30/07/2011

Wall Street fundiu o Motor Financeiro Global

por Adrian Salbuchi, no final de 2008

Os eventos dos últimos dias deixam em descoberto a inviabilidade, imoralidade, e criminalidade do sistema financeiro, bancário e monetário imposto ao mundo já há décadas por aqueles que promovem a "globalização", o que permitiu que um pequeno conjunto de pessoas acumulem imenso poder sobre mercados, empresas, indústrias, forças armadas e nações inteiras, de uma maneira irresponsável e criminosa.

Trata-se de um sistema de poder global iníquo, desenhado nos centros de planejamento geopolítico e geoeconômico privados a serviço das estruturas de poder da Nova Ordem Mundial - notavelmente, seus think tanks (bancos de cérebros) privados como o Council of Foreign Relations (CFR fundado em 1919), a Trilateral Commission (fundada em 1973), a Conferência Bilderberg (formada em 1954), e outros como o Cato Institute, American Enterprise Institute (AEI) e o Proyect for a New American Century (PNAC).

Devido à enorme complexidade do processo que está desenvolvendo-se nestes momentos, a enorme quantidade de informação que sucede-se dia a dia, e a dificuldade aparente de prever deselaces tanto globais como em nosso país, é que sintetizamos à continuação alguns aspectos e dados-chave que ajudam a solucionar este quebra-cabeças, a fim de entrever o verdadeiro rosto desse drama.

Em verdade, como argentinos temos uma enorme vantagem sobre outros povos inclusive o norteamericano, pela simples razão de que nós sofremos na própria pele nos últimos anos o flagelo catastrófico de sucessivas crises hiper-inflacionárias, colapsos bancários sistêmicos, mudanças de moeda, permutas e mega-permutas, blindagens financeiras, etc...

Um Modelo Falacioso

Finanças versus Economia - O sistema financeiro (que é o mundo eminentemente virtual, irreal e parasitário), foi desenhado para funcionar de forma crescentemente contrária aos interesses da economia (que é o mundo real do trabalho, da produção e dos serviços concretos). Ao longo das últimas décadas, as Finanças e a Economia foram-se distanciado uma da outra, deixando de manter uma complementariedade sadia e eqiulibrada, e passando a serem crescentemente antagônicas. Isso reflete-se no sistema atual que baseia-se sobre o conceito de DÍVIDA, o que faz com que a Economia Real sempre fique aprisionada e subordinada aos interesses e vai-véns  das Finanças Virtuais.

Sistema de Dívida - Em matéria de financiamento da economia com recursos genuínos, a doutrina liberal prevalescente deslocou crescentemente o Estado em sua função inalienável de utilizar a Moeda Nacional como instrumento de financiamento da economia, segundo os eixos de um Projeto Nacional centrado em promover o Bem Comum dentro de suas fronteiras e defender o Interesse Nacional ante forças adversárias. Daí entende-se que hoje tenha-se transformado em dogma das finanças, o conceito aberrante de considerar que os bancos centrais devem manter-se "independentes" do Estado, o que é uma maneira de lograr que os mesmos subordinem-se aos interesses da superestrutura bancária privada em lugar dos do povo e da economia em sua totalidade. Isso é assim na Argentina, e em outros países, porém no caso dos Estados Unidos resulta particularmente nefasto porque seu banco central - o Banco da Reserva Federal (FED) - é pura e simplesmente privado em 97% de sua estrutura acionária (ainda admitindo que trata-se de uma estrutura acionária sui generis). Ao lograr a superestrutura bancária privada controlar o banco central, podem então impor uma aguda inframonetarização da economia que faz com que nunca haja capital suficiente para satisfazer as necessidades da economia real. Dessa maneira, são os próprios bancos privados os que logram transformar-se em fonte primária de crédito para toda a economia, ativando assim o mui rentável negócio de emprestar dinheiro a juros, geralmente sob taxas usurárias. No plano geoeconômico, isso também serviu para gerar as enormes dívidas públicas em países como Argentina que também caíram na falácia de não saber utilizar sua Moeda Nacional, e de adotar torpemente todas as receitas neoliberais em matéria de banco central, dívida e outros mecanismos monetários, bancários e financeiros estruturados de forma contrária ao interesse nacional.

Sistema de Reserva Fracional - Este conceito vigente em quase todo o mundo, permite que os bancos privados em seu conjunto gerem do nada dinheiro "virtual" (ou seja, anotações registradas em conta-corrente, caderneta de poupança e linhas de crédito) em uma relação de 8, 10, 30 ou 50 vezes maior à quantidade de efetivo que tem em seus cofres. Em cima, cobram juros e exigem garantias reais e realizáveis por esse dinheiro "inventado". A relação entre a quantidade de dólares ou pesos em seus cofres, e a quantidade de crédito que podem gerar fica determinado pelo banco central (lembremos: controlados pelos próprios bancos), denomina-se encaixe bancário, e reflete uma previsão estatística da porção de poupadores que normalmente retiram seu dinheiro em efetivo. O que ocorre é que o conceito "normal" é um fator de psicologia coletiva, intimamente ligado à percepção que tem os poupadores do sistema financeiro em geral, e de cada banco em particular. Quando surgem "tempos anromais", ou seja, as consabidas e periódicas crises que "explodem" repentinamente como ocorreu na Argentina em 2001, ou hoje ocorre nos Estados Unidos, então TODOS os poupadores correm para retirar seu dinheiro. É então quando descobrem que o mesmo apenas alcança para pagar a uns poucos (e usualmente arbitrariamente beneficiados) poupadores: para o resto não sobre mais dinheiro, com o que deve-se recorrer ao seguro sobre os depósitos bancários (nos Estados Unidos cobre $100.000 por poupador, que são assegurados pela estatal Federal Deposit Insurance Corporation  [...]). Tudo graças ao fraudulento sistema de reserva fracional bancária.

Banco de investimentos - Nos Estados Unidos, os assim-chamados "bancos comerciais" são aqueles que tem grandes carteiras de contas-corrente, cadernetas de poupança e parcelas fixas de pessoas e empresas (bancos como o CitiGroup, Bank of America, etc, e em nosso país o Standard Bank, BBVA e outros), conseguem ter um encaixe que permite-lhes em geral 6, 8 ou 10 dólares "virtuais" por cada dólar real que tem em seus cofres. Estes bancos ficam fortemente fiscalizados pelas autoridades monetárias do país. Não obstante entre os assim-chamados "bancos de investimentos" estadounidenses e globais (aqueles que fazem mega-empréstimos a corporações e Estados e tem grandes clientes), há muito menor fiscalização e os encaixes são muito, muito inferiores. Isso permite-lhes que para cada dólar real em seus cofres, possam emitir 26 dólares "virtuais" (Goldman Sachs), 30 dólares "virtuais" (Morgan Stanley), mais de 60 dólares "virtuais" (Merrill Lynch antes de seu colapso no último 15 de setembro), ou mais de 100 dólares "virtuais" nos casos dos falidos bancos Bear Stearns e Lehman Brothers.

Sistema de canalização e transferência - Outro conceito fundamental encontramo-no na maneira em que canalizam-se os lucros e transferem-se as perdas por todo o sistema, o que faz com que em tempos de bonança e de gigantescos depósitos (quando o sistema cresce, é estável, e permite gerarar muitíssimo dinheiro do nada), todos os lucros são privatizados em favor de acionistas, especuladores, diretores, gerentes, "investidores", etc. dentro das próprias instituições financeiras. Porém quando o sistema contrai-se, desestabiliza-se e entra em colapso, como ocorre hoje, então todas as perdas socializam-se, sendo absorvidas pelo Estado nacional através dos mais variados mecanismos de transferência para o povo (na forma de inflações, hiperinflações, colapsos bancários, bail-outs, aumentos de impostos, moratórias, nacionalizações, etc.)

Os 4 Eixos do Modelo Neoliberal - Em síntese, tudo isto conforma quatro eixos fundamentais que operam e modo coordenado, consistente e complementário cujos números não obstante, a médio e longo prazo, nuncam "fecham". Suas crises periódicas sistêmicas são inevitáveis e absolutamente previsíveis, seja na Argentina ou nos Estados Unidos:

1 - Astringência Monetária - gerada através do banco central "independente" que fica controlado pela superestrutura bancária privada, local e internacional;
2 - Banco privado baseado no sistema de reservas fracionais - que em seu conjunto gera dinheiro virtual do nada, cobrando juros - geralmente usurários - pelo mesmo, gerando enormes lucros para "investidores" e credores;
3 - Dívida - conceito fundamental que "move" as economias privada e pública e que substitui o muito mais saudável conceito do reinvestimento empresarial e da poupança individual. Necessita promover entre os povos um afã de consumismo desarvorado, e uma falta de sentido de previsão e poupança; 
4 - Privatização dos lucros/socialização das perdas - como mecanismo de canalização e transferência quando os recorrentes ciclos chegam a seu final inexorável e alguém tem que pagar pelos pratos quebrados.

Alguns Dados e Conceitos

Resulta muito instrutivo recapitular sobre alguns dos fatos mais importantes dos últimos tempos que conduziram à atual crise terminal do sistema financeiro global e que refletem, com nomes concretos, o que descrevemos acima:

Março de 2008: Colapso do banco de investimentos Bear Stearns, adquirido por JP Morgan Chase através de uma linha de crédito por $30 bilhões outorgada pelo Banco da Reserva Federal (FED).

Abril de 2008: Colapso do Banco IndyMac- Geração de um fundo de resgate de mais de $100 bilhões pelo FED para estabilizar o sistema;

Agosto de 2008: Nacionalização das duas maiores agências tomadoras de carteiras hipotecárias dos Estados Unidos - Freddie Mac e Fannie Mae - pela FED a um custo direto de $200 bilhões, fazendo que o Estado assuma uma carteira de dívida por $5,4 trilhões;

15 de Setembro de 2008 - Colapso do quarto maior banco de investimentos dos EUA, Lehman Brothers que não obstante não foi salvo pelo FED por considerar que seus efeitos estavam suficientemente pautados. Colapso do banco de investimentos Merrill Lynch que foi resgatado pelo Bank of America a um custo de $50 bilhões (extraoficialmente aportados pelo FED já que o Bank of America não dispinha de semelhante quantidade para salvar a Merrill);

17 de Setembro de 2008 - Colapso da maior seguradora estadounidense e mundial, American International Group (AIG), nacionalizada pelo FED em 80% a um custo de $85 bilhões;
19 de Setembro de 2008 - Henry Paulson (secretário do Tesouro e ex-CEO da Goldman Sachs), Bernard Shalom Bernanke (governador do FED) e Christopher Cox (presidente da Securities & Exchange Commission - a comissão de valores dos Estados Unidos) apresentam ao Congresso um plano de resgate ao melhor estilo de "blindagem financeira" por uns $700 bilhões para evitar quedas bancárias adicionais a partir da semana que vem, as que poderiam fazer com que todo o sistema bancário e financeiro dos Estados Unidos e, por extensão, global, entrasse em colapso. A urgência dos funcionários e congressistas nota-se em seus rostos e o debate é enorme porque essa "blindagem" não é mais que um cheque em branco que dar-se-ia a Paulson e Bernanke para que com seus "superpoderes" façam uma ampla salvação dos banqueiros de Wall Street e dos especuladores parasitários. O próprio presidente George W. Busch em sua mensagem ao mundo de 24 de Setembro enfatizou de maneira dramática a gravidade da crise. Ante uma pergunta a Bernanke de um congressista de como chegou-se a esta gigantesca cifra de $700 bilhões, o governador do FED respondeu dizendo que a mesma representa 5% (!!!) de hipotecas que segundo ele são impossíveis de cobrar. Não obstante, analistas independentes estimam que esta cifra resultará absolutamente insuficiente, porque a porção de hipotecas que prevê-se que são ou serão incobráveis - e que devem portanto ser consideradas perdidas pelos bancos -e muito maior: da ordem de 10, 15 ou 20%, o que elevaria o montante do salvamento a cifras inimagináveis. Não por nada, em sua edição de domingo de 21 de Setembro, o usualmente conservador diário "The Daily Telegraph" de Londres disse que existem possibilidades concretas de que o próprio Estado norteamericano termine declarando-se em moratória sobre a totalidade de sua dívida pública, hoje da ordem dos $13,5 trilhões.

Os últimos dos bancos de investimentos que considera-se sendo ainda "sadios" - os muito respeitáveis Goldman Sachs e Morgan Stanley - acabam de decidir que transformam-se em bancos comerciais, aceitando assim a muito maior fiscalização de suas operações pelas autoridades bancárias. Isso significa que deverão diminuir rápida e ordenadamente suas carteiras de dívida geradas através do sistema de reserva fracional descrita acima.

Como medida transitória de emergência, o financista Warren Buffet assumiu uma participação de $5 bilhões na Goldman Sachs para ajudar a saneá-lo, o que é um indício da situação crítica ainda dessa entidade bancária.

Notavelmente, há um grande "silêncio de rádio" em relação à situação do maior banco comercial dos Estados Unidos, sobre o qual vem-se rumoreando grandes problemas desde antes de que desatasse-se a crise atual: o CitiGroup. Um notável sinal de interrogação...??

Os grandes meios de imprensa e opinólogos internacionais insistem em que estes resgates serão pagos pelo "contribuinte estadounidense" através de maiores impostos, hoje e no futuro. Isso é apenas uma parte da verdade. A realidade é que estes resgates somente poderão pagar-se com uma ainda maior emissão monetária descontrolada por parte do Banco da Reserva Federal, o que acelerará a erosão do valor do dólar. Ou seja, o custo desse desastre será pago por todo mundo que tenha posse de dólares, e não somente o "contribuinte estadounidense".

Desenlaces Previsíveis

A crise que estamos vendo do sistema global financeiro baseado no parasitismo e na usura, é terminal. Não tem solução através de mecanismos e medida estritamente monetárias e econômicas. Se as autoridades norteamericanas circunscrevem-se unicamente a este plano, então um grave colapso parece ser iminente.

Uma visão mais pragmática das estruturas de poder globais e estadounidenses, não obstante, permite asseverar que os Estados Unidos não vai permitir que isso ocorra. Para isso, cremos entrever a existência do que poderíamos chamar três planos alternativos para fazer frente à crise, segundo cenários de crescente gravidade e instabilidade.

Plano A (crise de relativamente baixa intensidade; opera-se no plano financeiro) - Segue-se negociando no Congresso um pacote de $700 bilhões de blindagem financeira, logrando finalmente sua aprovação nos próximos dias, o que permitirá que a partir de 29 de setembro, esse dinheiro aplique-se como linhas de crédito de emergência para assistir/salvar àquelas instituições bancárias entrem em crise. Isso incluirá de bancos medianos, a financeiras como Washingont Savings & Loans, a bancos estrangeiros com operações nos EUA (HSBC, Barclays, Deutsche Bank e outros), e muito especialmetne aos megabancos estadounidenses ainda de pé como Goldman Sachs, Morgan Stanley e Citigroup (que espera muito ansiosamente enormes fundos frescos para que não entre em colapso). Efeito imediato: a crise poder-se-á administrar nas semanas por vir através de medidas e mecanismos principalmente financeiros, ao tempo que redefinem-se as regras de jogo em Wall Street.

Plano B (crise de intensidade média; opera-se nos planos monetário e financeiro) - O Congresso não aprova ou reduz drásticamente este pacote de blindagem financeira de emergência e, a partir de 29 de setembro, produz-se uma nova sequência de colapsos bancários e de seguradores. Então, os EUA (Tesouro e FED) declaram manu militari uma emergência econômica nacional e introduz uma mudança de moeda - um "New Dollar" - que diferentemente do atual dólar terá respaldo no ouro metálico homologado (ou seja, com a introdução de algum chip ou holograma inviolável transformando-o em um tipo de "ouro de reserva global" de alto valor). Declara-se um feriado bancário estendido para instrumentalizar a mudança de moeda, e para sua transição determinar-se-ão termos benéficos para aqueles bancos, empresas, cidadãos e aliados preferidos (ou seja, reconhecer-lhes-á um "New Dollar" por cada dólar atual). Logo, com determinados poderosos possuidores de dólares e títulos do tesouro, negociar-lhes-á segundo claros interesses geopolíticos e geoeconômicos: p.ex., China, Japão, União Européia, determinadas instituições e empresas, poderão transformar suas posses em dólares atuais por New Dollars segundo outras paridades (p.ex., 2, 3, ou 4 velhos dólares por cada New Dollar). Por último, ao resto dos possuidores de dólares - poupadores privados em todas as partes do mundo, argentinos com dólares no colchão, etc. - dir-se-lhes-á que os EUA não tem nada que dizer oficialmente e deixar-se-á que "o mercado local e internacional determina a paridade entre o New Dollar e o velho dólar." Então, veremos os cambistas locais oferecendo 8, 10 ou 20 velhos dólares por cada New Dollar... Efeito imediato: minimizar as pedas socialzadas próprias dos EUA e de seus aliados preferidos, ao tempo que regionaliza-se boa parte das mesmas (ou seja, exporta-se as perdas para o resto do mundo).

Plano C (crise de alta intensidade; opera-se também nos planos geopolítico e militar) - As autoridades norteamericanas não logram superar a crise com medidas financeiras, monetárias e econômicas, o que resulta em crescente violência social e inseguridade política para os EUA e seus aliados. Isso obrigará a apresentar o tema no plano geopolítico, provavelmente "chutando o balde" nos âmbitos político, diplomático e militar, promovendo uma situação de guerra global mais generalizada que permita derivar recursos, liquefazer os efeitos da crise, impor limitações estritas às liberdades internas nos EUA sob pretexto da "grave crise nacional", intervir militarmente em diversas partes do mundo, e mobilizar o país (e aliados) em seus recursos materiais e em suas motivações psicológicas para uma "defesa" contra o "inimigo". Um dos efeitos buscados seria o de voltar a equilibrar a economia e as finanças assim motorizadas, através de uma reitensificada indústria de guerra. Efeito imediato: o provável estopim consistiria em algum ataque unilateral contra o Irã sob pretexto de seu plano nuclear ou, pior ainda, algum bem orquestrado mega-atentado de "falsa bandeira" (auto-atentado de planejamento complexo) em território estadounidense ou contra interesses norteamericanos ou de seus aliados em outras partes do mundo), que fará empalidecer o do 11 de setembro de 2001. O mesmo será então atribuído falsamente nos poderosíssimos meios de difusão ao Irã em particular, e ao mundo muçulmano em geral o que justificará uma série de ataques e invasões. Outra possibilidade é que este ataque unilateral contra o Irã seja levado a cabo pelo Estado de Israel após receber a luz verde para iniciá-lo, o que logo arrastará os EUA na conseguinte guerra. Também a Rússia seguramente ver-se-á involucrada, o que terá o efeito de dividr e debilitar a União Européia, especialmente na volátil região centroeuropéia. Semelhante incêndio bélico iniciado no Oriente Médio será excusa suficiente para liberar totalmente as reservas petrolíferas em Alaska, justificar uma invasão dos campos petrolíferos da Venezuela, e militarizar o Atlântico Sul nas zonas de reservas petrolíferas brasileiras e argentinas. Seguramente, tudo isso também involucrará a China e a Índia e conformaria uma situação de guerra mundial, hoje de difícil dimensionamento e previsão.

Esta resenha apenas conforma um esboço da situação de inusitada gravidade a que enfrenta-se  toda a humanidade. Seu desenlace afetará profundamente todo o mundo. Oferecemo-la como uma sorte de exercício em Risk Management (administração de riscos) que possa servir como ponto de partida para um melhor planejamento estratégico entre organizações privadas e públicas.

Por mais que a medíocre classe política argentina não compreenda, não obstante o povo argentino deve compreender que nessa terrível Nova Ordem Mundial, a Argentina ver-se-á profundamente afetada. Não somente por seu desenlace ameaçador, senão também porque não podemos deixar passar importantes oportunidades que apresentar-se-nos-ão nesse perigoso e volátil processo que implica voltar a embaralhar as cartas do poder global. Por exemplo, a Argentina e outros países poderiam aproveitar um colapso do dólar e do sistema financeiro global para liquefazer boa parte de suas dívidas externas, em lugar de seguir pagando-as com recursos genuínos da economia do trabalho, segundo o vem fazendo sistemática e subordinadamente os Kirchner.

(...)

29/07/2011

A Psicologia da Negação de Conspiração


por David Rothscum

Eu vi este vídeo hilário no youtube, intitulado “Por que os teóricos da conspiração são loucos??“. De tempos em tempos haveria comentários sarcásticos, chamando as pessoas que acreditam em teorias da conspiração de anti-semitas e afirmando que David Icke se recusou a fazer um tratamento psicológico de graça por estes pseudo-intelectuais, que provavelmente teriam tido posições elevadas na União Soviética para tratar dissidentes, se tivessem nascido lá.

Então o que é que faz com que algumas pessoas acreditem em teorias da conspiração, e que outras enfiem a cabeça na areia? Não são evidências. É principalmente o que outras pessoas acreditam. E é por isso que a maioria do público acredita em conspirações que são comumente aceitas de terem acontecido, mas mesmo assim são conspirações.

Afinal, se tomamos uma amostra de teóricos da conspiração, e uma amostra de pessoas que não se identificam como teóricos da conspiração e propor-lhes as teorias de conspiração a seguir:

- O governo da Alemanha nazista conspiraram para exterminar o povo judeu
- Saddam Hussein usou gás venenoso contra os curdos em Halabja
- Os sérvios cometeram genocídio contra os albaneses no Kosovo

Aqueles que se identificam como teóricos da conspiração provavelmente dúvidariam das duas últimas teorias, se é que eles fizeram a lição de casa. Alguns duvidariam da primeira teoria também. Aqueles que não se identificam como os teóricos da conspiração, por outro lado, são propensos a acreditar em todas as três teorias de conspiração.

A partir disso, diria que os que se identificam como teóricos da conspiração são realmente céticos sóbrios, enquanto que aqueles que não acreditam em teorias da conspiração, parecem ser os reais teóricos da conspiração!

Então, o que está acontecendo aqui? A resposta é a seguinte: As pessoas que não acreditam em teorias da conspiração acreditam que o “nosso lado” (os bons!) não se envolvem em conspirações. Eles de bom grado aceitarão qualquer teoria que seja contada sobre o outro lado (os maus!), no entanto, sem examiná-la pessoalmente. Pessoas que acreditam em teorias de conspiração são mais propensas a colocar sob exame minucioso o que o seu lado apresenta como propaganda .

Assim, a partir disto pode-se supor que a maioria dos teóricos da conspiração simplesmente identificam-se com o outro lado, não é? Não necessariamente. A maioria dos teóricos da conspiração odeiam o marxismo e o socialismo e identificam-se como libertários que defendem o livre mercado.

O que está acontecendo, então? A resposta é muito simples na realidade:

- Teóricos da Conspiração são radicais em seu pensamento, mas conservadores em suas ações

- Negadores de Conspiração são conservadores em seu pensamento, mas radical em suas ações

Exemplos abundam, teóricos da conspiração têm um interesse enorme em praticamente qualquer tópico científico “estranho”, que os cientistas “mainstream” não querem tocar. Eles também têm um grande interesse em qualquer teoria não-científica dominante que os cientistas mainstream não querem tocar. Mesmo quando o assunto não tem nada a ver com teorias da conspiração!

Por exemplo, alguns teóricos da conspiração acham que a Terra está de fato crescendo. Procure você mesmo no Google. Alguns teóricos da conspiração acreditam que o fumo não causa câncer de pulmão, ou só causa câncer de pulmão, pois contém isótopos radioativos. Alguns teóricos da conspiração| acreditam que formas de vida alienígena intervieram na Terra para ajudar a criar a espécie humana. Alguns teóricos da conspiração acreditam na fusão a frio. Alguns teóricos da conspiração pensam que o mundo vai acabar em 2012, porque os maias previram isso. Há uma certa sobreposição entre ciência alternativa, da Nova Era e conspiração.

Nota do autor do blog: eu particularmente não acredito em nenhuma desas teorias acima.

Como David Icke menciona, os teóricos da conspiração em geral, não têm a pretensão de ter um monopólio sobre a verdade. Eles estão simplesmente trabalhando para colocar as ideias lá fora, e ponderaram se eles estão certos ou não. Em muitos casos, os teóricos da conspiração não colocam a sua própria teoria unificada para explicar um evento ou um fenômeno, mas simplesmente procuram apontar por que a teoria oficial dominante é impossível. Por exemplo a maioria dos teóricos da conspiração não têm a pretensão de saber o que aconteceu em 11 de setembro, mas simplesmente alegam que o governo está mentindo, e desejam uma nova investigação.

Essencialmente, os teóricos da conspiração só tem interesse naquilo que nós não entendemos. Teóricos da conspiração são investigadores. Negadores da conspiração são em sua maioria pessoas que têm interesse naquilo que eles entendem.

E isto faz todo o sentido. Ambos estão sendo perfeitamente racionais e seguem o seu próprio interesse. A ciência é extremamente conservadora em seu pensamento. Se você afirma ter observado qualquer coisa radical ou estranha que você não pode explicar ou que não se encaixa em teorias estabelecidas, os cientistas vão atacá-lo e cuspir veneno em você. Isto é o que aconteceu com Luc Montagnier, o homem que descobriu o HIV.

Mr. Montagnier afirmou para detectar sinais eletromagnéticos de DNA, embora tivesse diluído em um grau tal que não deveria ser possível detectar nada (Link). Isto é, naturalmente, extremamente interessante, e merece um exame mais aprofundado. Mas os cientistas apenas o atacaram, e basicamente ficaram furiosos, porque seu modo de pensar pré-estabelecido foi desafiado.

Esta é também uma grande diferença entre os teóricos da conspiração e negadores da conspiração. Se eu sou um cientista de destaque, e publico uma descoberta ou uma teoria que parece colocar em dúvida crenças estabelecidas dentro da comunidade científica, eu estou propenso a perder muito. Meus colegas na conferência anual vai me dar de ombros, eu poderia perder minha posição na minha universidade, ou o meu mais recente estudo não seria publicado em nenhum qualquer.

Teóricos da conspiração, por outro lado, não têm nada a perder. Por mais radical que meus pensamentos e teorias sejam, é provável que eles serão examinados. Eu posso dizer o que eu quiser. Se eu acho que vi o Pé Grande escondido no meu armário, posso dizê-lo, sem perder nada, por estar escrevendo anonimamente. Se eu escrever alguma coisa ridícula, nada acontece. As pessoas vão me dizer que eu sou um idiota, vão parar de ler o que eu tenho que dizer, e vão seguir em frente com suas vidas. Eu sou julgado por aquilo que eu escrevo em oposição a quem eu sou. Esta é uma grande diferença entre os teóricos da conspiração e os negadores de conspiração. Teóricos da conspiração simplesmente não se importam muito com o que as pessoas pensam sobre eles.

Como você pode ver, os teóricos da conspiração são pensadores radicais, ao contrário de atores radicais. Em nossa sociedade porém, negadores de conspiração não pensam de forma radical, mas agem radicalmente. Teóricos da conspiração como eu pensam que isto é muito estúpido, mas compreensível, porque em nossa sociedade, você é julgado na maior parte pelo que você pensa, e não pelo que você faz.

Eu poderia perfeitamente ser um cara legal, que ajuda o abrigo dos sem-teto, que não come carne de animais que sofreram e ajuda velhinhas a atravessar a rua. Mas se eu sair e dizer: “Ah, a propósito, o Holocausto não aconteceu, os judeus não pertencem em Israel, as pessoas transexuais e gays são doentes mentais” etcetera, as pessoas me odiariam pelo o que eu penso, enquanto que elas não se importariam tanto com o que eu faço nesse momento. Eu posso ser um bumda-mole que só se preocupa com seu bronzeado falso e seu jogo de esportes na TV, ou uma adolescente cuja vida gira em torno de bolsas de grife, mas ninguém realmente se importa.

Eu sou um teórico da conspiração e acho que os negam conspirações são pessoas muito radical em seu agir. É muito radical para preencher o nosso planeta com torres de telefonia celular que emitem radiação de microondas e nos leva a sermos expostos a níveis de radiação de microondas bilhões de vezes superior ao nível em que o ser humano desenvolveu. Eu acho que é muito radical colocar um dispositivo de body-scanner contra o corpo de milhares de pessoas. Eu acho que é muito radical coletar a energia gerada por reações em cadeia radioativas criadas pelo homem. Eu acho que é muito radical comer alimentos em plásticos que soltam hormônios. Eu acho que é muito para esconder o corpo do sol, sob o qual toda a vida evoluiu.

Eu acho que é muito radical confiar nas pessoas em redes de televisão de propriedade de empresas que produzem armas nos dizendo a verdade sobre as guerras em que estamos envolvidos, cujas armas são usadas para matar pessoas inocentes (o autor do texto é americano). Eu acho que é muito radical confiar que uma classe de pessoas que “ganham” dezenas de vezes mais do que eu tenham o meu interesse em mente quando eles estão votando em leis que afetam a minha vida.

Eu acho que é muito radical abolir a nossa forma de vida comunal em que temos vivido nos últimos poucos milhares de anos e substituí-la com uma rede de pessoas que realmente não se preocupam com você, mas que vão tolerá-lo enquanto você se vestir como deles, parecer com eles, e não disser nada muito estranho em voz alta. Eu acho que é muito radical remover todo o açúcar de sua bebida e substituí-lo com produtos químicos sintéticos cujo sabor se parece com o do açúcar.

Eu acho que é muito radical confiar que um governo e uma lucrativa indústria farmacêutica tenham o seu melhor interesse em mente quando admitem ter realizado milhares de experiências médicas antiéticas em seres humanos sem o seu consentimento. Eu acho que é muito radical confiar em seu governo, a principal instituição de assassinatos em massa e principal fonte de genocídio, para cuidar de sua segurança e ter um monopólio de violência.

Eu acho que é muito radical injetar seus filhos com vacinas criadas por empresas que foram fundadas por pessoas conduzindo programas de armas biológicas durante a Segunda Guerra Mundial, e pagos por bilionários cujos avós pagaram para a pesquisa que Mengele realizou no Instituto Kaiser Wilhelm na Alemanha antes que ele ir para Auschwitz. A CIA roubando seu DNA? HA! Isto não é a ponta do iceberg, é o cristal de gelo microscópicos preso em seu sapato enquanto você está andando sobre o iceberg.

Eu não sou o radical, você é!

Fonte: blog.antinovaordemmundial.com

27/07/2011

"Somos todos iguais!"

"A primeira vez que estive em casa dos homens, pratiquei a tolice que cometem todos os solitários, a grande tolice de me instalar na praça pública.
Dirigindo-me a todos, não me dirigia a ninguém. (...) Mas na manhã seguinte vi brilhar uma verdade nova; aprendi a dizer: 'que me importam a praça pública e a populaça e a algazarra festiva e as orelhas compridas da populaça!'.
Homens superiores, aprendei comigo esta verdade: na praça pública ninguém acredita nos Homens superiores. E se quereis falar na praça pública, fazei-o; mas a populaça dirá piscando os olhos: 'Somos todos iguais.''Homens superiores — assim fala a populaça piscando os olhos —, não há Homens superiores, somos todos iguais. O Homem é apenas um homem — diante de Deus somos todos iguais!'"
(Friedrich Nietzsche, Assim Falou Zaratustra)


24/07/2011

Sobre uma Civilização Esgotada

"Aquele que pertence organicamente a uma civilização não pode identificar a natureza do mal que a mina. O seu diagnóstico pouco ou nada conta; o juízo que fizer sobre ela implicá-lo-á; poupá-la-á por egoísmo.
Mais desprendido, mais livre, o recém-chegado examina sem cálculo e apreende melhor as falhas. se a civilização se perder, ele aceitará, se necessário, perder-se também, atestar nela e em si próprio os efeitos do fatum. Remédios, não os possui nem os propõe. Como sabe que não se cura o destino, não se arvora em curandeiro junto de ninguém. A sua única ambição: estar à altura do Incurável..."
(Emil Cioran)


22/07/2011

O Espírito e o Poder

por Ramiro de Maeztu

Esta é uma crise espiritual, "uma crise do pensamento econômico", disse o Sr. Oliveira Salazar, chefe do Governo português, e consiste, segundo o Sr. Pequito Rebelle, "em que o espírito não logra dominar e organizar a economia". O mundo econômico deveria ser governado pelo espírito, já que não tem outro objeto que satisfazer as necessidades da vida. Porém materializamo-nos, o que quer dizer que o espírito deixou-se cair em um ideal materialista. Nós vimos, seguimos vendo na matéria um fim em si mesmo, e não mero instrumento. O resultado é que a matéria nos transborda. Não podemos, não sabemos organizá-la. Há um excesso de produção e um déficit de organização, e ainda que a super-produção parece que deveria ser excesso de riqueza, como a única riqueza que adquire o valor que lhe é própria é a orgânica, quer dizer, a que satisfaz, sem perturbações, as necessidades humanas, o resultado daquele excesso inicial de produtos é uma paralisação do trabalho, que implica a pobreza para muita gente...

...O corolário filosófico de Pequito Rebello é que o materialismo econômico faz com que o homem perca o fundamento de sua personalidade, com a que, "fiel a sua espiritualidade, mostra-se investido de sua realiza sobre si mesmo e sobre as coisas". O paradoxo e o problema econômico que há neste fato dependem de que o homem perca a capacidade de manejar as coisas precisamente por não haver preocupado-se mais que em armazenar o maior número possível de coisas. Não empenhou-se mais que em multiplicar a produção, para livrar-se a todo custo da possibilidade de escassez e, em efeito, consegue acumular montanhas de algodão, de lã, de trigo, imensos frigoríficos cheios de carne, enormes depósitos de automóveis, montanhas de carvão e de minério de ferro, astronômicas cifras de disponibilidades nos bancos, suficiente número de engenheiros e operários especialistas para triplicar as indústrias, e tudo sobra: dinheiro, técnica, mão-de-obra, produtos. E não há maneira de trocar o trigo excedente na Argentina pelo carvão excedente em Gales, porque o que há em excesso, simplesmente há em excesso...

O decisivo é que o grande fracasso vem do grande êxito. A modernidade propôs-se a acabar de uma vez com a escassez de que padeceu a humanidade em outro tempo. Há 50 anos sonhava em povoar os desertos da Argentina, do Canadá e da Austrália, levando a eles as multidões em excesso na Europa. Depois pendou que não teria tempo para cambiar de território tanta gente e inventou a maneira de cultivar os desertos por meio do trator e da segadeira, sem necessidade de povoá-los previamente. Assim obteve com facilidade relativa excesso de produtos. Porém o que não averiguou-se é a maneira de levar os alimentos excedentes às bocas dos que necessitam, sem ser por quantidades que degradam e desmoralizam os que recebem-nas. A elas apelam os países mais endinheirados, como Inglaterra e os Estados Unidos, porém os desempregados não satisfazem-se, porque não são meramente bocas, senão espírito. Necessitam de pão, porém também propriedade e interesse no trabalho, carinho e cultura, fé, esperança e caridade. E onde não há capitais acumulados para distribuir aos operários sem trabalho, parece que os povos tem que escolher entre organizar-se em ditaduras, para fazer frente à revolução, ou abandonar-se à codícia e aos ressentimentos dos agitadores...


20/07/2011

A Questão do Desarmamento

por Coronel Mario Hecksher Neto


1. ORIGEM DA QUESTÃO

Progressivamente, a violência aumentou no Brasil nos últimos 20 anos.

Alguns dos principais motivos para que isto ocorresse foram e são os seguintes:

- Um Poder Judiciário que se mostra obsoleto e parcialmente corrupto e cujas ações extremamente lentas criam a impunidade.
 
- Uma Legislação inadequada que favorece, também, a impunidade.

- Um Sistema Penitenciário fora de controle, onde os centros de correção funcionam como “escolas do crime”.

- A ação de ONGs que protegem os “direitos humanos” dos bandidos, em detrimento dos cidadãos de bem.

- Interferência do clero progressista e outros agentes no sistema penal, como a atuação de padres que pregam a luta de classes dentro dos presídios, gerando verdadeiros “partidos revolucionários do crime” como o PCC, o Comando Vermelho e outras facções.

- Polícias incompetentes, em muitos casos, mal equipadas e corruptas.

- A falta de unidade de comando nas polícias militares e civis estaduais, gerando conflitos e pouca integração no combate ao crime.

- Politização das Secretarias de Segurança dos Estados e de suas polícias subordinadas, como também da Polícia Federal, favorecendo conflitos internos e a busca da satisfação de objetivos partidários, o que contribui para a ineficiência dos órgãos de segurança pública.

- A existência de grandes guetos de pobreza e a ocorrência de elevado índice de desemprego são aspectos que afetam a população em torno dos grandes centros urbanos. Os habitantes das favelas provocam o indesejável “inchamento” das cidades e são facilmente cooptados pelos agentes do crime organizado (narcotráfico e outros).

- A brutal diminuição do número de famílias normalmente constituídas, com pai, mãe e seus filhos, situação fundamental para o crescimento sadio das crianças e para o progresso anímico da sociedade.

- O afastamento dos fiéis da Igreja Católica (no Brasil, a maioria absoluta da população se declara católica, mas só uma pequena parte pratica a religião), tendo como conseqüência maior a perda de valores fundamentais para a boa convivência humana.

- O surgimento dos crimes transnacionais conduzidos por facções do crime organizado que praticam amplamente o narcotráfico, o contrabando de todo tipo, inclusive o de armas sofisticadas, o roubo de cargas, os seqüestros, as extorsões, a adulteração de combustíveis, o roubo de veículos, etc. São exemplos do que falo a máfia nigeriana, a máfia coreana, as FARC e outros grupos.

- A incompetência da PF para impedir a prática dos crimes transnacionais acima mencionados. 

- Os maus exemplos constantes dados pelos dirigentes políticos, fazendo com que muitos pensem que podem “levar vantagem em tudo” (lei de Gerson).

- O “roubo político”, sobejamente demonstrado nas investigações realizadas pela PF para atender às CPIs em curso no Congresso nos dias atuais.

Todos esses fatores provocaram e provocam o crescimento da criminalidade, da violência e da insegurança, elevadas a níveis insuportáveis.

Foi neste quadro que o Governo sancionou a LEI 10.826, de 23 de dezembro de 2003, que ampara a aplicação do ESTATUTO DO DESARMAMENTO. 

Entretanto, tal Estatuto não foi aprovado como os seus relatores pretendiam. Na verdade, eles queriam uma lei radical que obrigasse todas as pessoas a entregar as armas que porventura já possuíssem! Mesmo assim, o porte de arma está proibido para as pessoas comuns e a posse de arma foi, mais uma vez regulamentada, acrescendo-se às exigências anteriormente existentes outras mais complexas como uma série de certidões, exame psicotécnico, exame de capacidade e taxas diversas que se elevam a R$ 1500,00.

Mas a chamada “Lei do Desarmamento” não mudou o panorama do crime, que continuou ocorrendo em nível muito elevado e sempre cresceste, pois com ela o governo só controla o cidadão que tem suas armas registradas e domicílio conhecido, enfim uma pessoa normal, um cidadão de bem. Ora, o bandido não tem arma registrada, nem domicílio e para ele a Lei pouco importa. 

Conclui-se parcialmente que a Lei será sempre ineficaz se o Estado não puder fazer com que todos a cumpram.
A Lei, do modo como foi aprovada, não obrigou o cidadão a entregar suas armas de fogo ao Estado, mas determinou a realização da caríssima e ineficaz Campanha do Desarmamento (doação voluntária com indenização de R$100,00 ou R$300,00 por arma) organizadas pelo governo com o dinheiro público (gasto estimado de R$600 milhões) e ativamente apoiada por ONGs diversas, muitas delas financiadas do exterior (já foram mostrados documentos que mostram a ONG VIVA RIO, por exemplo, patrocinada por dinheiro inglês). 

Observe-se, ainda, que algumas poderosas redes de TV e rádio apóiam o governo mostrando-se favoráveis ao desarmamento e atuam por intermédio de conhecidos chargistas e dos apresentadores mais populares. Talvez ajam assim para não perder os vultosos recursos oriundos da propaganda governamental.   

A “Lei do Desarmamento” também marcou um referendo (consulta popular) para 23 de outubro de 2005 no qual a população deverá se manifestar a respeito da PROIBIÇÃO DO COMÉRCIO DE ARMAS E MUNIÇÕES, isto é, os brasileiros maiores de 16 anos irão decidir sobre a proibição ou manutenção do seu direito de poder adquirir uma arma de fogo em comércio devidamente credenciado seja pela polícia Federal, seja pelo Exército, votando NÃO se for desfavorável à proibição (tecla 1) e SIM em caso contrário (tecla 2).

2. UMA PERGUNTA QUE PRECISA SER RESPONDIDA

Existe alguma indicação ou experiência que mostre a proibição da venda legal de armas como medida capaz de reduzir a criminalidade e a conseqüente violência por ela gerada? 

1) Recentemente, o governo australiano editou uma lei obrigando os proprietários de armas a entregá-las para destruição. Foram recolhidas mais de 600.000 armas, num programa que custou US$500 milhões ao contribuinte.
Entretanto, após um ano de aplicação da lei, os resultados foram os seguintes:

- Homicídios: aumento de 3,2%;
- Agressões: aumento de 8,6%; e
- Assaltos a mão armada: aumento de 44%.

Registrou-se um incrível aumento do número de invasões de residências e agressões a idosos, tanto nas cidades como nas áreas rurais.

Hoje, os políticos estão sem saber como explicar aos eleitores a deterioração da segurança pública, após os gastos realizados para livrar das armas a sociedade australiana. Certamente as pessoas de bem entregaram suas armas, enquanto os malfeitores as mantiveram, apesar da proibição legal e hoje as usam sem temer reação igual do agredido.

2) No Reino Unido, onde a polícia andava desarmada até poucos anos atrás, foi adotada uma política de desarmamento, isto é, a proibição da posse e conseqüente compra e venda de armas de fogo. Contudo, pesquisa realizada pelo Instituto Inter-regional de Estudos de Crime e Justiça da ONU revelou que Londres é hoje considerada a capital do crime na Europa.

Os crimes a mão armada na Inglaterra e País de Gales cresceram 35% no primeiro ano de aplicação da lei. Conforme informações do Governo houve 9.974 crimes entre abril de 2001 e abril de 2002, contra 7.363 casos registrados no ano anterior, sendo que os assassinatos com armas de fogo teriam aumentado 32%.

É lícito concluir que o desarmamento do cidadão comum estimulou o marginal, que não entregou sua arma, a praticar mais crimes e o Estado, mesmo tendo uma polícia comprovadamente moderna e eficiente, nada conseguiu fazer para impedi-lo.

3) Nos Estados Unidos da América a decisão de permitir o porte de armas é adotada independentemente por cada Estado. Aqueles que permitem a venda e o porte de armas à população ordeira têm índices de crimes violentos muito inferiores à média nacional. Em contrapartida, aqueles que apresentam maiores restrições à aquisição e ao porte apresentam índices expressivamente maiores. Washington, onde a proibição é total, é a cidade mais violenta daquele país.

4) No Brasil, a aprovação da Lei do Desarmamento e a conseqüente Campanha de Desarmamento levada a efeito, com muita propaganda e gasto do dinheiro público, em nada mudou o quadro da violência e da criminalidade. 

Tudo indica que não há relação de causa e efeito entre as armas recolhidas e os índices de criminalidade registrados, isto é, as cerca de 160 mil armas recolhidas não estavam nas mãos de criminosos, mas sim de pessoas de bem. 

A campanha apresentou resultados pífios sob todos os aspectos, pois, de acordo com documento elaborado pelo Cel Diógenes Dantas Filho em parceria com o Ministério Público Militar Federal, existem cerca de 20 milhões de armas clandestinas e 2 milhões de armas registradas, números enormes diante da quantidade de armas recolhidas.

Sobre o assunto em pauta, a conhecida Deputada Federal e Juíza aposentada Denise Frossard disse o seguinte:

“- ... a experiência de proibições comerciais mundo afora construiu e fez crescer o mercado clandestino e o contrabando. Esse é o caminho fértil para aumentar a corrupção.

A medida certa está no controle da fabricação e do porte de armas de fogo e não na proibição da comercialização.
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O caminho do controle foi retomado em fevereiro de 1997, com a edição da Lei 9.437, que estabeleceu condições para o registro e o porte de armas de fogo e, mais relevante, configurou como crime possuir, deter, portar, fabricar, adquirir, vender, alugar, expor à venda ou fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda e ocultar arma de fogo, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar.

Em 1997, o porte ilegal de armas era uma simples contravenção penal. A partir de então, com a Lei 9.437, passou a ser crime, com pena de prisão.”

Diante do que foi exposto, vê-se que impedir a venda legal de armas e munições não será a medida que irá reduzir a criminalidade e a violência, como já reconheceu o próprio Presidente da República quando disse em pronunciamento veiculado pela mídia que o desarmamento teria apenas um “efeito simbólico” (sic).

3. OUTRAS PERGUNTAS PARA OS LEITORES MEDITAREM

Há outras perguntas que não estão respondidas e que são importantes para esclarecer o assunto. Eu as deixo para a meditação dos leitores:

a. A quem interessa o desarmamento e a proibição da venda de armas e munições?

b. Qual a origem do dinheiro que mantém as ONGs que são favoráveis ao desarmamento e à proibição da venda legal de armas e munições no Brasil?

c. Por que o Governo Federal está tão engajado em prejudicar a pequena indústria de armas nacional, se isto nos coloca em evidente desvantagem diante dos países ricos, possuidores de enormes, riquíssimas e poderosas indústrias bélicas?

d. Que vantagens levam as emissoras de rádio e TV que apóiam o Governo Federal na questão em pauta?

e. Como poderemos viabilizar a Estratégia da Resistência sem capacidade para produzir o nosso próprio arsenal?

f. Como poderá sobreviver a nossa pequena indústria de armas e munições se não puder vender seus produtos no mercado interno

18/07/2011

Liderança

"Um líder autêntico dá primazia à realidade sobre a aparência; não deixa-se enganar pelo aspecto ilusório e superficial das coisas, senão que vai até o fundo, olha o que há por trás da fachada das pessoas, fatos e circunstâncias. Se tu aténs-te à realidade das coisas, se não precipitas-te nos juízos nem deixas que enganem-te as aparências enganosas, poupar-te-ás muitos dessabores na vida.

Para conseguir uma visão objetiva, correta, clara e serena das coisas, é indispensável corrigir a própria mentalidade e liberar-se de todos os vícios, erros, desvios ou deformações da visão tão frequentes na mentalidade moderna. Vícios como o subjetivismo, o pragmatismo, o racionalismo, o sentimentalismo, o individualismo, o partidismo, o especialismo ou o voluntarismo deformam a visão intelectual de muitos dirigentes."
(Antonio Medrano)

17/07/2011

Promiscuidade Institucionalizada

por Fernando Rodrigues Batista 

"O amor está tanto mais doente quanto nossa civilização se tornou mais afrodisíaca". Henri Bergson.

Acabo de ler o editorial de um jornal local – cujo nome não cito propositalmente – onde sob o título “Aids e infância”, apresenta dados oferecidos pelo Programa Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e AIDS do Ministério da Saúde o qual divulgou que em torno de nove mil crianças e adolescentes convivem com a AIDS, no Brasil.

Ressalta o próprio editorial que “adquiriram a doença ainda no ventre materno ou por relação sexual precoce”, para depois dizer que há muito a se fazer em relação a políticas públicas, dirigidas a este público. E por fim exige: “O Estado precisa ser arrojado nas políticas públicas, a família se fazer presente, a escola fazer sua parte a igreja precisa absolver a camisinha”.
 
Pois bem! O interesse repentino pelo assunto ora em questão, pelo mencionado jornal, decorre das críticas feitas ao malfadado “Caderno das coisas importantes”, que faz parte do programa “saúde nas escolas”, projeto dos Ministérios da Saúde e da Educação do Governo Federal que conta com o apoio da Unicef e da Unesco, órgãos ligados à ONU. O “Caderno...” é destinado a estudantes entre 13 e 19 anos.

Segundo o Ministério da Saúde, o objetivo central do programa “saúde nas escolas” é a promoção da saúde sexual e da saúde reprodutiva, visando reduzir a vulnerabilidade de adolescentes e jovens às DST, à infecção pelo HIV, à AIDS e à gravidez não-planejada, por meio de ações nas escolas e nas unidades básicas de saúde.

Uma breve leitura do denominado “Caderno das Coisas Importantes” levará o leitor a facilmente concluir que o mesmo se reduz a incitar em todo momento o adolescente à prática sexual, porém ressalvando que existem doenças sexualmente transmissíveis e gravidez “não planejada” dela decorrentes e a apresentar (ainda que em linguagem vulgar) um “elemento mágico”a camisinha - que vai “livrá-lo” destes “inconvenientes”, mesmo que para isso tenha que “omitir” que esta “informação” é fraudulenta.

O Ministério da Saúde e da Educação com a pretensa finalidade de combater uma enfermidade física, não repara (ou repara e este seria o pano de fundo por trás do programa?) na enfermidade espiritual e metafísica da permissividade.Negrito

O ato sexual, consoante o “Caderno das Coisas Importantes” é isso: gozo e satisfação. Este é o sexo como faculdade ginástica. Banaliza-se a sexualidade ao incitar sua prática precoce (não era essa uma das razões do alto índice de crianças e adolescentes com AIDS entre nós?), que a limita, a uma mera gestualidade física.

Este ato sexual tem apenas dois problemas, como mencionamos: a AIDS, que é mortal e a gravidez adolescente "não planejada", que é social, já que deixa como conseqüência, o aumento de famílias monoparentais, visto que o programa governamental não educa o adolescente no sentido de buscar uma relação duradoura e permanente, baseada no amor, mas sim uma relação fugaz e passageira (“ficada” como ensina o próprio “Caderno”), baseada no prazer individualista.

Assim, se o ato sexual é apresentado desvinculado da fecundidade (que é sua finalidade precípua, queiram ou não os hedonistas estatais), através de uma relação duradoura e permanente, e reduzido única e exclusivamente ao prazer momentâneo, através de relações relâmpagos, então, se dá a nivelação de todas as experiências sexuais.

O igualitarismo neste domínio faz com que todas - experiências sexuais - tenham o mesmo valor. As relações heterossexuais, homossexuais, bissexuais, auto-satisfações (masturbação), tornam-se equivalentes. Tudo está permitido em função do maior gozo.

Acerca da masturbação, o “Caderno...” ensina de forma pormenorizada como fazê-la e a qualifica como natural. 
 
Nesse ponto cabe transcrever a penetrante análise feita por C. S Lewis sobre este hábito: “Para mim o verdadeiro mal da masturbação consiste em que toma um apetite – que legitimamente usado faz sair o individuo de si mesmo para completar (e corrigir) sua própria personalidade na de outra pessoa (e em ultimo término nos filhos e netos) – dirigindo-o em sentido contrário, para a prisão interior de si mesmo, para criar um harém de noivas imaginárias. Neste harém, uma vez aceito, resiste a abandoná-lo para sair e unir-se verdadeiramente com uma mulher real. Porque tal harém se encontra sempre a mão, sempre dócil, não exige sacrifícios nem renúncias e pode ser adornado com atrações eróticas e psicológicas com as que nenhuma mulher real pode competir”.
 
Corroborando a tese de Lewis, o filósofo francês Gustave Thibon salientava que já não sabemos ser fiéis porque não sabemos sacrificar-nos. E acrescentava o autodidata camponês: "Tantos homens há que só amam pelo prazer imediato... CondenItálicoam-se, deste modo, a conhecer apenas a superfície do objeto amado, e, quando esta superfície os desilude, a trocá-lo por uma outra superfície, e assim por diante. Mas aquele que quer saborear a profundidade de uma criatura deve saber sacrificar-se por essa criatura; o seu amor deve superar as decepções, superar o hábito; mais ainda, deve alimentar-se dessas decepções e desse hábito. O amor humano tem a sua aridez e as suas noites; também ele não encontra o seu centro definitivo senão para além da prova sofrida e vencida. Mas, uma vez chegado a esse ponto, ele saboreará a riqueza, a pureza eterna da criatura pela qual se imolou. Porque, se a criatura é tremendamente limitada em superfície, é infinita em profundidade. É profunda até Deus".

O ato sexual não se esgota em si mesmo como sucede com “os outros gozos”: uma boa comida, uma peça de teatro ou um filme, a observação de um quadro ou uma escultura, ou ainda a audição de uma boa sinfonia.
A sexualidade plena exige a existência de um projeto. O sexo exige fecundidade, que por sua vez não se limita a fecundidade física, senão a um projeto em conjunto de construir um futuro (fecundidade existêncial). Aqui, o sexo abre o sentido da vida em comum (de forma duradoura e permanente). 
 
O sexo ocasional, passageiro ou prostibular, termina no sabor amargo de encontrar-se em uma solidão maior após sua consecução.

Nesse sentido, o “Caderno das Coisas Importantes” constitui-se em um atentado contra o adolescente por privá-lo de descobrir esse mistério da sexualidade em sua integralidade e em seu devido tempo, incitando a prática precoce do ato sexual em sua forma mais baixa e promiscua: o puro prazer egoístico, o qual, diga-se de passagem, não “reduz a vulnerabilidade de adolescentes e jovens às DST, à infecção pelo HIV, à aids e à gravidez não-planejada”, como “pretende” o Governo, mas sim, ao revés, a acentua de forma considerável.

Alias, cabe salientar ainda, que programa análogo e com a mesma finalidade ao do Ministério da Saúde e da Educação foi rechaçado pelo senado da Índia. Curiosamente, o programa de educação sexual que se queria impor nas escolas indianas, teria por base materiais provenientes da UNICEF, um dos órgãos internacionais, juntamente com a Unesco, que apóia o programa brasileiro.

Para o Senado hindu, caso fosse aplicado o programa proposto, ele “corromperia a juventude indiana e levaria ao colapso o sistema educacional”, e ao contrário de sua “pretensa” finalidade, "só exacerbaria as gravidezes prematuras e incitaria a promiscuidade sexual", pois tal programa se reduz a incitação à "educação para usar preservativos" que produz uma "sociedade imoral".

É o que vai acontecer em nossa pátria se não se proliferarem as ações no sentido de impedir que o “Caderno das coisas importantes” continue a ser distribuído nas escolas da rede pública de ensino. É o famoso remédio de efeito retardado.
 
Por fim, somos obrigado a concordar com o matutino local quando este afirma que um dos fatores que mais contrubuem para alto índice de crianças e adolescentes com AIDS é a prátca precoce do ato sexual. 
 
Pois bem! Como está informção é oriunda do Ministério da Saúde e este, por sua vez, junto com o Ministério da Educação, é responsável pelo programa "saúde e prevenção nas escolas", do qual faz parte o "Caderno das Coisas Importantes", que está sendo introduzido nas escolas da rede pública de ensino concomitantemente a "máquinas de preservativos" (como pretende o programa), que serão distribuídos como "balas" para crianças e adolescentes, sou levado a concluir, por questão de lógica que: o Governo Federal, antes de contribuir para a erradicação, está ao revés, "de forma consciente", contribuindo para a proliferanção do vírus da AIDS entre crianças e adolescentes.

Para os propagandistas do hedonismo irresponsável, incluindo o responsável pelo medíocre editorial referido no inicio do artigo, deixo a profunda lição do já citado Gustave Thibon:

"A sexualidade? Esses adoradores desenfreados da carne são, quase sempre, incapazes não apenas de amar profunda e duradouramente, mas até de sentir uma paixão autêntica. A sexualidade — reduzida a seus componentes elementares (e por isso mesmo já desnaturada, pois o homem pode imitar tudo do animal, menos a inocência dos instintos) — não une mais, não vincula mais; é uma troca à flor da pele, um "bem de consumo" que não exige nenhum investimento. Ora, a vida sem preocupações foi sempre negócio dos pobres, não dos ricos.

O que prova o caráter artificial dessa exaltação do sexo é que ela coincide com o desaparecimento progressivo das diferenças sexuais.

Irei mais longe: esse frenesi do sexo, para muitos de nossos contemporâneos, não chega até os atos. É mais uma obsessão do espírito que uma necessidade do corpo: exerce-se (se assim posso expressar-me) por procuração: inúmeros indivíduos buscam no relato ou no espetáculo dos amores dos outros (quer se trate de personagens reais ou fictícios) uma concepção imaginária para a esterilidade de sua própria existência. Assim se explica o sucesso desmesurado do erotismo na literatura (aí se compreendendo as numerosas produções pseudo-científicas consagradas aos problemas sexuais) e em todos os outros meios de informação: cinema, televisão, publicidade, etc. Essa excitação cerebral não conhece limites porque não tem realidade. Tudo é possível, com efeito, no plano do sonho e da ficção. Tal como as proliferações cancerosas em torno do órgão que elas próprias devoram, o erotismo representa a degenerescência hipertrófica da sexualidade normal. Parodiando a frase célebre de Pascal, um jovem filósofo americano escreveu que, no mundo moderno, "a sexualidade tem sua circunferência em toda parte e o seu centro em nenhuma".
 
 

Em Esparta manda a Coragem, não o Dinheiro

por Xenofonte

1- Vejamos ainda outros usos opostos aos do resto da Grécia que Licurgo estabeleceu em Esparta. Nos outros Estados, todos se enriquecem tanto quanto podem: um cultiva a terra, outro arma um navio, um terceiro faz comércio, os outros vivem de diferentes ofícios.


2- Em Esparta, Licurgo proibiu os homens livres de tocar em quaisquer assuntos de dinheiro; assegurar a liberdade do Estado, essa é, segundo ele, a única ocupação que devem considerar como sua.

3- E de facto, porque se procuraria a riqueza ali, onde o legislador, ordenando distribuir a mesma porção à mesa comum e viver do mesmo regime, fez as coisas de modo a que não se deseje a riqueza para levar uma vida luxuosa. Também não é pelas roupas que se deseja enriquecer; o adorno de um espartano não está no luxo das vestimentas mas na boa constituição do seu corpo.

4- Também não é para ter o que despender em favor dos seus comensais que é preciso acumular dinheiro, porque Licurgo estabeleceu que é mais glorioso servir os seus amigos com o trabalho das suas mãos do que esbanjando dinheiro. Ele fez ver que uma coisa é obra do coração, a outra, é obra da riqueza.

5- Quanto a enriquecer por vias injustas, ele impediu-o por medidas como estas: Logo à partida estabeleceu uma moeda tal que mesmo uma soma de dez faces entrando numa casa não escaparia à atenção nem dos mestres nem dos servidores: ocuparia um espaço enorme e seria preciso um carro para a transportar.

6- E depois, investiga-se à procura de ouro e dinheiro, e se se o encontra em algum lado, o detentor é multado. Por que razão correr-se-ia atrás da riqueza ali, onde a possessão de dinheiro causa mais aborrecimentos do que o prazer que pode dar o seu uso?

Mito do Progresso

"O progresso será sempre um elemento essencial da grande corrente que irá até à democracia moderna, porque a doutrina do progresso permite gozar, com toda a tranquilidade, os bens dos dias que passam, sem preocupações com as dificuldades de amanhã. Ela tinha agradado à antiga sociedade de nobres ociosos; continuará a agradar aos políticos que a democracia eleva ao poder e que, ameaçados de uma próxima queda, querem fazer aproveitar aos amigos todas as vantagens que o Estado proporciona".
(Georges Sorel)