores CEOs) lançou a "Iniciativa de Prosperidade e Segurança Norte-Americana" pedindo integração continental;
* Em abril de 2004, o primeiro-ministro canadense Paul Martin anunciou a primeira política de segurança nacional do país, chamada "Garantir uma Sociedade Aberta";
* Em 15 de outubro de 2004, o CRE estabeleceu uma Força-Tarefa Independente sobre o Futuro da América do Norte - para uma união continental futura;
* Em março de 2005, um relatório do CRE chamado Criando uma Comunidade Norte-Americana pediu integração continental até 2010 "para garantir prosperidade e oportunidade para todos os norte-americanos"; e
* Em 23 de março de 2005, em Waco, Texas, os líderes dos EUA, Canadá e México lançaram a Parceria de Prosperidade e Segurança - também conhecida como União Norte-Americana.

Negociações secretas continuam. O debate legislativo é excluído, e a inclusão e debate públicos estão fora da questão. Em maio de 2005, a Força-Tarefa Independente Sobre o Futuro da América do Norte publicou um relatório de acompanhamento intitulado Construindo uma Comunidade Norte-Americana - propondo uma união de três nações sem fronteiras até 2010.

Em junho e julho de 2005, na República Dominicana - Acordo de Livre Comércio da América Central passou no Senado e na Câmara, que estabelece as regras de comércio aprovados pelas corporações para empobrecer ainda mais a região e avançar mais um passo para a integração continental.

Em março de 2006, o Conselho de Competitividade da América do Norte (NACC) foi criado na Segunda Cúpula da PPS em Cancun, México. Composto pelos 30 maiores CEOs norte-americanos, ele serve como um grupo de trabalho trilateral oficial SPP.

Reuniões governamentais e empresariais secretos continuam, por isso não há maneira de confirmar o status atual da PPS ou se Barack Obama está continuando perfeitamente a agenda de George Bush. Em um artigo anterior, este escritor disse:

Os esforços da PPS pausaram durante a transição de Bush a Obama, mas os planos de "integração profunda" permanecem. O Instituto Fraser do Canadá propôs mudar o nome da iniciativa para Área Regulatória e de Padrões da América do Norte para disfarçar sua verdadeira finalidade. Ele disse que a "marca PPS" é manchada por isso o re-branding é essencial - para enganar o público até que seja tarde demais para que importe.

Os líderes bilderbergers, trilateralistas e do CRE dão apoia como mais um passo em direção à integração global e não vão "parar até que o mundo inteiro está unificado sob os auspícios e o guarda-chuva político de uma Uma Única Corporação, um mundo sem fronteiras de pesadelo comandado pela camarilha mais poderosa do mundo "- composta por membros-chave elitistas dessas organizações dominantes.

Em abril de 2007, o Conselho Econômico Transatlântico foi estabelecido entre a América e a União Europeia para:

* Criar um "órgão governamental internacional oficial" - por decreto executivo;

* Harmonizar os objetivos econômicos e regulamentares;

* Avançar em direção a um mercado comum transatlântico; e

* Dar mais um passo para um Governo Mundial dirigido pelos interesses corporativos mais poderosos do mundo.

Insights sobre a reunião de 2009 do Grupo Bilderberg

De 14 a 17 de maio bilderbergers realizaram a sua reunião anual em Vouliagmeni, Grécia, e de acordo com Daniel Estulin tem planos terríveis para as economias globais.

De acordo com suas fontes pré-reuniões, eles estão divididos em duas alternativas:

"Ou uma prolongada e angustiante depressão econômica que condene o mundo a décadas de estagnação, declínio e pobreza (ou) uma intensa mas mais curta depressão que abra o caminho para uma nova ordem mundial sustentável, com menos soberania, mas mais eficiência."

Outros itens da agenda incluíram:

- "O futuro do dólar norte-americano e da economia dos EUA;"

- Continuar a mentir sobre sinais de fim da recessão e recuperação econômica;

- Suprimir o fato de que os testes de estresse dos bancos foram uma farsa e foram projetados para enganar, não uma avaliação precisa da saúde dos bancos principais;

- Projetar o desemprego nos Estados Unidos como atingindo 14% no final do ano - muito acima de previsões atuais, o que significa que o verdadeiro número será o dobro, no mínimo, com todas as categorias incontáveis ​​incluídos; e

- Um impulso final para conseguir que o Tratado de Lisboa seja aprovado, para uma adoção pan-europeia de regras neoliberais, incluindo maiores privatizações, menos direitos dos trabalhadores e benefícios sociais, comércio de fronteira aberta favorecendo Estados desenvolvidos acima dos emergentes, e uma maior militarização para suprimir liberdades civis e direitos humanos.

Após o encontro, Estulin conseguiu um relatório de 73 páginas sobre o que foi discutido. Ele observou que "Uma das principais preocupações do Bilderberg...é o perigo de que seu zelo para mudar o mundo engendrando caos (em direção) a sua agenda a longo prazo pode fazer com que a situação espirale para fora de controle e, eventualmente, levar a um cenário onde o Bilderberg e a elite global em geral fiquem sobrecarregadas por eventos e acabem perdendo seu controle sobre o planeta."

Estulin também observou algumas divergências consideráveis ​​entre a "linha dura" que quer um "declínio dramático e uma grave depressão, de curto prazo contra outros que pensam que as coisas foram longe demais" para que "a precipitação da cataclismo econômico global" não pode ser sabida previamente, pode ser maior do que o previsto, e pode prejudicar os interesses bilderbergers. Além disso, "alguns banqueiros europeus expressaram grande alarme sobre seu próprio destino e chamaram a atitude em questão de 'insustentável'".

Houve uma combinação de acordo e medo de que a situação continua dramática e que o pior da crise está pela frente, principalmente por causa do nível de endividamento extremo da América que deve ser resolvido para produzir uma recuperação sustentável saudável.

Tópicos também incluiu:

- A criação de um Departamento do Tesouro Mundial e o Banco Central Global, possivelmente em parceria com ou como parte do FMI;

- Uma moeda global;

- Destruição do dólar através do que o analista de longa data do mercado Bob Chapman chama de "um default furtivo da dívida americana, pela continuação de emissões de enormes quantidades de dinheiro e de crédito e no processo desvalorização do dólar", um processo que ele chama de "fraude";

- Um sistema jurídico global;

- Explorar o susto da gripe suína para criar um departamento global da OMS; e

- O objetivo geral de um governo global e o fim da soberania nacional.

No passado, fontes de Estulin se provaram exatas. Anteriormente, ele previu a crise imobiliária e o declínio do mercado financeiro de 2007-2008, precedido pelo tipo de crise financeira desencadeada pelo colapso do Lehman Brothers. Fique atento para mais atualizações dele conforme novas informações vaza sobre o que as elites do poder do mundo tem planejado enquanto avançam.

18/11/2015

Aleksandr Dugin - Os Ataques Terroristas em Paris: Lição de Enantiodromia

por Aleksandr Dugin



Uma série de ataques terroristas em Paris que ocorreu na sexta-feira, 13 de novembro de 2015, pode ser, por muitas razões, um ponto de referência de um novo período da história europeia moderna. Se será ou não é uma questão em aberto, porque tudo depende de como estes eventos serão interpretados pela sociedade francesa e europeia, e que conclusões elas tirarão.

O desenvolvimento de eventos é já conhecido: em diferentes pontos de Paris um grupo bem organizado e coordenado de pessoas gritando fórmulas teológicas islâmicas (Allahu Akbar, etc.) começou a disparar contra civis sentados em bares e cafés naquela tarde que se preparavam para celebrar o fim de semana. Em conjunção, homens-bomba atacaram o estádio parisiense Stade de Paris, onde as seleções francesa e alemã jogavam uma partida de futebol. Ao mesmo tempo, um grupo de terroristas invadiu a casa de shows Bataclan onde um concerto da banda americana Eagles of Death Metal havia apenas começado, e começou a disparar contra a multidão, tomando-os como reféns. Como resultado, quase duzentas pessoas morreram e muitas outras ficaram feridas. O Estado Islâmico disse ser responsável pelos ataques terroristas.

Detalhes e versões do evento serão continuamente atualizados, mas é importante não apenas compreender a distinção, mas também descobrir seu significado.

"Islã" Sociedade do Espetáculo: Bem-Vindos a Nosso Show de Horrores

A organização terrorista ISIS é diferente de outras tendências do fundamentalismo islâmico moderno não apenas pelo escopo de atividade e sucesso em controlar grandes territórios no Iraque e Síria, por redes ramificadas em outros países islâmicos e sua coordenação eficiente, mas em primeiro lugar, por um grotesco arranjo de ações usualmente de natureza terrorista. Suas execuções de reféns são sempre conduzidas como uma peça teatral: a vítima veste o uniforme laranja, os executores cortando a cabeça e zombando do corpo perante a câmera. Operadores profissionais trabalham, luzes precisamente selecionadas e cenas chocantes e bem dirigidas superando filmes hollywoodianos como O Albergue ou vídeos snuff proibidos, onde a violência é real. Cristãos são crucificados em público. Monumentos antigos inestimáveis de culturas médio-orientais arcaicas que são valiosas para toda a civilização são impiedosamente esmagados. Homossexuais são arremessados de telhados e sua execução é cuidadosamente filmada. Mulheres e meninas capturadas são brutalmente estupradas e transformadas em escravas. Crianças de pouca idade são ensinadas a cortar a cabeça de seus ursinhos de pelúcia com uma faca. Novamente, tudo isso é filmado e metodicamente publicado na internet. Os porta-vozes do ISIS acrescentam em seus vídeos ameaças diretas e extremas contra todos os seus oponentes, prometendo que serão mortos, estuprados, desmembrados, escravizados, humilhados e pisoteados, e seu valor transformado em pó. Tudo isso baseado nas ideias islamistas clássicas de persuasão salafista, mas a teologia não parece para o ISIS como um aspecto importante: há algo de diferente em relação ao fundamentalismo islâmico clássico; é o Islã sociedade do espetáculo, um desprezível show de snuff islamista. Nada de pregadores tediosos, teólogos salafistas furiosos, apenas a escavadeira negra da indústria do entretenimento que adotou plenamente aqueles modelos criados pela cultura hollywoodiana moderna com pornografia e horror preponderantes, com todas as características de reality shows.

Isso distingue o estilo do ISIS. É um tipo de pós-modernismo; é o terrorismo fundamentalista pós-moderno. Ele possui mais traços em comum com a cultura visual ocidental do que com as sociedades religiosas tradicionais que o ISIS finge promover enquanto trava sua guerra. A religião é um instrumento, servindo a política, e ainda mais o entretenimento. O ISIS é em primeiro lugar um show, um show horrível. Parece ser exatamente o que os países ocidentais esperavam.

Os ataques terroristas recentes em Paris foram plenamente arranjados dessa maneira. Sexta-feira 13 é o preconceito comum da cultura moderna ocidental; é considerada uma data fatídica, portando má sorte. A série americana sobre o maníaco em uma máscara de hockey Sexta-Feira 13 tornou este portento extremamente notório entre a audiência de massa, a ponto de causar até mesmo o advento de um diagnóstico psiquiátrico específico, cada vez mais amplo, uma fobia da sexta-feira 13. Mas Sexta-Feira 13 só é assustador para pessoas ocidentais: americanos e europeus. Na cultura islâmica não há lenda similar. Não é sem propósito que a data dos ataques terroristas espetaculares foi escolhida assim, isso se encaixa perfeitamente na estratégia da Sociedade do Espetáculo. Você quer que nós te assustemos? Nós vamos fazer pra valer. É a lógica de qualquer filme de terror tentando fingir ser mais real. É difícil imaginar algo mais real do que terroristas cobrindo seus rostos, dirigindo ao redor das ruas de Paris na sexta-feira 13, iniciando sem fim de semana frívolo e disparando contra frequentadores de bares e cafés. É o maníaco fictício Jason Voorhees que veio até você, o homem que se afogou no acampamento Crystal Lake. O maníaco afogado que adotou o salafismo.

O que o ISIS queria dizer? O mesmo que nas ações grotescas anteriores. E o que é isso exatamente? O mesmo que toda a Sociedade do Espetáculo quer dizer: o pós-moderno não possui mais sentido, há apenas sentimentos, e se a sociedade só é provocada pelos sentimentos mais fortes, brutos e radicais como o medo animal, o terror da morte iminente, a queda súbita na situação de humilhação total, etc., pior para ela: nada pessoal, é apenas show business. Sangrento? Mas o que mais eles tem a fazer, se todos os sentimentos mais gentis não tocam mais as pessoas?

Como que as relações públicas sangrentas e o snuff perverso se relacionam ao Islã. Praticamente de maneira nenhuma. O ataque terrorista em Paris não possui uma única pista do conflito religioso ou do choque de civilizações. O ISIS é tão islâmico quanto Freddy Krueger ou Jeepers Creepers. É algo puramente hollywoodiano com um estilo perfeito, um reality show de terror da nova geração.

Enantiodromia do Oriente Médio

O pesadelo de Paris, porém, está inscrito na moldura geopolítica de referência, já que se trata de um episódio dos eventos que ocorrem no Oriente Médio. Há um caos sangrento em continuação, lançado com o apoio dos EUA e da Europa (incluindo a França) para derrubar os regimes estabelecidos da década passada. A derrubada e guerra civil resultante, que vem formalmente sob o slogan de "democracia em aprofundamento" segundo o plano americano do Grande Oriente Médio, foram abertamente anunciadas por Condoleezza Rice, Secretária de Estado dos EUA, em Tel Aviv em 2006. Tudo começou com a Primavera Árabe de 2010 e continua ainda agora. Durante aqueles processos lançados pelos americanos, às vezes acompanhados por invasão direta dos EUA ou de forças da OTAN no mundo árabe, uma série de conflitos políticos e religiosos sangrentos começou em diferentes países: Iraque, Líbia, Iêmen, Egito, Bahrein, Síria, etc. Neste jogo regional complexo os EUA, porém, não apostaram nas forças demo-liberais, que nem mesmo existem na região, mas em fundamentalistas islâmicos com quem a CIA e outras agências americanas de inteligência (em particular, a AID) haviam estado trabalhando desde os dias da Guerra Fria quando foram usados para combater regimes e partidos socialistas pró-soviéticos ou nacionalistas seculares (como o Baath, que governava antes do início dos últimos desenvolvimentos no Iraque e Síria, exatamente onde agora guerras sangrentas eclodem). O fundamentalismo islâmico tem seus principais centros na Arábia Saudita e no Qatar, onde as forças governantes são em geral pró-americanas, praticando uma versão extrema (salafista) de fundamentalismo islâmico (sunita). Forças similares são muito fortes no Paquistão e no Afeganistão.

Washington, portanto, usa o fundamentalismo islâmico para seus próprios interesses de aprofundar a democracia (que demonstra sérias contradições conceituais, que, porém, podem ser ignorados na era pós-moderna) e força seus "parceiros" (vassalos) europeus de vontade frouxa a fazer o mesmo. Mas mesmo com todas as inconsistências lógicas de tal política, é claro que o propósito dos EUA não pode ser o de pôr na cabeça do mundo árabe ou mesmo de todo o mundo islâmico islamistas radicais. Então aqui eis um efeito do pós-modernismo na geopolítica médio-oriental: os americanos, por um lado, apoiando e armando extremistas islâmicos para fazê-los destruir o sistema existente de governo, por outro lado, ativamente os demonizando, os representando como "criaturas diabólicas" e caricaturas sinistras (como a companhia de relações públicas do ISIS). Tal estratégia pode ser chamada de "enantiodromia", quando simultaneamente dois processos ativos e intensivos de direção oposta estão operando. A base americana e as ferramentas no Oriente Médio são coisas descritas simultaneamente por ambos como "puro mal".

A questão surge: por que isto é feito? Qual é o objetivo americano final? Essa questão possui o sentido mais importante para quem sofre pelo ataque terrorista em Paris, pelo menos para as poucas pessoas na França e na Europa moderna que ainda tem a habilidade de pensar racionalmente e sensivelmente. Agora eles estão sendo mortos impiedosamente em seu próprio território. Podemos perguntar o motivo? Qual é a razão?

Não há resposta evidente. A análise racional leva inexoravelmente à conclusão de que Washington, persistentemente e consistentemente usando sua própria enantiodromia geopolítica, não possui objetivo positivo. Os regimes que foram derrubados com o apoio dos americanos não representavam ameaça direta aos EUA em geral e costumavam concordar com Washington às vezes. Não havia necessidade urgente de os destruir de tal maneira. Especialmente quando a Síria de Assad ou a Líbia de Gaddafi eram muito mais próximas socialmente, culturalmente e axiologicamente dos EUA e da Europa do que os salafistas extremistas. Um fato deve ser reconhecido: os EUA não possuem objetivo positivo, e não são mais capazes de oferecer qualquer coisa ao mundo onde eles ainda são o pólo principal e o centro de poder, eles começam a exportar caos, massacres e guerra civil como um fim em si. Eles não estão interessados no que vai acontecer no futuro, mas no que está acontecendo agora. Isso significa que eles estão tão satisfeitos com o processo de enantiodromia que eles não buscam superar a contradição, mas estão dispostos a agravá-la, tornando o caos um ambiente natural. E neste ambiente, sendo normal, é possível apresentar certos objetivos táticos locais. Como os trotskistas foram ensinados sobre a "revolução permanente", a estratégia moderna de Washington adotou o conceito de "caos permanente". Não há objetivo a conquistar na nova guerra (às vezes chamada "híbrida"). O processo de garantir a guerra é o objetivo.

Os EUA combatem o ISIS da mesma maneira que combatem por ele e junto dele. A Rússia ainda segue ideias "ultrapassadas": ou um ou outro, ou a favor ou contra. Isso explica a política russa na Síria. Ela está lá para derrotar seu inimigo. Moscou não compreende ou não aceita a enantiodromia. A Rússia claramente está "atrasada" no pós-modernismo, se apegando à lógica clássica, inclusive na guerra e na política.

A Europa, incluindo a França, está em uma posição intermediária da geopolítica americana de caos no Oriente Médio. Por um lado, Washington obriga a Europa a seguir sua política (enantiodromia), por outro lado, o exemplo da Rússia, seguindo modelos mais clássicos de lógica, gera sobriedade e retorna as mentes de líderes europeus às questões usuais de objetivos, meios, causa, efeito, equilíbrio de poder, interesses e, finalmente, valores.

O ataque terrorista em Paris no dia 13 de novembro de 2015 é o momento de um radical agravamento de contradições. Os franceses se depararam com o desafio de que eles não podem lutar sob a enantiodromia atlantista existente, ao mesmo tempo, eles não são nem mesmo capazes de descrevê-la corretamente. Isso significa que este ataque não será o último. Paris não será capaz de responder a ele igualmente, porque ele não é capaz de compreendê-lo, nem mesmo descrevê-lo.

Assim o ISIS domina. Afinal, ninguém pode e quer detê-lo. E assim ele continuará, a Sociedade do Espetáculo tem sua própria lógica, a lógica perversa do entretenimento grotesco.

A política doméstica na França está lidando com a mesma enantiodromia pós-moderna que a geopolítica no Oriente Médio. Só que dessa vez ela é também uma dimensão ideológica associada com as ideias do liberalismo.

As ações livres dos terroristas do ISIS realizadas quando do ataque da sexta-feira 13 em Paris estão majoritariamente ligadas à situação que havia se formado na sociedade francesa por causa da imigração em massa, consistindo em pessoas do Oriente Médio e Magreb (principalmente muçulmanos) e agora a "nona onda" de refugiados, rapidamente abandonando as zonas mais sangrentas (Síria, Iraque, Iêmen, etc.). A campanha de relações públicas do ISIS joga lenha na fogueira, já que nem todos os muçulmanos veem algo de bom na paródia de seita extremista, nada mais que serial killers, porém todos conhecem a síndrome de Estocolmo quando reféns sinceramente defendem terroristas. Permitir que imigrantes entrem livremente no território da França e fundem ali seus enclaves sociais (muitas vezes não tendo nada a ver com o estilo de vida e valores dos franceses nativos) demanda a ideologia do liberalismo, dos "direitos humanos", da "sociedade civil", que é a ideologia dominante e oficial da sociedade moderno, não menos que o comunismo na União Soviética. Assim, enquanto se mantiver o status quo da democracia liberal (que ninguém em toda a Europa deseja abandonar ou mesmo pensa em fazê-lo) o crescimento da imigração e a expansão de centros culturais islâmicos estão garantidos. Ademais, europeus nativos (especialmente os franceses), sob o liberalismo dominante, não tem o direito de afirmar sua própria identidade e de demandar respeito para valores europeus por imigrantes (hoje, isso é equivalente a "fascismo"), a assimilação de imigrantes à sociedade europeia é simplesmente excluída já no início. A sociedade europeia em termos de liberalismo possui uma identidade puramente negativa: a Europa moderna não quer ter nada a ver com a velha Europa, Cristandade, nações, Estados, patriarcado, moralidade tradicional, etc. Em contraste, o "europeu" é declarado como tudo que mais se separa de suas raízes.

Contra o pano-de-fundo não apenas do enfraquecimento, mas até mesmo proibição por razões ideológicas da identidade europeia, a imigração (majoritariamente islâmica) cria automaticamente suas próprias políticas e programa de valores religiosos. O programa não tem como ser orgânico e dotado de continuidade histórica, porque o Islã chegou à Europa moderna artificialmente e vindo de diferentes regiões, geralmente com tradições étnicas, culturais e religiosas muito diferentes umas das outras. Assim, os imigrantes islâmicos estão praticamente condenados a arranjar uma pseudo-ideologia não islâmica, mas islamista, não tradicional, mas moderna e mesmo pós-moderna, não natural, mas artificial. Dessa forma, o Islã Sociedade do Espetáculo com a dominação da ideologia liberal na europa é praticamente inevitável, e só pode se tornar mais forte. Isso é garantido: o número de imigrantes só vai crescer, a identidade europeia só vai se enfraquecer e o crescimento do islamismo pós-moderno só vai se acelerar.

Os ataques de Paris seriam simplesmente impossíveis sem um ambiente islamista estável já formado na França, fundado muito antes das ondas atuais de refugiados. É claro, entre os refugiados ativistas do ISIS puderam chegar ao país, e é possível que eles tenham sido os participantes diretos dos ataques. Mas o criadouro para isso foi preparado muito antes, e inicialmente ideologicamente. O liberalismo, encorajando a imigração (isso é abertamente dito por George Soros, um dos seguidores e praticantes mais consistentes do liberalismo) e consistentemente apagando a identidade europeia (sob o pretexto de "antifascismo"), criou todas as condições necessárias.

É realista esperar que após o massacre em Paris a situação mudará? Para fazer isso acontecer, as autoridades francesas teriam que reconsiderar seriamente sua atitude em relação à ideologia dominante: só isso forneceria a base para a regulação da migração e a consolidação dos franceses. Mas isso é simplesmente impossível. Nem Hollande, nem as principais forças políticas da França, com exceção da abertamente iliberal Frente Nacional de Marine Le Pen, desistirá da ideologia liberal sob quaisquer circunstâncias. Assim, até o colapso final do liberalismo na Europa, todos os processos que levaram aos ataques continuarão a se fortalecer. Os riscos não diminuirão, só aumentarão.

O liberalismo europeu levará inevitavelmente à mesma situação que no Oriente Médio. Os EUA estão aprendendo a viver em condições de caos moderado controlado. Não é o suficiente ter um líder leal aos EUA em cada país. É necessário um "aprofundamento democrático". É a reivindicação enantiodrômica. Mas isso parece agora dirigido à Europa também. Como os liberais estão garantidos no poder na Europa, é garantido que haja crescimento dai migração e escalada de conflitos étnicos e culturais. Também é garantido haver crescimento do terrorismo e da popularidade do ISIS pós-moderno. No final, nós temos uma guerra civil na Europa, preparada ativamente agora. Os ataques terroristas em Paris mostram como isso acontecerá. Bashar al-Assad notou corretamente que as experiências francesas de 13 de novembro de 2015 são os mesmos eventos que os sírios tem vivido em anos recentes, só que em escala diferente. Na sexta-feira 13 nós vimos um ensaio do futuro europeu: os franceses celebrando e bebendo em bares no fim de semana e grupos armados de terroristas islâmicos descontrolados disparando contra pessoas. E ninguém deduzirá quaisquer conclusões, ou mesmo ousará descrever a situação adequadamente. Nesse caso, aqueles que são representados hoje como um grupo de maníacos, uma versão islamista de Freddy Krueger, amanhã se tornarão a oposição moderada europeia e os combatentes pelos direitos de minorias pela democracia. É possível que eles terão em suas mãos regiões europeias inteiras, e talvez países inteiros, se os europeus politicamente corretos continuarem bebendo coqueteis, indo a estádios e a concertos de bandas de heavy metal. O mais pesado dos metais é uma bala, voando da cena ao invés de vozes altas de degenerados americanos, sob o grito de "Allahu Akbar!". O mais duro de todos.

Desistam do liberalismo ou encarem os mesmos problemas.

Que lições podemos tirar dessa tragédia?

1 - Estamos vivendo no momento decisivo em que a civilização ocidental se aproxima de seu fim. Atos terroristas como os de 13/11 de Paris mostram isso de forma clara e inequívoca. O Ocidente que conhecemos não existe mais. Ele não pode existir por mais tempo. Era uma vez houve um certo Ocidente. Com valores patriarcais heroicos, identidade cristã, cultura profunda e rica com raízes grecorromanas. O Ocidente de Deus, do homem e da natureza. Não há nada como isso em vistas. As ruínas. A civilização liberal fraca e venenosa, baseada na auto-indulgência e ao mesmo tempo no ódio por si mesmo. Sem identidade, a não ser uma puramente negativa. Povoada por humanos egoístas e envergonhados de si mesmos. Ela não pode ter futuro. Diante de combatentes brutais pós-modernos do ISIS, ela não pode afirmar nada, não pode opôr nada, não pode sugerir nada. O Ocidente não pode mais ser ocidental. Ele está perdendo a si mesmo. Está se afogando. A França não é o pior lugar. Todo o resto da Europa e dos EUA estão da mesma maneira. O Ocidente tem medo. Não do ISIS, de si mesmo, de seu vazio, de seu niilismo. Se o Ocidente sobreviver, não será o mesmo Ocidente que conhecemos. Ou ele se transformará em um clone do Oriente Médio em sangue e fogo e sem saída, ou em um sistema totalitário obcecado com segurança. O ISIS não é o perigo real, ele é um sintoma de máxima decadência. Os vermes não podem causar a morte. Eles vem quando tudo está no fim. Se você negar Aquele que se ergueu dos mortos e salvou o outro, a morte é o verdadeiro fim. Assim, é o dia do juízo final.

2 - Aqueles que entendem a gravidade da situação devem correr e buscar salvação. Há poucos lugares no mundo que tentam escapar do niilismo da Modernidade em sua virada final. A Rússia permanentemente criticada e culpada é um desses lugares. A Rússia está longe de ser um país ideal ou ótimo. Há muitas falhas e pontos fracos. Mas ela resiste. Ela não aceita a porção total do veneno. Ela recusa a se suicidar como o Ocidente o faz. Assim, ela resiste. O conservadorismo russo alerta os russos contra caírem na mesma armadilha: quando você é atacado e assassinado em seu próprio lar e obrigado a sorrir e ficar em silêncio. Hillary Clinton confessou que os EUA conceberam o ISIS, mas que o ISIS escapuliu e enlouqueceu. O Ocidente experimenta com formas suicidas. Ele continuará. A Rússia e alguns outros países lutam para viver e sobreviver ao inevitável Fim do Ocidente. Assim, a Rússia está aberta como um Arco para todos. Ela ama a Europa. Não a de hoje. A outra Europa. A original. Cristã, romana, grega. A Europa Tradicional, povoada por europeus. Como antes, como sempre. Nos tempos antigos, a Rússia foi um escudo da Europa. Agora os papeis se inverteram. A Europa acaba sendo um tipo de escudo da Rússia. Mas dessa vez o escudo não é muito bom. A invasão vem. A Rússia precisa da Europa, e queria que ela fosse um bom escudo. Então há pelo menos alguns interesses comuns, senão valores comuns. A Rússia ficaria feliz em salvar a Europa. Sem isso, é impossível. Eu não julgo se ainda for possível. Mas não obstante, todos precisamos de um front comum. Precisamos lutar até o Fim e com o Fim.

3 - As elites europeias não extrairão conclusões dos tiros e explosões de 13 de novembro em Paris. Mais imigrantes, mais liberalismo, mais paradas gay e políticas de gênero. Mais tolerância. Mais liberalismo. Essa será a resposta. Essas elites são completamente insanas. Se a Europa quiser ser salva, ela precisará de novas. Agora é a hora de lutar a sério pela Tradição, por Cristo, pela Identidade, por restauração da Soberania perdida. As elites liberais insanas são muito mais temíveis e perigosas que o ISIS. Com uma vontade firme não há qualquer dificuldade em vencer o ISIS e deter a agressão e ocupação da Europa. Mas o problema é que o ISIS é a criação da elite liberal. Parcialmente da estratégia geopolítica americana, parcialmente do vácuo natural. O liberalismo é o nome da Morte. Derrubem ele, e ainda poderá haver uma chance. Com ele, não há qualquer chance.



14/11/2015

Aleksandr Dugin - Por Que Lutamos na Síria?

por Aleksandr Dugin



Em 31 de outubro de 2015, o avião civil russo Airbus A321, vôo 7K9268, vindo do resort egípcio Sharm el-Sheikh para São Petersburgo, caiu na Península do Sinai. Todas as 224 pessoas a bordo morreram. Quase todas eram cidadãs russas. O avião esteve no ar por apenas 20 minutos antes de cair. A organização terrorista "Estado Islâmico" (ISIS) reivindicou responsabilidade pela queda imediatamente após o desastre. Os "Soldados do Califado conseguiram atingir alvejar um avião russo na província do Sinai", o grupo declarou. Mais de 220 "cruzados" a bordo foram mortos. O ataque foi um ato de vingança contra a intervenção militar russa na Síria. Especialistas em relações internacionais russos descartaram que tivesse havido um "disparo", mas investigadores creem que uma bomba teria detonado dentro do avião e causado a queda.

A organização terrorista "Estado Islâmico" já havia declarado guerra à Rússia ano passado. E, sendo uma organização terrorista, o ISIS mata civis e se diverte com a morte de civis. Matar civis é a essência do terrorismo. Terroristas matam civis para atingir um objetivo político. Isso também corresponde à natureza do "Estado Islâmico" que nada tem a ver nem com o Islã nem com um Estado. Afinal, a morte de civis inocentes é inaceitável para um muçulmano devoto. Porém, a morte de civis é o preço que a Rússia terá que pagar hoje e, provavelmente, no futuro por sua ajuda militar à Síria. Os terroristas do "Estado Islâmico" veem todos os russos como inimigos - não apenas os militares deste país. Nas redes sociais, certos comentaristas ocidentais também expressaram abertamente seu prazer com a queda do avião.

Mas por que a Rússia fornece ajuda militar à Síria? Primeiro, este é um conflito geopolítico. O front entre atlantistas e eurasianistas passa pela Síria. Após o colapso da União Soviética, um vácuo político foi criado no Leste e no Oriente Médio também. Ali, os EUA perseguiram um projeto focado em destruir Estados nacionais - batizado de "O Grande Projeto do Oriente Médio". Eles destruíram até Estados que haviam se comportado de forma mais ou menos leal para com Washington. Os EUA criam caos para se projetarem como potência hegemônica. Na década de 90, a Rússia era fraca e não reagiu, mas no início do novo milênio, ela lentamente começou a se recuperar. Hoje, Vladimir Putin decidiu se opor ativamente à política americana de caos no Oriente Médio. A ajuda militar da Rússia contra o terrorismo na Síria pode ser vista como um ato de geopolítica eurasianista. A Síria está localizada no centro da batalha entre os representantes de uma ordem mundial unipolar (EUA) e uma ordem mundial multipolar (Rússia).

Mas além disso, precisamos perceber o "Estado Islâmico" como uma ameaça direta à Federação Russa. Esta organização terrorista é um produto da política americana criada para espalhar caos e dar aos EUA - a qualquer momento - um modelo para sua própria intervenção militar, como se pode ver pelo exemplo da Síria. Porém, o "Estado Islâmico" não está presente apenas na Síria e no Iraque, mas também na Ásia Central. Gangues terroristas - que possuem os mesmos financiadores e a mesma ideologia que o "Estado Islâmico" na Síria e no Iraque - também estão ativas no Afeganistão, Tadjiquistão e Uzbequistão perto das fronteiras russas. Estes grupos também operam no norte do Cáucaso dentro da própria Federação Russa. Vladimir Putin entende muito bem que isto é sobre criar condições caóticas usando o "Estado Islâmico" e grupos terroristas similares na Ásia Central e no Cáucaso.

A lógica por trás da intervenção militar russa é, portanto, clara. Se não contivermos o terrorismo criado e apoiado pelos EUA na Síria, nós logo teremos que enfrentá-lo em nossas próprias fronteiras e até mesmo em nossa terra. A Síria é nossa linha externa de defesa. A próxima linha existe no território da União Eurasiana e mesmo dentro da Federação Russa.

Ademais, a intervenção militar russa na Síria, em contraste à, assim chamada, "campanha antiterrorista" liderada pelos EUA, é absolutamente legítima. Moscou opera em sintonia com Damasco, pelo que o governo sírio oficialmente pediu apoio russo. A Força Aérea Russa está trabalhando com o Exército Sírio, enquanto os ataques americanos ocorrem contra a vontade e apesar dos protestos do governo sírio. O Dr. Bashar al-Assad é o presidente legítimo e eleito da Síria, apoiado por mais de 50% da população síria. Isso significa que na Síria nós combatemos ao lado de nossos aliados sírios contra a expansão do "Estado Islâmico".

Devemos ter em mente o que o colapso total da Síria significaria. Isso levaria automaticamente ao colapso de todos os outros Estados muçulmanos na região; mesmo o norte da África seria completamente lançado no caso, como já vimos acontecer na Líbia. Nós podemos, portanto, falar em uma reação em cadeia ou efeito dominó no evento de um colapso da Síria. Isso, por sua vez, significaria que milhões de refugiados e migrantes marchariam para a Europa, porque não haveria mais futuro para essas pessoas no caos total.

O caos criado pelos americanos é assim dirigido não apenas contra o Oriente Médio e a Ásia Central, mas também contra a Europa. Quanto mais caos e desordem no Oriente Médio e no norte da África, mais migrantes irão para a Europa. Isso, por sua vez, levará à desestabilização da infraestrutura social e, portanto, à paralisia política no continente europeu. E aqui nós não devemos esquecer que milhares de terroristas entram na Europa como parte do processo migratório. Caso esta tendência continue, e com a chegada futura de 10, 20 ou mesmo 30 milhões de imigrantes vindo à Europa, isso significaria o fim da Europa. O continente europeu não seria "islamizado" per se, nem um "Califado" seria construído, mas ao invés a Europa afundaria no caos total e seria aniquilada.

Hoje, a Rússia está lutando contra este desenvolvimento, o que também está no interesse da Europa. A Rússia precisa da Europa, e a Europa precisa da Rússia. O colapso da Europa é ruim para a Rússia, e a mesma noção se aplica inversamente, mesmo que isso não seja aceito por muitos governos europeus hoje, que trabalham até contra. Também há algo de continuidade histórica: no passado, a Rússia viu a Europa como um escudo contra o expansionismo turco otomano. A Europa afundando no caos automaticamente significava a Rússia ser ameaçada em suas fronteiras ocidentais e sulistas. Daí, a proteção da Europa está nos interesses da Federação Russa. Para preservar a Europa de cair no caos, hoje a Rússia é o escudo do continente europeu.

Portanto, a Rússia está lutando na Síria em vários níveis: estamos ativamente liderando a luta contra as aspirações globais e hegemônicas dos EUA; estamos protegendo nossos próprios interesses de segurança nacional e eurasiática combatendo os inimigos antes deles se aproximarem de nós; estamos preservando a Europa antes de seu declínio porque tal desenvolvimento também seria danoso para nós.


11/11/2015

Alfredo R.R. de Souza - A Propósito de T.S. Eliot

por Alfredo R.R. de Souza



O significado de Thomas Stearns Eliot (1888 - 1965) para a literatura universal é uma questão que hodiernamente dispensa maiores considerações; não há, pois, vertente crítica, seja qual for sua orientação conceitual, que ignore o imenso valor e influência da obra do poeta e dramaturgo anglo-americano. As cadências ásperas e dissonantes; a sintaxe fragmentária e labiríntica; a desconcertante polissemia de acentos verbais; as analogias inusitadas; o complexo sistema intertextual de citações e alusões às mais diversas obras e autores, são hoje elementos plenamente incorporados ao labor poético contemporâneo, inelutáveis conquistas artísticas de nossa época; outrossim, a obra crítica do autor concernente a temas literários, ainda que não desfrute da mesma unanimidade valorativa, é também tida na mais alta conta, mormente em função de sua consistência analítica, erudição criativa e extremo rigor no manejo das fontes. Obras como The Sacred Wood (1920); Shakespeare and the Stoicism of Seneca (1928); The Use of Poetry and the Use of Criticism (1933); Elizabethan Essays (1934); ; On Poetry and Poets (1957) não são, portanto, alvo de maiores controvérsias na atualidade.

O ditoso fado acima esboçado, não obstante, ainda não foi encontrado pela produção ensaística do autor relativa a questões político-sociais. Tendo se definido como “um anglo-católico em religião, um classicista em literatura e um monarquista em política”, Eliot passou a ser considerado pela esquerda acadêmica, dominante em termos de estudos culturais nos dois lados do Atlântico, como uma espécie de duplo esquizofrênico, onde estariam esdruxulamente justapostas duas naturezas pretensamente antitéticas: o ‘revolucionário’ em matéria poética e o ‘reaccionário’ na esfera política. É mister salientar, em primeiro lugar, que não há um a priori ‘par ordenado’ necessariamente conjugando vanguardismo estético e ideológico numa equação permanente; há na história das idéias e das artes numerosos exemplos que desmentem tal assertiva da forma mais cabal: Dante, Calderón de La Barca, Goethe, Coleridge, etc., homens conservadores em lides políticas e inovadores em termos literários; em segundo lugar, devemos sublinhar que a obra poética de Eliot é ‘revolucionária’ no sentido mais recôndito e fecundo do termo, configurando-se como summa dialética e dinâmica da tradição cultural européia e de procedimentos estéticos renovadores; finalmente, é também preciso asseverar que o conservadorismo político está desde sempre presente na literatura eliotiana, e não apenas a partir de sua notória inflexão mística com Ash Wednesday (1930) e Sweeney Agonistes (1932); já em The Wasteland (1922), poema via de regra considerado como ponto culminante da inovação literária eliotiana, estão de todo evidentes as principais linhas de fuga de seu pensamento político: a) a permanente e grave reflexão sobre o contraste entre os valores perenes da civilização ocidental e o esvaziamento progressivo de tal legado nas manifestações religiosas e culturais da modernidade, caracterizadas por uma vacuidade histriônica e neurótica; b) a crítica do pragmatismo militante do homem contemporâneo, ser avesso ao substrato mítico e religioso que lastreia seus alicerces históricos e culturais, em ruptura flagrante com as raízes mais atávicas de sua própria existência; c) a necessidade, no seio do Ocidente, de um amplo processo de ascese espiritual; em The Hollow Men (1925), por seu turno, a indignação flamejante do poeta chega às raias do desespero metafísico, por completo descrente de quaisquer possibilidades de redenção para o Ocidente, sentimento patente em versos tão severos quanto pungentes: This is the dead land / This is cactus land / Here the stone images / Are raised, here they receive / The supplication of a dead man's hand / Under the twinkle of a fading star (III, 40-45). No esteio do supracitado turning point religioso, este profundo desalento progressivamente assumiria contornos mais contemplativos, até converter-se em serena meditação a propósito dos destinos da humanidade, como podemos constatar através da leitura dos Four Quartets (1935-42), pináculo maior da maturidade poética do autor; e é precisamente sobre a contrapartida teórica deste processo que iremos nos debruçar na nota em tela, adotando como balizamento as reflexões de Eliot acerca do declínio do Ocidente, temática presente sobretudo em The Idea of a Christian Society (1940) e Notes Toward a Definition of Culture (1948).

As convicções do poeta a respeito da decadência da cultura ocidental no bojo de uma sociedade caótica e destituída de ideais, universo agonizante e descrente, onde os valores tradicionais foram abandonados em nome de perversões tais como a psicanálise, o materialismo marxista e a filosofia nietszcheana, estão intimamente ligadas a seu medievalismo, isto é, à concepção da Idade Média como auge da civilização européia; neste particular é sem dúvida um pensador caudatário de toda uma linhagem do pensamento conservador dos séculos XVIII e XIX: Edmund Burke, Novalis, Joseph de Maistre, Louis de Bonald, Donoso Cortés, Otto Weininger, etc. De especial relevo no âmbito de nossa análise me parece ser a insigne figura de Georg Philipp Friedrich Freiherr von Hardenberg (1772 - 1801), dito Novalis, que para além do elegíaco hermetismo de seus magníficos Hymnen an die Nacht (1800) e da mística beleza do romance inacabado Heinrich von Ofterdingen (1801), foi também autor do ensaio de teologia política Die Christenheit oder Europa (1799); nesta instigante peça de apologética cristã, o escritor prussiano advoga um retorno à Idade Média, cuja unidade harmônica poderia regenerar uma Europa convulsionada por dissensões políticas e religiosas. A noção de um ‘todo’ uno e coerente, ou seja, de uma cosmovisão passível de articular de forma convergente e coesa as instâncias política, social, religiosa e cultural, bem como de conferir um sentido transcendente e maior à existência, é a perspectiva dominante neste escrito, consoante sua notável abertura nos revela: “Belos, esplêndidos tempos: a Europa era terra cristã, e a Cristandade habitava una este recanto de mundo humanamente configurado...”; esta mesma disposição, conforme veremos a seguir, desempenha um papel precípuo no pensamento eliotiano. 

Para o autor anglo-americano, o ápice da civilização foi indubitavelmente atingido durante a Idade Média, quando a sociedade, a religião e as artes refletiam de forma exemplar um acervo comum de valores e princípios. A síntese cultural que o período medieval logrou alcançar, portanto, transfigura um modelo ideal de comunidade européia, unificando de modo harmonioso a vida no continente em seus mais diversos aspectos; destarte, toda a História ulterior nada mais seria que a ominosa crônica da paulatina degenerescência desse ideal, em processo que tem como marco simbólico inicial a morte de Dante Alighieri (1265 - 1321): a cristandade se decompõe em Estados independentes; a Igreja em seitas e heresias; o conhecimento em saberes especializados; a fé em ceticismo. O termo de tal trajetória seria o Ocidente contemporâneo, ‘terra devastada’ onde o poeta testemunha “a desintegração da cristandade, a deterioração de uma crença e de uma cultura comuns”. Eliot argumenta que não há como assumir uma posição intermediária ou indiferente no tocante a esta tétrica involução, afirmando que “há duas e apenas duas hipóteses sustentáveis a respeito da vida: a católica e a materialista”; assim sendo, ou nos batemos em defesa da ordem augusta e serena da Civitate Dei católica (muito embora Eliot não acreditasse ser exeqüível a restauração tout court da civilização medieval, mas sim de seu espírito norteador, numa perspectiva de cariz ‘restitucionista’ também advogada por figuras como Hilaire Belloc (1870 - 1953), por exemplo), ou então estaremos satanicamente a favor do pesadelo materialista. Qualquer visão de mundo que não se identifique integralmente com um dos pólos supracitados, como toda sorte de teologia protestante, o liberalismo ou o socialismo fabiano, não passa de repulsiva manifestação de hesitação timorata frente ao confronto essencial que nos envolve. 

Malgrado certos elementos de sua teologia política sejam compartilhados por alguns autores de esquerda da mesma época, como o gravurista e poeta inglês William Morris (1852 - 1942), nostálgico das tradições de vida comunitária do medievo, e o escritor e militante anarquista alemão Gustav Landauer* (1870 - 1919), que descrevia o mundo capitalista como um universo corrompido e decadente, “de uma sinistra feiúra”, Eliot se inscreve na linhagem conservadora que já mencionamos, de que também fazem parte autores tão díspares quanto Charles Maurras (1868 - 1952), G.K.Chesterton (1874 - 1936) ou Ezra Pound (1885 - 1972), isto é, na esfera dos que deploram os horrores da modernidade capitalista mas não advogam uma via de superação revolucionária para a mesma; é melhor, pois, encarar como irreversível a decadência do Homem, nos diria Eliot, que imaginá-lo operando exclusivamente ao sabor de sua orgulhosa autoconsciência, de todo alheia aos desígnios salvíficos da Providência. Há, portanto, plena consciência do capitalismo como “desencantamento do mundo” (Weber), mas já não se crê na possibilidade de ‘reencantá-lo’ (o que só poderia ser logrado, em parte, por meio da criação artística) através de um improvável regresso ao orbe integrado e harmônico da cristandade medieval. 

A despeito do significativo orbe de talantes, conceitos e propósitos que as separam, há uma evidente e nítida confluência entre utopias ‘regressivas’ e ‘progressivas’, de que modo que não é descabido especular sobre a viabilidade de um cenário quiçá quimérico, mas que nos é muito caro: a formulação de um ecumenismo político-teológico anticapitalista, capaz de contemplar a um só tempo o ‘ontem’ e o ‘amanhã’.



* Landauer também acalenta, vale sublinhar, grande nostalgia da cristandade medieval: “a cristandade, com suas torres e seteiras góticas (...) com suas corporações e fraternidades, era um povo no sentido mais poderoso e mais elevado da palavra: fusão íntima da comunidade econômica e cultural com o laço espiritual". Ou seja, há também, e isto é sumamente interessante em se tratando de um autor de esquerda, o desejo pelo retorno a uma concepção de sociedade unitária, una, harmônica, onde todas as esferas estão integradas sob a égide de um sentido maior.